Cidades inteligentes tornam as cidades mais seguras?

Por Sérgio Nunes

De acordo com as Nações Unidas, a população urbana está em constante crescimento, e estima-se que até 2050, duas em cada três pessoas viverão em áreas urbanas.  Esse aumento populacional apresenta desafios para os provedores de serviços do governo, que enfrentam uma demanda crescente por serviços públicos mais ágeis e eficientes.  Para lidar com esses desafios e garantir um futuro mais seguro e resiliente, as cidades devem adotar abordagens inteligentes e integradas.

Resolvendo problemas de maneira inteligente

O movimento das cidades inteligentes tem se desenvolvido ao longo dos anos, com o uso da tecnologia da informação e comunicação (TIC) no fornecimento de dados, obtenção de insights e resolução de problemas específicos. Exemplos incluem a melhoria dos serviços de resposta a emergências, a otimização do tráfego e da mobilidade, e o aprimoramento dos serviços de saneamento e iluminação.  No entanto, muitas dessas soluções são básicas e não abordam a interconectividade dos problemas urbanos.

A resposta para isso está na integração e na coordenação, ou seja, na abordagem integrada das cidades e regiões que pode suportar novos processos e soluções.  Muitas vezes, os departamentos de um governo operam de forma atenciosa, cada um com seus próprios sistemas e processos, o que reduz a eficiência e a agilidade, especialmente em emergências e crises. No entanto, ao acessarem e compartilharem dados de várias fontes por meio de uma visão operacional integrada, as organizações podem melhorar a consciência situacional, a comunicação e a coordenação, permitindo que os serviços públicos respondam de maneira mais rápida e eficiente às demandas da população.

Exemplos de integração bem-sucedida

A colaboração entre agências pode ser um método eficaz para alcançar a integração. Em DuPage, um dos 102 condados do estado americano do Illinois, 62 agências de segurança pública colaboram e operam de maneira integrada com uma solução que inclui: atendimento e despacho auxiliar por computador, gerenciamento de registros, análises e aplicativos móveis, fornecendo tempos de resposta mais rápidos e uma coordenação eficiente entre suas agências, e permitindo que os operadores criem ocorrências e despachem equipes de campo em menos de um minuto.

Além disso, a integração entre diferentes organizações públicas e privadas, ONGs e moradores pode levar a colaboração a um novo patamar, eliminando barreiras de comunicação e simplificando processos. Ao fornecer um meio seguro e eficaz de acessar e compartilhar dados entre todas as partes interessadas de uma cidade, os serviços públicos podem se tornar mais ágeis e eficientes.

Outro exemplo concreto de integração e colaboração é o Centro de Cooperação da Cidade (CCC), em Manaus, onde operam a Defesa Civil, a Guarda Municipal, Trânsito e Mobilidade Urbana.  Essas organizações utilizam tecnologias integradas para obter uma visão operacional da cidade em tempo real e, assim, analisarem e responderem a uma variedade de necessidades, desde emergências de segurança pública até proteção de estacionamento e reparos na infraestrutura. Com o auxílio da inteligência artificial, dados de diferentes fontes (câmeras, sensores etc.) são automaticamente analisados, categorizados e atribuídos aos departamentos apropriados para que possam adotar as ações necessárias.  Esse processo inclui notificações automatizadas e fluxos de trabalho coordenados, permitindo que as autoridades identifiquem e resolvam rapidamente problemas e emergências.

As possibilidades para o desenvolvimento de cidades inteligentes são amplas, e os benefícios para os serviços emergentes e públicos são diversos.  Ao empregar dados e tecnologia para resolver problemas de maneira inteligente, as cidades podem fazer um uso mais eficiente de seus recursos, fornecer melhores serviços à comunidade e estabelecer as bases para um futuro mais seguro e resiliente.

Podemos concluir que à medida que o mundo se torna cada vez mais urbano, as cidades enfrentam o desafio de atenderem às crescentes demandas de suas comunidades por serviços públicos ágeis e eficientes.  A abordagem das cidades inteligentes, baseada na integração e colaboração entre diferentes órgãos e organizações, surge como uma solução promissora.  Ao compartilharem dados e coordenarem esforços, as cidades podem melhorar sua capacidade de resposta, identificar e resolver problemas de maneira mais eficiente, e criar ambientes urbanos mais seguros e resilientes.  Para isso, é fundamental que governos, organizações e comunidades trabalhem juntos para construirem e fortalecerem as alicerces de uma cidade inteligente, visando um futuro próspero e sustentável para todos os seus habitantes.

Sérgio Nunes
Vice-presidente sênior para a América Latina da divisão de Segurança, Infraestrutura e Geoespacial da Hexagon – empresa sueca com atuação global.

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