Tecnologia no enfrentamento de agressores ativos

Por Daniel Ardito

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Os recentes episódios envolvendo agressores ativos em escolas no Brasil acendeu uma luz de alerta para um problema pouco discutido nos planejamentos de segurança nacionais. Fóruns, eventos de classe e feiras foram e ainda estão sendo organizados para tratar do tema e buscar soluções para manter o ambiente escolar um lugar seguro.

E quanto a ambientes como escritórios, fábricas e lojas? Estes estão preparados para lidar com agressores ativos?

De forma geral, a resposta é não, muitas vezes tais ambientes não estão sequer preparados para evitar um furto.

Infelizmente, ações de agressores ativos podem acontecer em qualquer tipo de ambiente, de escolas a quartéis, passando por escritórios e até mesmo salas de cinema (como ocorrido em 1999 em São Paulo). Por essas e outras, limitar essa discussão ao ambiente escolar é um erro que pode custar vidas.

Vale ressaltar também que o ataque de um agressor ativo é um dos perigos que compõem o rol de possíveis ameaças relacionadas à violência no ambiente de trabalho (workplace violence), assunto ainda pouco discutido em terras tupiniquins.

Lidar com esse tipo de risco envolve basicamente duas linhas de ação: a primeira voltada para a prevenção do ato, buscando reduzir a probabilidade de que o ataque ocorra; e a segunda voltada à contingência (reação), tentando reduzir o impacto do ataque caso ele aconteça.

As duas linhas de ação devem ser tratadas de forma equilibrada. Negligenciar a contingência é um erro que pode potencializar o impacto do ataque, assim como focar simplesmente em reagir pode nos deixar mais suscetíveis a ataques.

Outro passo fundamental é entender que todo planejamento de segurança deve ter como ponto de partida o entendimento dos 4D da segurança: dissuasão, detecção, demora e defesa.

A seguir discorro brevemente sobre algumas soluções tecnológicas que podem ajudar no tratamento do risco de um agressor ativo. Lembrando que as soluções tecnológicas são apenas um dos subsistemas que devem compor um programa de segurança.

Controle de acesso

Em muitos casos, o agressor ativo tem acesso ao ambiente que será atacado, fato que anula em partes o efeito preventivo do controle de acesso. Digo em partes, pois não necessariamente quem tem acesso a determinados ambientes de uma instalação tem acesso a todos eles. Como exemplo basta imaginar uma instalação onde todos os funcionários têm acesso a um ambiente comum, mas nos ambientes específicos de trabalho de cada departamento o acesso só é concedido para quem trabalha ali, assim funcionários de um departamento não podem acessar o espaço de outro departamento. Por isso, o controle de acesso é uma ferramenta útil para a prevenção de um ataque e para a redução de impacto caso ele aconteça.

Além disso, há circunstâncias de ataques executados por pessoas estranhas ao ambiente, ou seja, que poderiam ter seu intento frustrado por um controle de acesso efetivo.

Monitoramento de CFTV

Um sistema de CFTV bem instalado, funcional e embarcado de sistemas de analíticos pode ser fundamental para um alerta antecipado de um ataque. Se o sistema estiver parametrizado para identificar pessoas armadas, o agressor pode ser identificado antes de o primeiro tiro ser disparado.

O sistema de CFTV também ajuda na contingência, localizando o agressor dentro da instalação e as características do armamento utilizado, para suprir de informações a força de reação policial.

Sistema de detecção de disparos

Sistemas modernos de detecção de disparos de arma de fogo podem identificar tiros instantaneamente e notificar uma central de operação para que os protocolos de contingência sejam desencadeados.

Essa tecnologia pode fazer essa identificação de forma acústica ou visual. A primeira detecta o som e a última o flash luminoso do disparo (armas com supressores podem não emitir som). Alguns sistemas têm dupla autenticação, o que os tornam mais eficazes.

Sistema de comunicação com público (PA)

Conseguir notificar imediatamente funcionários e visitantes por meio de um sistema de alto-falantes pode permitir que mais pessoas evacuem o ambiente ou se abriguem rapidamente.

Sistemas de notificação

São sistemas muitas vezes instalados como aplicativos em celulares para serem usados na notificação e comunicação de emergências e crises. É importante que permitam comunicação bilateral, de forma que um funcionário que identificar o preparativo de um ataque possa prontamente inserir o alerta no sistema, além de munir de informações o sistema caso ele esteja escondido dentro da instalação enquanto um ataque acontece. Notem que os sistemas se complementam. Se um agressor acessou uma área e fugiu da cobertura do CFTV para se preparar para o ataque (sacando sua arma, por exemplo), um funcionário que identifique essa ação pode comunicar a emergência no sistema de notificação antes de o ataque ter início.

Considerações finais

Os sistemas supracitados não são os únicos úteis para enfrentar agressores ativos, mas uma amostra de tecnologias que podem ser empregadas para enfrentar esse tipo de ameaça, assim como não se trata de um roteiro pronto para solucionar o problema dos agressores ativos.

Toda e qualquer solução de segurança deve ser precedida do entendimento do negócio, seja uma escola ou um banco. Mesmo empresas do mesmo segmento diferem entre si e exigem um entendimento aprofundado das suas particularidades. Tal entendimento deve ser seguido de uma análise de risco, para que então seja possível buscar as melhores soluções para compor o sistema de segurança e enfrentar o risco de um ataque de agressor ativo.

Daniel Ardito
PCI, CBCP, Head of Security de companhia multinacional, com vasta experiência em segurança, pesquisador do tema ameaças ativas, certificado pela ASIS, pelo DRII e pela ICA. Mestre em Segurança e Defesa Civil pela UFF, especialista em Gestão de Riscos de Fraude pela FIA, especialista em Gestão Estratégica de Segurança pela Universidade Anhembi Morumbi e Administrador de Empresas pela Universidade Anhembi Morumbi.

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