Reconhecimento facial da China já estava preparado para o Covid-19

Sistemas de reconhecimento facial são peças fundamentais da segurança na China. O país vive em constante vigilância das autoridades por meio de câmeras, inteligência artificial e reconhecimento facial. Entretanto, o surto de Covid-19 mudou o hábito dos chineses — que agora usam máscaras constantemente —, impactando os sistemas de reconhecimento facial; mas empresas locais já tinham uma resposta para a ocasião.

Hanwang, uma das companhias responsáveis pela fabricação e pelo desenvolvimento de várias câmeras que compõem o sistema, estava preparada para a mudança de comportamento e de vestimentas desde janeiro. Alertado por médicos e cientistas residentes de Hubei, uma província chinesa, o CTO Huang Lei começou a preparar uma adaptação para o sistema.

“Nós não íamos esperar algo explodir para agirmos. Se três ou cinco clientes pedem a mesma coisa, vemos que isso é importante”, comentou Lei. O sistema identifica 99,5% dos cidadãos sem máscara, mas o uso dela impacta significativamente a eficiência do reconhecimento facial, reduzindo pela metade o índice de sucesso.

Hospitais foram apenas o começo

Assim que a população tomou conhecimento do Covid-19, a demanda por correções no sistema de reconhecimento facial começou a aumentar em outras áreas: delegacias, estações de metrô e torres de segurança. Nesse tempo, o sistema atualizado já estava pronto para a comercialização. Segundo a Hanwang, a precisão de reconhecimento acerta em 95% dos testes em laboratórios — e a eficiência deve ser ainda maior em aplicações reais, já que pode tirar múltiplas fotos do mesmo indivíduo se a primeira tentativa de identificação falhar.

“O problema de reconhecimento facial com máscara não é novidade, é parte da família de reconhecimento facial com obstrução”, disse Lei. O CTO explicou que o problema começou fora da China: em países como Turquia e Paquistão, barbas são algo comum e que comprometem a eficiência das câmeras.

Separar para conquistar

Diferentemente do esperado, adaptar o software de reconhecimento facial para o uso de máscaras envolve apagar dados desnecessários — e isso também não é novidade. Em análises da Universidade de Bradford, estudantes e pesquisadores já apontavam que a correção deveria vir da exclusão de informações desnecessárias do rosto, exatamente aquelas que são cobertas pela máscara.

Isso acontece porque o sistema de reconhecimento facial analisa e estuda fotos do mesmo cidadão e as transforma em vetores, números ou pacotes. A identificação, então, parte da comparação dos elementos do rosto com imagens já registradas, como a distância entre os olhos, o tamanho do nariz ou da testa, marcas e muito mais. Quando há uma obstrução, como máscara, óculos escuros, barba ou roupas, o sistema tem menos informações para comparação e pode confundir a identidade da pessoa com a de um indivíduo semelhante.

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