Analíticos: Gerenciar de forma eficaz a massa de informações que está sendo gerada é o grande desafio do mercado de segurança eletrônica

Por Thiago Guerrer, diretor comercial da Pumatronix

Recentemente participei de duas feiras internacionais de segurança e mobilidade inteligente, a ISC – Las Vegas e a Intertraffic – Amsterdam, em busca de novidades e tendências para o setor de segurança eletrônica que ainda não vieram para o Brasil e que pudessem ser “tropicalizadas”. Mas, apesar das inovações tecnológicas que chegaram ao setor nos últimos anos, fiquei com a sensação de ter visto uma grande evolução dos analíticos, mas poucas novidades de produtos.

O que mais notei em ambos os eventos foi a ausência das marcas chinesas, devido à guerra comercial entre EUA e China, com o país norte-americano anunciando tarifas sobre os produtos importados chineses. Essa barreira comercial abriu espaço para as empresas americanas, europeias e sul coreanas, que apresentaram um portfólio maior em grandes estandes, ganhando notoriedade e relevância ao ocuparem o espaço deixado pela China.

Apesar da falta de novidades, há uma tendência bem evidente tanto para as soluções de videovigilância, apresentadas na ICS Las Vegas como na ITS Intertraffic, dos Analíticos de vídeo – parte do sistema de videomonitoramento (VMS) que analisa as imagens e detecta automaticamente, situações suspeitas ou eventos fora do padrão de comportamento – sendo rodados na borda, ou seja, dentro das câmeras em vez do servidor, como até então era o mais comum.    

Dessa forma, os dispositivos de câmeras passaram a ser mais efetivos com menor quantidade de tráfego de informações passando por redes Wi-Fi, GPRS ou celular. Por exemplo, em vez de capturar uma imagem e transmitir para o servidor com todas as informações, será possível fazer uma análise prévia e extrair dela só a imagem da face ou, do carro, placa, enviando somente o que é necessário para economizar banda de internet e transmitir pela rede o mínimo possível de dados.

Muitos produtos fabricados no Brasil já seguem essa tendência de ter o analítico rodando na borda, o que necessita é aumentar o portfólio, pois é cada vez maior a oferta adicional de analíticos. Há alguns anos, existiam três ou quatro tipos e atualmente podem passar de 20 e com funcionamento ao mesmo tempo. Só para veículos há diversos analíticos como classificação por tipo – se é carro, moto, caminhão, ônibus, por cor, marca, modelo etc. Para rodovias existem analíticos de fogo, fumaça, carros parados, na contramão, objetos caídos de veículos, entre outros.

Essa variedade de ofertas de analíticos amplia o investimento na capacidade de processamento, armazenagem e transmissão da câmera, que precisa ser mais robusta e potente para entregar todas essas informações.

Outro ponto que me chamou a atenção foi que todos os fabricantes apresentaram plataformas ou sistema de gestão para receber diversos tipos de dados e não apenas imagens ou vídeos. Entendo surgir aí uma oportunidade para a criação de plataformas de segurança pública e plataformas de cidades inteligentes, ou seja, um concentrador para o recebimento de todas as informações relevantes para a tomada de decisão dos gestores.

Os eventos mostraram que houve uma evolução dos analíticos e do processamento das câmeras na borda com a integração de vários softwares e analíticos numa única plataforma, o que demonstra que estamos no caminho certo, que a tendência é cada vez mais consolidar na borda os analíticos e pensar num grande hub consolidador de toda essa massa de informações que está sendo gerada.

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