Fala Gestor: segurança privada aplicada ao modal ferroviário

Por Antonio Neves

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Quando pensamos em transportes de cargas no Brasil a maior percepção é do modal rodoviário, com características bastante conhecidas e exploradas. Esse modal tem apresentado crescimento desde a década de 50 e embora ainda apresente muitas oportunidades em infraestrutura, dadas as condições gerais das estradas em nosso país, tem sido o de maior utilização.

Para o melhor potencial da operacionalização da cadeia logística apresentam-se diferentes modais de transportes dos quais são os meios utilizados para movimentação geral de cargas e passageiros, não importando distâncias a serem percorridas.

Embora o modal rodoviário ainda seja o mais utilizado, seu custo-benefício acaba direcionando para aplicação de produtos de alto valor agregado, alta rotatividade, perecíveis e por vezes, para aqueles que dependem de maior velocidade no transporte, sendo essa última condição uma caraterística que nem sempre é possível alcançar, dada aos diversos fatores externos que influenciam diretamente no transporte, como trânsito, criminalidade, dentre outros.

Como oportunidade para movimentações em larga escala, apresenta-se o transporte ferroviário como excelente opção de modal. O modal ferroviário tem muita capacidade de expansão, o que traz muita competitividade, sendo um dos principais responsáveis pela exportação de produtos como minérios, agrícolas, fertilizantes, carvão, derivados de petróleo, etc., dos quais resultaram em mais US$ 210 bilhões para o Brasil em 2020, o equivalente a 14,6% do PIB.

Esse é o principal ponto da discussão, quando aplicado um bom gerenciamento logístico em intermodalidade é possível superar ou reduzir drasticamente as limitações gerais dos transportes em nosso país, aumentando a competitividade dos negócios das empresas.

O principal objetivo da gestão logística é a escolha do melhor modal para cada trecho em busca da eficiência de custos e movimentações gerais.

As principais caraterísticas do transporte ferroviário são baixos custos de frete, manutenção, inexistência de pedágios e menor índice de roubos e acidentes, quando comparado ao modal rodoviário, além de claro, menor emissão de poluentes ao meio ambiente.

É importante mencionar que atualmente o modal ferroviário no Brasil apresenta cerca de 30 mil quilômetros de malha ferroviária, o que nos deixa muito distante em termos de competitividade, quando comparado com outros países, como por exemplo, Estados Unidos com 194 mil quilômetros, Rússia com 85 mil quilômetros ou China com 67 mil quilômetros e tantos outros.

De acordo com a Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), o modal ferroviário corresponde apenas a 15% de participação no transporte, ficando muito atrás dos Estados Unidos (43%) e da China (37%).

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT e Secretaria Nacional de Transportes Terrestres- SNTT, desde 2021, quando o Ministério da Infraestrutura elaborou o Marco Legal das Ferrovias e abriu à iniciativa privada a possibilidade de projetar, construir e operar estradas de ferro e terminais ferroviários no Brasil, o número de pedidos de novas linhas férreas chegou a 89, apresentados por 39 diferentes empresas, somam mais de 22 mil quilômetros de novos trilhos em todas as regiões do país e têm projeção de investimento estimado na ordem de R$ 258 bilhões – recursos 100% privados.

O transporte ferroviário é uma das formas mais seguras e eficientes de transporte de cargas e passageiros, mas como em qualquer atividade, há riscos envolvidos.

Para acompanhar o crescimento de forma sustentável do modal ferroviário nos próximos anos, é fundamental que as empresas mantenham equipes de segurança treinadas, capacitadas e gerenciadas por gestores de segurança privada preparados, com capacidade de garantir que todas as operações sejam realizadas de maneira segura, eficiente e legalizada.

O gestor de segurança no transporte ferroviário tem responsabilidade de identificar e gerenciar tais riscos. Isso inclui garantir que todas as normas e regulamentações de segurança sejam seguidas e cumpridas, como a aplicação de medidas estratégicas para segurança do modal em ambiente bastante desafiador, que por vezes ocorrem muito próximas ou limítrofes a comunidades com forte ambiência criminal.

Garantir a circulação das composições, segurança dos trechos, incluindo possíveis ações de sabotagem em ambientes sem nenhum controle perimetral torna o cenário ainda mais desafiador no processo de gestão de segurança privada.

Além disso, o gestor é o responsável por disseminar a cultura de segurança aos colaboradores da empresa, capacitando para o melhor entendimento dos planos de emergência e contingência para lidar com qualquer eventualidade que possa ocorrer durante o transporte ferroviário.

A operação logística ocorre em ambientes públicos, com envolvimento de vários entes da sociedade, obrigando que o gestor de segurança privada mantenha redes de relacionamento ativa em todos os níveis e setores da sociedade em que opera. Quanto maior a malha atendida, mais complexo se torna sua gestão.

Outro fator importante a ser alcançado é aplicação de tecnologias na gestão de segurança do modal ferroviário. Pouco se fala em aplicações para o setor com o agravamento de operações em locais com difícil acesso e sem nenhum controle perimetral. O desafio da integração de sistemas e a dificuldade de comunicação de dados é realidade na estratégia de segurança corporativa do setor.

Por todo o cenário exposto, a presença do gestor de segurança competente e comprometido é essencial para garantir a segurança do modal ferroviário. Ele deve estar ciente dos riscos potenciais, tomar medidas necessárias para garantir que passageiros, cargas e colaboradores estejam protegidos dos vários perigos que envolvem direta e indiretamente as atividades ferroviárias.

O gestor de segurança privada eficaz e comprometido tornará o modal ferroviário ainda mais seguro, eficiente e competitivo na intermodalidade de cargas e passageiros de nosso país, esse é o futuro que pouco se discute.

Antonio Neves
Gerente executivo de prevenção de perdas, segurança corporativa e facilities da Rumo Logística.

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