COVID-19: como os provedores de internet regionais estão lidando com a pandemia

O mundo mudou drasticamente com a pandemia causada pelo novo coronavírus. Todos os setores da economia foram afetados, alguns mais, outros com menor intensidade e, é claro, os ISPs regionais não ficaram fora dessa realidade. O isolamento social trouxe desafios imensos e, ao mesmo tempo, oportunidades de negócios e expansão aos provedores de Internet brasileiros.

Adaptação

O início da quarentena causou uma certa insegurança para os ISPs regionais. As questões do dia a dia do trabalho, realização de tarefas e até a adoção do Home Office foram umas das principais preocupações dos empresários. Segundo Luis Eduardo Diaz, diretor de Relacionamento e Mercado da Life Fibra, empresa que atende várias cidades no Interior Paulista, o momento foi de adaptação: “Nós tivemos que nos moldar rapidamente a um novo tipo de dinâmica interna, em que mais da metade do nosso pessoal foi deslocado para o home office. Ficamos com receio de que as nossas métricas de desempenho fossem afetadas, mas na Life isso não aconteceu. Desta forma percebemos a importância de uma cultura bem consolidada, com clareza em relação ao propósito da empresa e cada colaborador na construção de resultados positivos para nossos assinantes” .

Edimilson Crudi, diretor de Projetos da NetDigit Telecom, provedor localizado na região de Bauru (SP), afirma que a segurança de seus colaboradores foi a sua maior preocupação “Inicialmente a pandemia nos afetou com relação à segurança da equipe, porém agimos de forma rápida em relação as EPIS, colocamos 25% dos colaboradores no esquema HO e afastamos pessoas do grupo de risco, incluindo os menores aprendizes, preservando a saúde e o bem-estar de todos” .

As empresas também tiveram que adaptar o esquema de pagamentos das contas para aqueles clientes que não utilizam a internet para transações bancárias. A NetDigit remodelou seus caixas e instalou em toldos fora das lojas, evitando aglomerações em lugares fechados. Também alocou um caixa extra no centro de Bauru, cidade que, após o início da pandemia, registrou o dobro de pagamentos físicos nas lojas da empresa.

Oportunidades e crescimento

Com a pandemia, o home office passou a ser o padrão de um dia para o outro. Segundo dados da empresa de pesquisa Hibou e da plataforma de dados Índico, com 2.400 entrevistados em todo o País, 60% dos brasileiros estão trabalhando em home office no momento, dos quais 40% estão usando ferramentas de videoconferência e redes sociais para isso. Esses milhares de trabalhadores deixaram as redes corporativas dos seus escritórios para usar a internet doméstica, agora compartilhada com toda a família: desde o início do isolamento social, houve 40% no aumento do consumo de internet banda larga registrado pelas operadoras de telefonia no Brasil. Esse aumento de demanda impactou os ISPs, trazendo novas oportunidades de negócios.

“Quando os nossos clientes começaram a trabalhar de casa, eles perceberam que necessitavam de banda maior e, muitos deles, deram um upgrade nos seus planos. Mas o que mais chamou a atenção foram que muitas empresas saíram das grandes operadoras e nos procuraram, já que conseguimos atender as suas solicitações de forma mais rápida e assertiva. As nossas vendas aumentaram 15% em março e 18% em abril. O aumento na nossa carteira de clientes foi de 18%. Houve, também, um aumento nos nossos clientes corporativos, com oito novas empresas”, comenta Crudi.

A alta demanda por produtos de redes também tem movimentado grandes players do mercado, como a Intelbras, indústria brasileira desenvolvedora de tecnologias com mais de 44 anos de história. “A procura por equipamentos por provedores aumentou significativamente em desde março. O acesso e utilização da internet se tornou um serviço essencial como água e luz, portanto, esses produtos são fundamentais para que as pessoas continuem trabalhando e estudando de casa, assistindo séries, se comunicando pela internet com familiares e amigos. É natural que a venda desses equipamentos aumente e as empresas e provedores precisam estar prontos para atender a demanda”, afirma Amilcar Scheffer, Diretor da Unidade de Redes da empresa.

Desafios

A pandemia também trouxe inúmeros desafios os provedores de internet regionais. Segundo Diaz, para atender a esta demanda a empresa contratou novos colaboradores, inclusive funcionários terceirizados.
“O grande diferencial de mercado dos ISPs regionais é a qualidade e customização de seus serviços, algo que as grandes operadoras não conseguem realizar com a mesma facilidade e rapidez. Manter a qualidade e a agilidade nesse momento de aumento exponencial de demanda se tornou um dos principais desafios dos provedores de pequeno e médio porte”, complementa Scheffer.

Demanda por produtos

A demanda por produtos como ONUs, OLTs, spliters, roteadores, entre outros também teve um forte aumento. O provedor ZAP Telecom, baseado em Palmas (TO) e que fornece conexão de fibra óptica residencial e empresarial e conexão via rádio, está passando por essa realidade. Segundo Levi de Lima, Diretor Comercial da empresa, a sua base de clientes aumentou de forma exponencial: “A demanda é tão grande que não podemos esperar os equipamentos chegarem em Tocantins. Para suprirmos essa necessidade e agilizar o processo, utilizamos nosso próprio avião e fomos buscar, em duas ocasiões, os produtos na sede da Intelbras em Santa Catarina”, conta. “Se a demanda continuar aumentando, e tudo indica que isso irá acontecer, teremos que fazer outra viagem aérea até a Intelbras”, adiciona Lima.

Divulgação e relacionamento com os clientes

Para atrair novos clientes, os provedores têm investido ainda mais na divulgação de seus produtos e serviços. Além de um forte trabalho nas redes sociais, outras formas de propaganda, mais tradicionais, têm sido realizadas. A NetDigit tem distribuído folders promocionais nas quatro cidades em que atua no interior de SP – Bauru, Pirajaí, Agudos e Barra Bonita. A ação trouxe ótimo retorno.

Além da divulgação, outro ponto de atenção é o incremento no relacionamento com os clientes, que se tornou ainda mais importante. Muitos ISPs escutaram as dores dos consumidores, flexibilizando o prazo das contas, dividindo os boletos e isentando a cobrança de juros por atraso até 10 dias, por exemplo.

O relacionamento de grandes empresas que fornecem produtos e soluções aos provedores também está mais adjunto. “Sempre mantivemos um relacionamento muito próximo com nossos clientes, afinal o slogan da Intelbras é sempre próxima, mas nos últimos meses intensificamos ainda mais o contato com os ISPs regionais, para sabermos como apoiá-los, quais eram suas dores e como poderíamos passar por esse momento juntos. Além dessa aproximação, também flexibilizamos prazos de pagamento e novas linhas de crédito”, finaliza Scheffer da Intelbras.

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