A transformação tecnológica na segurança pública

Por Ivan Kraljevic, Especialista em Cidades Seguras na Motorola Solutions

Um relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 2021 confirma que a América Latina é a região com mais registros de violência no mundo e destaca que este fator limita o crescimento ao afetar o capital humano, a produtividade e os investimentos públicos e privados.

Estamos em uma das regiões com maiores índices de periculosidade e, ao mesmo tempo, uma das que está mais atrasada em seu desenvolvimento, e isto não é coincidência. A segurança e o desenvolvimento econômico são variáveis intimamente relacionadas.

Neste contexto, é necessário manter os esforços por cidades com boa infraestrutura, tecnologia voltada ao cidadão e sistemas interoperáveis que sustentem a segurança. Em outras palavras, construir cidades mais seguras que tenham um impacto positivo sobre os indicadores de qualidade de vida das pessoas.

Entre os principais elementos que compõem uma cidade segura estão os Centros de Comando Integrados que permitem que as forças policiais e de emergência tenham uma visão de 360° da comunidade por meio de tecnologias que proporcionam uma consciência situacional de ponta a ponta para responder adequadamente e antecipar as ameaças.

O estudo Consensus for change da Motorola Solutions, realizado pela Goldsmiths, Universidade de Londres, aponta que 88% dos cidadãos do mundo inteiro acreditam que a tecnologia é necessária para transformar a segurança pública.

Neste sentido, a aplicação de soluções digitais e tecnologia avançada nestes centros aumenta a visibilidade da cidade, convertendo informações em inteligência graças a um ecossistema completo que unifica voz, dados, software, serviços, controle de acesso, segurança por vídeo e análises.

Mas como isso acontece? Podemos imaginar, por exemplo, um veículo roubado à mão armada em uma avenida movimentada em uma cidade da região. No momento em que uma testemunha liga para o 190, a chamada é processada por um computador dentro do Centro de Comando Integrado. A partir daí, um policial lida com as operações de inteligência por meio do gerenciamento de arquivos e provas em uma plataforma acelerada por inteligência artificial.

Neste ponto, os sistemas de câmeras da cidade permitem uma busca da placa do veículo roubado com a data e coordenadas específicas do evento para receber alertas em tempo real assim que o veículo solicitado for detectado. Além disso, com o reconhecimento facial, o rosto do criminoso pode ser identificado mesmo se não estiver 100% descoberto, graças a um banco de dados que permite rápida identificação.

A partir destas informações, é possível traçar o percurso realizado pelo veículo e/ou pelo criminoso graças à gestão e análise de vídeo com deep learning, que permite ordenar horas de vídeo para localizar rapidamente o suspeito e o veículo por meio de descrições físicas, uma foto ou uma amostra do vídeo gravado.

Além disso, para facilitar as tarefas em campo, as câmeras corporais e os drones permitem que a polícia capture a situação ao vivo e obtenha gravações em tempo real para finalizar com uma investigação e gerenciamento seguro do caso. A coleta segura e precisa de dados operacionais e de desempenho durante todo o processo fornece as informações necessárias para uma análise tática, estratégica e administrativa mais eficaz.

Assim, desde o momento da primeira ligação até o encerramento do caso, o uso da tecnologia moderna permite uma análise completa da situação sob procedimentos rigorosos que visam reduzir ao máximo o tempo de resposta.

Os Centros de Comando Integrados atuam como o coração da cidade, a partir de uma perspectiva tecnológica. As soluções escaláveis, interoperáveis e convergentes permitem beneficiar a interconexão de informações nas cidades para melhorar os processos de segurança e assistência à população para compor uma cidade segura.

O mesmo estudo mencionado acima confirma que 68% dos entrevistados querem e estão dispostos a usar a tecnologia para ajudar os serviços de emergência compartilhando imagens ou vídeos, o que confirma a importância dos dados e da análise dessas informações para elevar o nível de segurança.

Tanto os líderes das cidades quanto os cidadãos confiam nas comunicações intuitivas para criar um futuro mais seguro. Por isso, não há dúvida que a tecnologia é hoje o principal multiplicador de forças que permite proteger mais a população com soluções, como os Centros de Comando Integrados, que são mais colaborativas, conectadas e mais inteligentes do que nunca.

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