A importância do treinamento para o profissional de segurança

Por Claudio Moretti

Todos sabem da importância dos treinamentos em qualquer profissão. Ninguém iria procurar um médico sem as qualificações exigidas para que ele possa atender um paciente e, em última instância, salvar a sua vida. Porém, nem sempre é assim. Algumas vezes não procuramos as pessoas mais qualificadas para prestar um determinado serviço e na segurança não é diferente.

Assim como em outras áreas, o preço determina o contrato ou projeto. O resultado deste tipo de atitude é que, em muitos casos, o baixo preço não agrega valor e acaba trazendo prejuízos para o contratante.

Normalmente, a responsabilidade pelos treinamentos das empresas de segurança parte da indicação do gestor. É ele que identifica as necessidades dos seus colaboradores e dele Artigos próprio para indicar os treinamentos mais apropriados, de acordo com a sua função ou projetos em desenvolvimento.

Eles sabem que pessoas bem preparadas passam uma imagem de empresa séria, bem administrada e gera confiança aos clientes, além da diferenciação entre concorrentes, principalmente quando se trata da aplicação de tecnologia em segurança. Tendo em vista a sua evolução quase que diária.

O que é necessário para passarmos este tipo de confiança é o treinamento que a força de trabalho irá receber.

Outro fator importante é que o treinamento diminui perdas (perdas de contrato, indenizações, custos com advogados, etc.). Treinamento é investimento, desde que ele seja bem direcionado.

O treinamento não quer dizer, necessariamente, que o aprendiz não sabe fazer. Pelo contrário, quer dizer que ele é alguém que se aprimora, que se esforça e quer melhorar naquela atividade que desempenha.

De acordo com o filósofo Mário Sérgio Cortella, que comenta a celebre frase de Sócrates no século V a.C. “Só sei que nada sei” no seu livro Vida e Carreira: um equilíbrio possível?:

“Sua intenção seria expressar que só sei que nada sei por completo, por inteiro, só sei que nada sei que só eu saiba, só sei que nada sei que não possa vir a saber, só sei que nada sei que o outro e eu não saibamos juntos”. Cortella (2013, p. 101).

Isso quer dizer que sempre temos algo a ensinar e algo a aprender, como é comum em muitos treinamentos. Hoje em dia não é possível pensar em uma sala de aula onde apenas o professor fala, porque só ele sabe. As experiências são muitas e a sinergia criada num ambiente de diálogo é fundamental para o resultado do treinamento.

Ainda que vivamos em ambientes que, dependendo da cultura da empresa, ainda trata de forma segmentada as gerações de profissionais, desde o baby boomer até as gerações X, Y e Z, os treinamentos podem auxiliar na integração dessas pessoas nascidas em diferentes épocas.

Considerando que todos são adultos, incluindo os da geração Z (os jovens nascidos em meados dos anos noventa), a metodologia de ensino deve ser aprimorada, até porque o meio utilizado para aprendizagem do adulto é diferente da aprendizagem da criança. O método utilizado chama-se andragogia que pode ser conceituada como a ciência que estuda e educação do adulto.

O termo Andragogia foi introduzido na literatura de educação do adulto por Malcolm Knowles em 1968. Para Knowles significa “a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender, ao contrário da pedagogia, que é a arte e ciência de ensinar crianças”.

Os adultos também possuem algumas características próprias de aprendizagem. Pessoas adultas retêm:

20% do que ouvem;
30% do que veem;
50% do que ouvem e veem;
70% do que ouvem, veem e dizem;
90% do que ouvem, veem, dizem e fazem.

Desse modo concluímos que quanto mais prático for o treinamento, maior será a aprendizagem.

O uso de slides nas apresentações com projetor (datashow) também são favoráveis, pois os profissionais veem e assimilam melhor do que apenas ouvir.

Outro fator que favorece o aprendizado e a participação com troca de experiência é a formação da sala de aula.

Os métodos mais comuns, com carteiras posicionadas uma atrás da outra não favorecem a participação esperada. O ideal é a formação em círculo. É claro que nem sempre isso é possível, pois a limitação de espaço e a quantidade de pessoas pode inviabilizar esse tipo de acomodação das carteiras.

Alguns podem não gostar, mas se você se recordar dos treinamentos em que você assimilou mais conteúdo foram os participativos e os que aplicavam exercícios práticos.

Mais um argumento para a participação de treinamentos é apresentado pelo Tenente Coronel Diógenes Lucca, autor do livro Diário de um Policial – o submundo do crime narrado por um comandante do GATE, descreve as condições para um bom ambiente para os participantes de um treinamento. Este ambiente deve proporcionar três níveis, sendo:

“O primeiro é o crescimento vertical, que ocorre pelo acréscimo de novos conhecimentos que são incorporados. O segundo é o crescimento horizontal, que é a revisão daquilo que já conhecemos, mas que é explorado de outra maneira, com algumas adaptações. E o terceiro nível é a rede de relacionamentos (adaptado), neste nível, na área empresarial, são as trocas de informações entre os procedimentos em casos assemelhados. Nesse nível, aparam-se as arestas, minimizam- se atritos e uns compreendem melhor os outros”. Lucca (2016, p. 53).

O início do ano é sempre uma ótima oportunidade para planejar os treinamentos de acordo com os projetos futuros. Vamos aproveitar o momento.

“O entusiasmo de aprender separa os jovens dos velhos. Enquanto estiver aprendendo, ninguém envelhecerá”. Autor desconhecido.

Cláudio dos Santos Moretti é especialista em Segurança Empresarial. Diretor de cursos e certificação da ABSEG (Associação Brasileira de Profissionais de Segurança). claudio_moretti@uol.com.br

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