Monuv e o monitoramento inteligente na segurança pública

Setor privado e órgãos governamentais se integram para enfrentar a criminalidade

Por Fernanda Ferreira

À medida que os desafios da segurança pública no Brasil se tornam cada vez mais complexos, empresas como a Monuv têm se destacado aooferecer soluções que trazem inovação e eficiência para o mercado. Em uma entrevista exclusiva, Bruno Gouvea, COO da Monuv, compartilha insights sobre como a empresa tem ampliado sua participação na área de segurança pública por meio de sua plataforma de monitoramento por inteligência artificial. Desde a integração com programas governamentais até o investimento em tecnologias avançadas, a Monuv tem se posicionado no combate à criminalidade, promovendo uma abordagem colaborativa entre o setor privado e os governos municipais e estaduais.

Confira a entrevista completa abaixo, onde Bruno Gouvea discute os desafios, as funcionalidades da plataforma e o futuro da segurança pública sob a perspectiva da Monuv.

Revista Segurança Eletrônica: A Monuv tem ampliado a sua participação na área de segurança pública com a sua plataforma de monitoramento por IA. O que chamou a atenção de vocês para esse setor?

Bruno Gouvea: Nós vimos que o problema da segurança pública é muito grande. Alguns números do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelam que os gastos com segurança pública representam quase 6% do PIB do Brasil, ou seja, mais de 600 bilhões de reais – levando em conta que o PIB atual é de mais de 11 trilhões.É notório também que o gasto com a segurança pública tem aumentado de um ano para o outro. Mesmo com certa redução de crimes mais pesados, como homicídios, de 2022 para 2023, os índices gerais de criminalidade só aumentam. O que enxergamos é que por mais que o governo esteja aumentando seus investimentos, não há uma solução real para o problema. Pelo contrário, parece estar aumentando na mesma proporção que tais investimentos são feitos. Diante desse cenário, acreditamos que temos que fazer algo diferente.

Nesse ponto, temos que destacar que a solução do problema passa inevitavelmente pelo governo, ou seja, pela força pública, ou, em última instância, pelo policial e o sistema judiciário. Neste sentido, começamos a ver no Brasil algo que já acontece em países estrangeiros, principalmente os Estados Unidos, que é se organizar para que o poder público possa receber imagens, alertas e informações do setor privado, em um movimento de colaboração mútua para o aprimoramento da segurança pública.

E por que esse movimento ganha cada vez mais força? Porque os policiais conseguem prender o criminoso, mas não conseguem mantê-lo preso! Isso ocorre por falta de provas, evidências e materiais que sustentem um caso ao longo do tempo. É aqui que a Monuv entra. Nós conseguimos nos integrar com todas as iniciativas que o governo está implementando no sentido de receber imagens, leituras de placas, alertas de inteligência artificial e alarmes, para que possa ter subsídios de provas ou até mesmo receber alertas antecipados para fazer uma autuação e executar uma prisão em flagrante. Acreditamos que a Monuv e a nossa rede de parceiros tem todas as condições de ajudar o governo nessa empreitada da segurança pública.

Revista Segurança Eletrônica: Quais funcionalidades da plataforma da Monuv têm se mostrado eficazes no combate à criminalidade?

Bruno Gouvea: A Monuv, como plataforma, é um software de gestão de imagens, um VMS 100% em nuvem, onde também aplicamos um catálogo de inteligências artificiais. Gravamos, mantemos um backup super seguro, longe da ação de qualquer criminoso, e ainda aplicamos os analíticos de IA para detectar pessoas, identificar veículos ou animais, fazer leiturade placas de veículos e até mesmo detectar comportamentos suspeitos e anomalias. Para exemplificar, vamos imaginar um carro quebrado no meio da rua ou um caminhão que sobe na calçada. Esse tipo de ocorrência é uma anomalia para a nossa tecnologia, e com a IA conseguimos detectar e avisar as autoridades para que haja uma ação rápida.

Com essa gravação na nuvem e com a pesquisa a partir dos eventos que geramos, também conseguimos resgatar provas materiais para que a polícia ou o Ministério Público, tenham subsídios para manter uma eventual prisão em flagrante. Essa é basicamente a forma como conseguimos ajudar.

No contexto de segurança pública, atuamos por meio da segurança colaborativa. Outro exemplo prático é algo que vemos com bastante frequência em São Paulo, quando moradores de um bairro ou condomínio, pagam uma empresa de segurança privada para monitorar a rua, e caso aconteça qualquer problema, abrem uma ocorrência e as imagens são enviadas para a polícia tomar as devidas providências.

Revista Segurança Eletrônica: Quais são os projetos públicos que a Monuv faz parte de alguma forma?

Bruno Gouvea: A evolução para nós é esse elo entre a comunidade que está comprando o serviço de segurança colaborativa, a empresa que está prestando o serviço e a conexão com o poder público. Fazemos isso por meio dos programas em que o governo se coloca disposto a receber imagens, como por exemplo o Cortex, sistema nacional que analisa os dados para fazer investigações, e é um programa que se abre para receber leituras de placas de veículos. Temos também o Hélios, que funciona em Minas Gerais, onde a polícia militar se coloca à disposição para receber leituras de placas. Em São Paulo há o sistema Muralha Paulista, que é do governo estadual, e faz a leitura de placas e a leitura de imagens. Outro exemplo na cidade de São Paulo é o City Câmeras, que recebeu uma nova roupagem, e agora se chama Smart Sampa, e já estamos conectados desde o início do projeto. O interessante é destacarmos que têm crescido o número de iniciativas, sejam dos governos estaduais, municipais ou federal, onde o governo está atento e disposto a embarcar em soluções tecnológicas. Com isso, em nossa opinião, todo mundo ganha. O governo ganha porque ele não precisa investir em toda a infraestrutura de captação de imagem e leitura de placas. A iniciativa privada ganha porque ela investe pouco e consegue enviar imagens para o governo, como se estivessem colocando uma lupa na região. E, claro, a sociedade ganha por alcançar melhores índices de segurança.

Revista Segurança Eletrônica: Quais são os principais desafios dessa parceria entre empresas privadas e órgãos governamentais na implementação de soluções de segurança pública?

Bruno Gouvea: O principal desafio que temos enfrentado é conseguir todos os caminhos para a integração desses programas, que geralmente têm uma certa burocracia, que por vezes travam um pouco a nossa integração. Mas, de forma geral tem sido tranquilo, sem nenhum grande problema quanto a isso. O que acredito ser necessário para expandirmos para mais partes do Brasil, é que todos os estados e seus municípios comecem a se preparar para receber essas informações e tratá-las de forma inteligente para resolver problemas de criminalidade, fazer investigações e autuações. O maior problema hoje é que esses projetos, onde o governo recebe informação da iniciativa privada, ainda não estão completamente disseminados no Brasil.

Para se ter uma ideia, hoje tem no Sul e Sudeste: a Muralha Paulista em São Paulo, o Hélios em Minas, o 190 integrado no Rio, o Bravo em Santa Catarina e o LPR do Paraná. Ou seja, essas regiões estão bem cobertas, agora falta o restante do Brasil também entrar nessa tendência, para que possamos ter uma segurança pública nacional mais efetiva. Nos Estados Unidos essa cultura já está muito forte, ou seja, já faz parte dos protocolos que os órgãos públicos recebam imagens da iniciativa privada. Por isso estamos otimistas e acreditamos que aos poucos os estados brasileiros serão capazes de implementar políticas de poder receber as imagens, as leituras de placas e os alertas. Temos total interesse em ajudar todos que estiverem abertos à conexão, pois queremos contribuir com a segurança pública de cada região. É o grande desejo da Monuv nessa empreitada.

Revista Segurança Eletrônica: Como a Monuv lida com questões éticas e de privacidade relacionadas ao uso de tecnologias de vigilância, especialmente considerando o uso de inteligência artificial?

Bruno Gouvea: Nós somos uma empresa extremamente confiável e segura, tratando de forma ética, responsável e transparente todos os dados que coletamos. Isso porque só temos um fim com os nossos dados, que é aumentar a segurança pública. Vale destacar que quando você aponta uma câmera para a rua, tem uma exceção na LGPD, que é a Lei Geral de Proteção de Dados, que diz que se esses dados forem usados para o fim da segurança pública, é lícito, é válido. Nós apoiamos nessa definição ultra clara da lei, e no final estamos contribuindo para o bem-estar de todos. Não coletamos de forma alguma a identificação das pessoas, apenas detectamos que há um indivíduo ou um comportamento suspeito. Não sabemos quem ela é, apenas reportamos às autoridades. São eles que investigam e realizam qualquer ação.

A ideia não é incriminar ninguém, mas sim gerar subsídios e provas para que as autoridades possam fazer uma boa investigação e tomem um bom julgamento do que ocorreu em cada cena. A Monuv não faz distinção de cor, credo, raça, ou de qualquer outro tipo. Apenas filmamos a cena e reportamos para as autoridades as leituras que foram feitas, por meio de alertas, imagens ou placas, ou seja, estamos protegendo você e todos ao seu redor, e os bandidos tendem a ficar incomodados. Esse é o propósito, deixá-los intimidados e inibir contravenções e crimes.

Revista Segurança Eletrônica: Falando de futuro, temos visto a Monuv fazer um grande movimento de mercado, investindo na contratação de especialistas reconhecidos no mercado. O que podemos esperar da empresa tanto na área da segurança pública como em outros nichos?

Bruno Gouvea: A empresa está expandindo bastante, crescemos mais de 30% no ano passado e estamos prevendo dobrar o nosso tamanho em dois anos. Além disso, recebemos um investimento de R$ 8,5 milhões dos fundos InvestTech e Indicator, onde o principal ponto da rodada é encontrar os mercados onde temos maior tração e estamos fazendo isso investimento também no know-how de pessoas.

Contratamos um time bem forte, tanto no segmento de startups quanto no de segurança eletrônica, para que consigamos encontrar verticais nas quais possamos ter um rápido crescimento. Além disso, prezamos por um atendimento de excelência, impactando de forma positiva a retenção de clientes e, na sequência, pretendemos partir para um novo round de investimentos para investir em um crescimento exponencial. Não é só crescer duas vezes a cada dois anos, é crescer de forma sólida e consistente.

Também entendemos que segurança colaborativa é algo muito forte para nós, e estamos investindo pesado nesse sentido. As empresas com central de monitoramento têm muitas vantagens com a Monuv, pois conseguem dispor de uma central de monitoramento de alarme e vídeo, reduzindo custos, visto que a nossa inteligência artificial é muito mais precisa do que um sensor convencional de alarme, além de aumentar a segurança, a confiança do cliente e conseguir gerar novos negócios.

Também é possível entrar em armazenamento em nuvem, em detecção de suspeitos na frente das propriedades, e não só proteger do muro para dentro, monitorando o espaço público como um todo.

Temos algumas outras iniciativas que estamos realizando, como gestão de obras, pois agora é lei no Brasil que toda obra deve ser monitorada, inclusive com vídeo e imagem, e nenhum engenheiro vai querer instalar rack ou um servidor no canteiro. Por isso, a melhor forma de monitorar a obra é na nuvem, fazendo um investimento pontual que realiza o monitoramento da obra. Outra iniciativa interessante é na parte de mercados autônomos, tendência que ganha cada vez mais força dentro dos condomínios e gera uma demanda por muito mais segurança do que o mercado tradicional, que conta com funcionários. Ou seja, nossa solução também é capaz de resolver de forma estratégica esta dor.

Por fim, também percebemos que somos muito interessantes para empresas que têm múltiplas localidades no Brasil, como uma rede de lojas, por exemplo, a Casas Pernambucanas, ou uma rede de distribuidores, como a Fogás, que estão com a Monuv. Por meio da nossa rede de parceiros, conseguimos atender super bem essas empresas com diversas localidades, entregando eficiência, segurança e ações estratégicas.

Revista Segurança Eletrônica: Gostaria de deixar um recado final para os nossos leitores?

Bruno Gouvea: A segurança pública é um assunto que custa muito caro para o Brasil, como citamos no começo da entrevista, e não está sendo resolvido com o investimento do governo feito até hoje. Por outro lado, vemos alguns investimentos privados sendo realizados de forma isolada. O que precisamos é da união desses dois lados para trabalhar em conjunto e diminuir o problema real da população. O governo já está se preparando para isso, e a Monuv já está integrada nos principais programas existentes. Queremos, daqui para frente, estar integrados em todos os programas que vierem, porque acreditamos que é assim que vamos conseguir resolver o problema da segurança pública brasileira.

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