Um olhar de segurança em Lisboa e Madri

Por Fabio Schmidt

Quero agradecer a oportunidade de dividir com todos as experiências que vivi durante uma das viagens que resolvi fazer de uns tempos para cá. Esta decisão tem muito a ver com a busca por conhecimento, que pode se dar por leitura, estudos ou vivências – como resolvi fazer. Mas sair da zona de conforto e se aventurar em outros lugares, com pessoas e culturas diferentes das nossas, não costuma ser fácil e nem atrativo para quem não esteja predisposto a enfrentar possíveis perrengues.

Outro fator importante é ter apoio da família, amigos e empresa, e por isso, antes de falar sobre o que eu vi em Lisboa e Madrid de mais relevante para um olhar em segurança, quero agradecer a minha esposa e filhos, bem como amigos como o Christian Visval e a empresa MDX/Motorola Security que me apoiaram durante o tempo que estive fora.

Vou começar falando por Lisboa, uma cidade incrível com prédios e monumentos históricos por todo lado. O povo português, como todo europeu, tem seus hábitos e resiliência com relação a sua rotina e com estrangeiros, mas posso dizer que para quem busca fazer negócios e principalmente trazer oportunidade de negócios, tem no povo português excelentes ouvintes e boas possibilidades de efetuar seus projetos.

A convite do meu grande amigo Everton Pits, participei da feira Condexpo e percebi que um dos nichos que no Brasil é bastante popular – a vertical de prédios e condomínios – em Portugal é tratada de forma diferente.

As preocupações com condomínios relacionado a segurança são muito diferentes das do Brasil. As ofertas para síndicos e condomínios são mais voltadas a serviços de manutenção estrutural de prédios, como pinturas e reformas, bem como serviços em geral. Ainda vi empresas oferecendo soluções em elevadores e automações de controle de acesso, porém nada de muito especial.

Em Portugal a segurança não é algo que preocupe o povo português ao ponto de ter muitas soluções voltadas a segurança e automação como aqui no Brasil.

Passado o final de semana da feira Condexpo eu marquei algumas reuniões para entender mais deste mercado que era muito diferente do que eu imaginava. No início da semana fui a uma reunião com o pessoal da APSEI (Associação Portuguesa de Segurança e Incêndio), fomos muito bem recebidos e lá percebemos que o mercado de segurança tem uma divisão muito diferente da nossa. Primeiramente a APSEI divide em duas verticais: Segurança Incêndio e Segurança. O que percebemos é que o nível de importância com a vertical incêndio é muito relevante. Eles possuem salas de treinamento e capacitação de alto nível no segmento incêndio e boa parte de sua estrutura é voltada para treinamentos com salas aonde parceiros de negócios podem usar para dar treinamentos e certificações aos clientes e parceiros de negócios. O que eu vi lá foi uma associação de segurança que, além de organizar eventos de segurança, não só busca capacitação para o mercado como tem um espaço dedicado com material de ponta para isso. De uma forma bem resumida a APSEI é um bom lugar para se visitar e conhecer mais do trabalho deles.

Como minha atividade atual no Brasil é a gerência regional de Vendas Sul na MDX/Motorola Security, aproveitei para marcar uma reunião em um distribuidor de lá para conhecer os hábitos locais e possíveis oportunidades de parceria de negócios entre Brasil e Portugal.

Fui recebido na distribuidora Nauta pelo Sr. Rui Sabido, gerente Comercial da Distribuidora Nauta, que falou um pouco mais do que era o trabalho desta empresa e as marcas que distribui, e lá percebi que o mercado de CFTV tem apresentado crescimento no país, mas não se compara ao nosso mercado em percentual como é hoje.

Assim como na APSEI, constatei que a vertical Incêndio e Alarmes tem um volume maior do que o CFTV na Distribuidora Nauta, e esse percentual é mais equilibrado do que no Brasil, onde o mercado de CFTV é maior do que 50% aproximadamente.

Após a conversa fomos convidados para um evento no dia seguinte que a Nauta estava fazendo com o seu fornecedor no Estádio da Luz (Estádio do Benfica). Este evento foi com certeza uma das maiores experiências que tive em Lisboa. Lá fomos recebidos pelo diretor Carlos Dias, uma pessoa sensacional, que percebi que tem um grande prestigio entre seus clientes e parceiros de negócio. Além de ter um domínio de seu mercado de atuação ele tem um posicionamento focado em construção de parcerias de negócios duradouras.

O evento foi muito interessante, pois o fornecedor parceiro teve a oportunidade de mostrar dentro de um estádio algumas das possibilidades de câmeras, controle de acesso e alarme. Com expositores ali no camarote presidencial do Benfica, o diretor recepcionou seus clientes e convidados com um coquetel digno de quem quer mostrar o quanto se importa com seus parceiros de negócio. Ao final do evento fomos todos convidados a conhecer o gramado do estádio e tirar fotos com a Águia que é símbolo do time do Benfica.

Acredito que fazer um evento em um local em que se pode demonstrar em campo o desempenho de produtos bem como proporcionar uma nova experiência para seus clientes, seja algo que devêssemos aprender com os nossos amigos portugueses.

Em Madri minha meta era comparar o nível de segurança de câmeras de vigilância das ruas de Portugal e o CFTV do estádio da Luz com o estádio Santiago Bernabéu (estádio do time Real Madrid). Por sorte, estava ocorrendo um jogo no dia em que estava lá (Real Madrid x Levant).

Para câmeras de vigilância de rua, percebi que em Madrid o número de equipamentos é muito maior e que a preocupação com a segurança também é levada mais em conta do que em Lisboa. Também identifique que o CFTV de Madrid é mais abrangente em cobertura do que em Lisboa.

Já para os estádios, embora os dois tenham uma boa cobertura de CFTV, o Santiago Bernabéu sai na frente pela sua arquitetura estrategicamente pensada, não só em dar conforto ao entrar e sair do estádio – pelo fato de não ter grandes filas como nos estádios brasileiros – por ter várias entradas de acesso, todas com duas a três modalidades de revista e barreiras (controle de acesso e humanas).

Com certeza o nível de agilidade em constatar um evento ou até mesmo para evitar que ocorra no Santiago Bernabéu acaba sendo um modelo mais adequado, já que se tem maiores setorizações e todas muito bem organizadas e vigiadas por sistemas CFTV, controle de acesso e humanas.

Para concluir com o que eu vi em Lisboa e em Madri foram duas capitais preocupadas em se atualizar e estar à frente dos possíveis problemas de segurança, ainda que em proporções menores do que aqui no nosso país, por diversas questões, entre elas a principal: a cultura. Tanto Lisboa como Madri estão buscando tecnologia e acompanhando as tendências do mercado.

Fabio Schmidt é formado em Logística com especialização em processos. Há dez anos buscou a área comercial e de lá para cá vem se especializando na área de segurança eletrônica. Já atuou como instalador até em um dos maiores fabricantes de segurança eletrônica do mundo. Atualmente é gerente regional da MDX/ Motorola Security.

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