Autenticação de pessoas com roupas de proteção

Por Fernanda Ferreira

A RealNetworks anunciou que o SAFR, sua plataforma de visão computacional e reconhecimento facial baseado em IA, foi equipado com uma função que permite a autenticação individual, mesmo com o uso de roupas de proteção, conseguindo atender a nova demanda dos profissionais de saúde, que não podem remover a máscara, os óculos ou as roupas de proteção no novo cenário global de pandemia. Para falar sobre essa novidade, conversamos com Jose Larrucea, Senior Vice President da RealNetworks para América Latina e EMEA.

Revista Segurança Eletrônica: A RealNetworks habilitou uma nova função na sua plataforma de reconhecimento facial. Poderia explicar o que é esse novo recurso?
Jose Larrucea: O SAFR foi concebido com foco na geração de valor através da visão computacional, graças à IA possibilitando o entendimento de diferentes realidades no mundo real. Além da geração de analíticos anônimos aplicados sobre streaming de vídeo e de identificação e detecção de rostos e pessoas respectivamente, o SAFR permite a ativação do denominado AprilTag. O AprilTag é um marcador de Realidade Aumentada (AR) desenvolvido pela University of Michigan, USA dentro do marco do projeto “AprilTags Visual Fiducial System”. Assim este marcador está integrado totalmente dentro do SAFR possibilitando diferentes usos no âmbito do trabalho.

Revista Segurança Eletrônica: Essa função pode ser aplicada em quais casos?
Jose Larrucea: Este marcador permite a atribuição de privilégio de acesso aos profissionais cadastrados e habilitados na base previamente. O sistema SAFR requer o cadastro de uma entrada (nome no formato texto, rosto em imagem, ou simplesmente um número, como CPF por exemplo) na plataforma, e assim vincular um número correspondente ao AprilTag a face correspondente. Uma vez dentro do SAFR, o sistema outorga diferentes níveis de acesso via este AprilTag, gerando assim a ação automática de liberação de acesso a áreas específicas segundo as regras de negócio ou processos pré-definidos no sistema. Igualmente, o AprilTag pode receber outros usos que não se limitam à identificação de pessoas, e que se ampliam em combinação com outros fatores. Assim, o SAFR pode cadastrar outros elementos ou objetos (caixas de materiais, logística, objetos na sala de cirurgia, farmácia, etc) de relevância suficiente para serem monitorados, e uma vez no sistema, pode-se gerar alarmes ou notificações, no caso por exemplo, desses materiais sumirem do campo visual, como situações de uso de ferramentas de trabalho em hospitais ou simplesmente como medida de tracking de produtos. A tecnologia SAFR juntamente com o uso do AprilTag pode desenvolver múltiplas aplicações dependendo de cada situação e necessidade.

Revista Segurança Eletrônica: Como o SAFR faz a leitura dessa AprilTag? Jose Larrucea: Os AprilTags são conceitualmente semelhantes aos códigos QR, pois são um tipo de código de barras bidimensional. No entanto, eles são projetados para codificar cargas úteis de dados muito menores (entre 4 e 12 bits), permitindo que sejam detectadas com mais robustez. Para um ótimo funcionamento é recomendado que os AprilTags tenham um tamanho de imagem de 2×2 polegadas, com as bordas afinadas, assim, como a complexidade na leitura é menor do que um vetor facial, a velocidade no reconhecimento é muito maior do que a de um rosto, ou seja, o SAFR reconhece AprilTags em menos de 30 milisegundos. Além da velocidade, os padrões de encriptação são mantidos para toda a plataforma, ou seja AES-256 em repouso e HTTPS em trânsito, fazendo com que tenha níveis altos de segurança.

Revista Segurança Eletrônica: Há algum risco de ocorrer alguma quebra de segurança, devido a solução não estar vendo a pessoa por baixo da roupa de proteção?
Jose Larrucea: Existe sim. Se alguém usar as roupas de outra pessoa, o SAFR vai identificar o AprilTag com a identidade da outra pessoa. Na RealNetworks, como empresa de soluções de software, sempre dizemos que toda tecnologia de alta performance precisa ser acompanhada de um processo que contribua ao mesmo nível de desempenho e que ajude a salvaguardar seu papel no todo. O papel do SAFR é garantir a correta atribuição de credenciais ao correspondente April- Tag cadastrado no sistema uma vez que a mesma apareça na frente da câmera. Igualmente trabalhamos com nossos parceiros para que eles possam ter ciência e consciência dos riscos processuais e para poder manter esses níveis necessários e essenciais de segurança com suas equipes ou dos seus clientes.

Revista Segurança Eletrônica: Vocês já possuem algum projeto que esteja aplicando essa nova função? Se sim, como está indo as validações por lá?
Jose Larrucea: Possuímos sim. A operadora de telecom japonesa NTT Docomo já está usando com seus clientes e está inclusive levando o SAFR a vários projetos de controle de acesso e acesso seguro com a solução EasyPass. Na Europa há uma empresa de construção (ainda confidencial) que já está usando o AprilTag em fase de teste para dupla autenticação dos seus funcionários na obra. Nesse caso específico, o AprilTag e o rosto estão sendo usados em conjunto. Os níveis de autenticação são interessantes e contribuem positivamente na agilidade e segurança dos processos.

Revista Segurança Eletrônica: Esse recurso já está disponível para clientes da RealNetworks no Brasil?
Jose Larrucea: Está sim. No Brasil esta funcionalidade está disponível de múltiplas formas: diretamente na aplicação SAFR, via nossos parceiros de Video Management System como Genetec, Milestone e Digifort, por exemplo, ou através de integrações com sistemas terceiros através de nossas APIs.

Revista Segurança Eletrônica: Nesse novo cenário de pandemia, o SAFR consegue fazer o reconhecimento facial das pessoas que estão utilizando máscara?
Jose Larrucea: Sabendo que esta nova realidade fomenta novos desafios para o uso do reconhecimento facial, a RealNetworks tem sido bastante transparente no uso de nossa tecnologia, tanto pelos índices do NIST quanto por testes internos. Nesse sentido, recentemente comunicamos o desempenho do SAFR dentro do novo contexto de pandemia. Nesse cenário de contínua mudança, sabemos que o SAFR pode oscilar na precisão de entrega em processos de reconhecimento, ficando um pouco aquém do aferido pelo NIST (99,87% LWF). Em testes internos e com rostos limpos cadastrados em nossos sistemas, o SAFR pode entregar com confiança mais de 93% de precisão, quando os rostos aparecem com máscara na frente da câmera. O SAFR dispõe de uma funcionalidade denominada “RE-GROUP” que permite o registro de uma segunda entrada de imagem (rosto) com máscara. Esta nova feature contribui altamente com o reconhecimento dentro da nova situação de pandemia e aumenta o valor na confiabilidade a níveis muito mais próximos aos declarados pelo NIST.

Revista Segurança Eletrônica: Gostaria de deixar um recado final?
Jose Larrucea: Nossa realidade está mudando a velocidades cada vez mais rápidas, criando novos desafios para as pessoas, empresas e sociedades. As empresas de tecnologia e especificamente as dedicadas a IA como a RealNetworks, tem o dever de contribuir positivamente no processo de gestão desses novos desafios, apoiando de forma transparente parceiros, clientes e governos para juntos construirmos mundos melhores e mais seguros.

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