Tudo que vimos na ISC West de 2023

Por Adalberto Bem Haja, Christian Visval e Kleber Reis

Por mais um ano, estivemos presentes na ISC West, em Las Vegas, nos Estados Unidos, representando o Brasil e nosso mercado de segurança, ao lado de grandes profissionais, amigos e sócios, e compartilhamos abaixo um pouco do que foi captado por nossos radares nesta edição 2023.

Apenas para contextualizar, esta edição 2023 recebeu mais de 27 mil profissionais da indústria da segurança, o que representou um aumento de 56,2% com relação à edição anterior de 2022; 89,6% de aumento no público das sessões educacionais do SIA Education@ISC no mesmo período, além de 660 expositores apresentando as mais recentes tecnologias e lançamentos, em uma indústria que cresce consistentemente há anos.

Kleber Reis

Sob a minha visão de tecnologia, compartilho com os amigos leitores alguns destaques:

1. Os serviços em nuvem ganharam força, espaço e escala em grandes projetos, que até então ficavam restritos a topologias locais (on-premise), flexibilizando e combinando topologias, que inclusive podem ser híbridas, como o exemplo da aplicação para grandes varejistas que podem utilizar parte da solução local em seus centros de distribuição e em nuvem nos seus pontos de vendas. Destaque para o XProtect on AWS da Milestone, que reduz o hardware no local e aproveita a infraestrutura e a plataforma como serviço da AWS para remover o atrito envolvido na configuração, manutenção e expansão de sistemas VMS no local. O resultado é uma solução VMS altamente flexível implantada globalmente, com computação elástica, armazenamento e rede, que se ajusta facilmente às necessidades distribuídas dos negócios, reduzindo o investimento inicial em hardware e sua manutenção. Qognify VMS , Genetec Stratocast e outros grandes players deste mercado com destaque para suas soluções em nuvem.

Estes serviços não ficam restritos ao CFTV. A TredNet anunciou na ISC West o Trendnet Hive, aplicativo móvel gratuito para gerenciamento, monitoramento e configuração remotos de várias redes em nuvem, otimizando tempo e custos dos integradores.

A plataforma Elements da LenelS2 está implementando a integração nuvem-a-nuvem com os bloqueios BEST Switch Tech, permitindo gerenciamento e monitoramento remoto de bloqueio, nova gravação de vídeo de ponta e funcionalidade de bloqueio de emergência em todo o site.

2. A integração entre sistemas deixa de ser uma tendência para se tornar realidade, e isso ficou muito evidente nesta edição da ISC West. Destaques para Pro-Watch Intelligent Command da Honeywell, interface baseada na Web que oferece às organizações uma consciência situacional mais ampla de seu sistema de segurança com a integração de soluções de vídeo, controle de acesso e intrusão; a Synergis da Genetec que apresenta uma maneira de modernizar o sistema de controle de acesso de uma instalação com uma arquitetura aberta que minimiza a quantidade de hardware que precisa ser substituído quando os usuários precisam atualizar seu sistema legado; e a Magos Systems com sua plataforma MASS de gestão dos radares israelenses aumentando em mais de 40% as integrações com VMSs e drones em nível mundial.

Plataformas como Milestone, Genetec, AxxonNext, ISS, Indigovision by Motorola Solutions e demais presentes na ISC West reforçam esta percepção, além de Digifort e Seventh já integrados nativamente.

3. A inteligência artificial aplicada à segurança ganha força em diversas frentes do nosso mercado, com destaques para a plataforma de inteligência Navigator da LifeRaft que ajuda os usuários a identificar e validar ameaças em uma ampla gama de canais de código aberto convencionais e de plataformas online. Com ela as equipes de segurança corporativa podem automatizar a coleta e a filtragem de fontes de mídias sociais, deep web e darknet com critérios de pesquisa personalizados, cercas geográficas e feeds de inteligência selecionáveis.

A Artificial Intelligence Technology Solutions, juntamente com sua subsidiária Robotic Assistance Devices (RAD) e a ECAMSECURE apresentou o Virtual Gate Guard, uma unidade compacta e desmontável que fornece um campo de visão de 180° de ponta a ponta com controle de acesso avançado sobre portões e outros pontos de entrada controlados, aplicável em centros de logística e distribuição, pátios de armazenamento, estacionamentos e prédios corporativos.

A Magos Systems, com a nova plataforma MASS-AI, reduz significativamente o tratamento de falsos positivos em instalações de múltiplos sites que utilizam os radares israelenses Magos através da aplicação da classificação automática de alvos a partir de imagens em movimento, aplicando o deep learning nas imagens das speed domes já comandadas automaticamente pelos radares e gerando eventos somente a partir de alvos classificados, como seres humanos, animais, embarcações ou veículos, descartando alvos não desejados.

O software de inteligência de negócios da Hanwha Vision usa câmeras Hanwha e análises de IA para visualizar e monitorar tendências e eventos de mercado em tempo real.

A BriefCam estreou sua inovação Custom ClassifID definindo e treinando redes neurais de IA no local para atender melhor às necessidades de seus ambientes exclusivos. Com classificações específicas do ambiente, como tipos de veículos exclusivos ou funcionários uniformizados, os usuários podem adaptar de forma independente a tecnologia de análise de vídeo para atender necessidades específicas e em evolução em escala, sem enviar dados para fora do local ou terceirizar o treinamento da rede do classificador.

4. A cibersegurança está em evidência e passa a ser premissa na escolha das soluções e fabricantes. Notamos a ausência de estandes de importantes fabricantes chineses na ISC West 2023, assim como a preocupação de todos os demais com relação à proteção e protocolos seguros nos dispositivos e nas soluções integradas, com destaque para Axis Communications nos sistemas de CFTV e controle de acesso integrados ao Genetec, soluções integradas de áudio e demais, assim como Hanwha, Bosh, Avigilon, Pelco, Vivotek, ISS, Genetec e demais fabricantes e desenvolvedores de plataformas.

5. Os drones e antidrones mantêm o ritmo acelerado de evolução e aplicação prática em projetos integrados, através de controle por plataformas automatizadas e autônomas. Lamentamos que no Brasil a legislação ainda seja restritiva a ponto de desestimular que as soluções que vimos na ISC West não ganhem escala por aqui, sendo aplicadas pontualmente, mas no mundo já deixaram de ser apenas promessas e passam a fazer parte das soluções de segurança integradas.

6. Sensores e barreiras continuam evoluindo, com stands demonstrando a integração entre barreiras, como a DKR Doorking com rampas móveis associadas a cancelas, garras de tigre com cancelas de alta segurança e destaque especial para as fabricantes brasileiras Digicon com demonstração do seu incrível DFlow, assim como a Wolpac em parceria com a Rossi e Faac Group, com barreiras, novos automatizadores e incríveis bollards. A IDEMIA com seus novos dispositivos de reconhecimento facial integrados na liberação de acessos. A ZK Teco com lançamentos interessantes em controles de acesso.

Me chamou a atenção as barreiras móveis Opengate da CEIA-USA , sistema de detecção de armas projetado para rastrear pessoas com suas mochilas, bolsas, sacolas e outros pertences pessoais. Este sistema ajuda o pessoal de segurança a detectar uma grande variedade e número de ameaças de metal. O sistema pesa menos de 12kg e pode ser configurado em menos de um minuto, podendo ser aplicado em ambientes internos ou externos.

7. Os radares perimetrais de uso militar e civil foram apresentados em diversos estandes e se consolida como uma solução eficaz de alta performance para proteção de grandes áreas, com destaque para a israelense Magos, representada no Brasil com exclusividade pela Ôguen Tecnologias. A Axis lançou mais uma solução integrada de câmera + radar de baixo alcance Q1656-DLE, evidenciando a importância de sensores específicos além do vídeo monitoramento com analíticos.

8. Robótica, humanóides e até o ChatGPT chamavam a atenção do público nesta edição, com maiores capacidades de AI integradas e movimentos realistas, permitindo sua aplicação na segurança ainda que em condições extremas. Destaques para o cão robo Yellow da Segurpro; o EvoGuard da ADT, que usa inteligência artificial e realidade aumentada com robôs humanóides autônomos da Halodi Robotics e o lançamento do Guardian AI Chatbot da AlertEnterprise desenvolvido com OpenAI ChatGPT.

Muito além da tecnologia está o networking e as relações construídas com os amigos e colegas na missão, e finalizamos com aquele gostinho de quero mais. Que venha 2024!

Christian Visval

Uma das ações que mais me chama a atenção quando pensamos na principal feira de segurança do mundo é que tudo é voltado para negócios. O foco não é a estrutura de montagem do estande, mas sim o que vai ser apresentado como solução funcionando na prática e a organização do próprio time comercial já atendendo, tirando dúvidas e entrando no detalhe do projeto para ajudar a resolver a dor do cliente.

Muito comum além do expositor ter o seu local na feira, é ele ter reservado uma sala de reuniões ou espaço de palestras onde ocorrem os eventos da empresa para os clientes e os negócios serem concretizados.

Este ano, em parceria com a ISC Brasil e a Fenavist, fomos com um grupo de brasileiros visitar os bastidores de um dos principais Cassinos de Las Vegas: o Caesars Pallace. Como são muitas informações confidenciais e sigilosas não podíamos filmar nem fotografar nada do que foi visto durante a visita, mas tivemos uma verdadeira aula sobre como funciona o ecossistema de segurança de um cassino hotel, quais são as dores, desafios e que soluções são utilizadas.

Você consegue imaginar qual é hoje a principal preocupação do time de segurança e no que eles precisam estar atentos? A maior preocupação da equipe é em relação a suicídio. Pessoas que vão para jogar e depois tiram a própria vida no hotel do cassino. Por isso, os operadores de segurança estão atentos a reação dos visitantes. Com a ajuda de analíticos, é observado a reação das pessoas, se estão sozinhas ou acompanhada de amigos, e caso seja identificado elementos preocupantes, um alerta é disparado na central. Esse foi um dos pontos mais intrigantes que foi compartilhado conosco durante a visita técnica.

Adalberto Bem Haja

A ISC West pode fornecer uma injeção de ânimo para ajudar impulsionar o sucesso do segmento em tempos econômicos incertos que estamos vivendo. Palavras como inteligência artificial (IA) e nuvem ainda foram predominantes na feira, mas o hype do passado parecia mais moderado. Ao invés de avanços, a IA e a nuvem foram discutidas mais como maneiras pelas quais os sistemas podem realizar um potencial ainda maior, o que achei bom, pois vi os expositores mais objetivos em usar essas tecnologias para resolverem dores reais dos clientes do que simplesmente atuar em vendas de projetos por modismo.

Em vez de exageros, as discussões pareciam muito mais práticas e realistas, abrangendo as mudanças nas necessidades dos clientes e como lidar com os pontos problemáticos. Houve mais discussão sobre a mudança da segurança de um centro de custo para um centro de lucro, onde as tecnologias do setor podem contribuir para os resultados financeiros de uma empresa.

Dentre muitas coisas bacanas, também destaco a preocupação com cibersegurança e como as empresas de tecnologias de segurança estão olhando para essa vertical. Cada vez mais vemos os ciberataques visarem ativos físicos, com isso, a integração de TI com tecnologias operacionais se torna obrigatória. Com essa integração, vi um movimento claro de que as empresas de tecnologias de segurança precisam e possuem caminho aberto para buscarem criar soluções para ofertar com seus produtos junto aos clientes finais. A indústria parece mais dedicada do que nunca a proteger os sistemas de segurança física em uma era de ataques desenfreados de segurança cibernética.

Outro ponto que me chamou atenção, foi uma mudança de abordagem das empresas quanto aos sistemas on-premise e sistemas em nuvem. Historicamente, a suposição era de que os sistemas locais (on-premise) eram mais apropriados para clientes corporativos, enquanto a nuvem é a melhor abordagem para pequenas e médias empresas (SMBs). Dependendo das necessidades do cliente final, um sistema pode ser um ou ambos ao mesmo tempo. Resumo, para esse assunto o que mais vi e ouvi por lá é a palavra integração. Não existe melhor ou pior arquitetura, existe considerar os resultados que os clientes buscam e como as tecnologias podem ser mescladas para fornecer esses resultados.

Para concluir, destaco que observei mudanças na forma das empresas se posicionarem quanto a segurança física e eletrônica, assim como sempre pedíamos desde o primeiro episódio do Coffee Talks (antes Café com Segurança), que tínhamos a missão de fazer nosso segmento ser mais visível e isso vi bastante lá fora. Profissionais de segurança reportarem aos CTOs (diretores de tecnologia), refletindo assim o papel da segurança física cada vez mais na coleta e análise de dados. Maior visibilidade dentro da empresa pode ajudar a segurança a expandir sua influência e impacto, o que faz cada vez mais que segurança deixe de ser um centro de custo para gerar receita e/ou impulsionar os negócios, pois os dados são a chave.

Tudo isso mostra que aqui nos Brasil estamos muito em linha e em algumas coisas até na frente do que vemos lá fora, uma delas é nesse trabalho de exposição do segmento, assim como conseguimos aqui fazer com o comitê de investimentos em startups e termos um hub de conexão para os profissionais do nosso segmento, o CT Hub.

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