O que fazer quando não sabemos o que fazer?

Por Engº Kleber Reis

É fato que estamos em meio à pior pandemia da história recente da humanidade, e escrevo este artigo resguardado em um apartamento em São Paulo, vendo a maior cidade do hemisfério sul praticamente parada, com tudo fechado, à exceção dos serviços considerados essenciais.

E esta história começa para mim na madrugada do dia 14 de março, após uma bem-sucedida viagem para ministrar uma certificação dos radares Magos em Recife e às vésperas de um passeio de barco na manhã de sol seguinte. Foi quando a febre, tosse e falta de ar na madrugada selaram meu novo destino e, ao invés da marina, fui conduzido ao hospital onde o diagnóstico de pneumonia me inseriu involuntariamente no tão temido grupo de risco da Covid-19.

Portanto entrei em isolamento e resguardo dez dias antes de entrar em vigor a quarentena decretada pelo governador para todos os 645 municípios do Estado.

As viagens programadas para a ISC West em Las Vegas, o treinamento em Mato Grosso e as reuniões em Florianópolis foram adiadas por tempo indeterminado.

A nossa linda Ilhabela no litoral norte de São Paulo foi isolada do continente e o turismo proibido, as operações de mergulho suspensas, incluindo o parque estadual marinho da Laje de Santos e outros destinos.

As incertezas levaram a tempestade para o mercado financeiro, a bolsa despencou em queda livre e, em um único mês, o dólar subiu 16% frente ao real, acumulando valorização de 30% no primeiro trimestre do ano. Pedidos suspensos, contratos sendo revisados, clientes exigindo descontos, atividades externas proibidas, cuidados adicionais de saúde, de assepsia e aumento de preços de produtos.

E neste cenário fica reverberando a pergunta: O que fazer quando não sabemos o que fazer?

A vida já havia me ensinado que nestes momentos de forte tempestade não podemos ficar parados à deriva, preocupados, deixando a água entrar no barco. É preciso assumir o leme, refazer os planos e agir, juntar a tripulação, organizar o barco, rever os suprimentos, definir o essencial e navegar, enfrentar a tempestade com prudência e cautela.

Apenas um dia após ser decretada a quarentena no estado de SP já estava no ar o Café com Segurança, um programa ao vivo no canal do YouTube do CT Segurança, no qual eu, Christian Visval, Silvano Barbosa e Adalberto Bem Haja compartilhamos conhecimento, experiências, informações, dicas e boas práticas para o mercado de segurança com a contribuição de convidados especiais, e já no primeiro episódio abordamos a importância de ter uma visão positiva e sobretudo proativa diante da crise.

Uma das coisas que ressaltamos muito em todos os encontros matutinos que foram incorporados à nossa nova rotina diz respeito à importância de aproveitarmos este momento de parada temporária das atividades externas para nos organizar e aprender, assimilar novos conhecimentos e elevar o sarrafo. O mais engraçado é que nós mesmos aprendemos demais a cada nova entrada ao vivo, a cada estudo de temas e pautas, a cada crítica construtiva recebida. A quantidade de informações e sua enorme velocidade, somado à necessidade de agir e ao aumento do nível de exposição, foram degraus para uma jornada de aprendizado e evolução absurdamente insana.

E aí foi criado o primeiro Happy Hour Virtual do mercado de segurança, unindo concorrentes de mercado em uma mesma mesa virtual com uma regra clara: só é permitido falar de coisas boas, positivas, iniciativas construtivas que ajudem outras empresas a passar com menos dificuldades por este momento de turbulência.

Foi criada a #UnidosSomosMuitoMaisFortes e afloraram iniciativas solidárias oriundas da união de pessoas do bem, que se unem com o objetivo comum de ajudar o próximo, o mais necessitado, o pequeno comerciante, o prestador de serviços, o negócio local.

E então chega com muita força a #SomosEssenciais com a mensagem para o mercado de que a área de segurança é essencial, que é prioritária, reforçando a sua importância para a proteção das famílias, das propriedades, da harmonia e do bem-estar social.

Painéis de discussão sobre portaria remota, LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e outros temas relevantes foram criados, juntando especialistas concorrentes de mercado para uma ampla e densa discussão que visa o crescimento de todos, com respeito e profissionalismo.

As gravações do podcast CT Cast, o maior podcast da área de segurança, foram intensificadas e agora realizadas de forma remota, utilizando a tecnologia como ferramenta de interação, sempre contando com a colaboração e cordialidade de grandes especialistas dispostos a compartilhar seus conhecimentos.

Novos cursos e treinamentos foram gerados, e todo este conteúdo passou a ser compartilhado de forma gratuita com os profissionais do mercado de segurança.

E o mais legal de toda esta jornada é o compartilhamento da visão de que essa tempestade passará e que depois de toda tempestade sempre vem a calmaria, que não será tão calma assim para o mercado de segurança, uma vez que há um senso comum de que haverá um aumento de demanda pelos produtos e serviços da área, principalmente os relacionados à segurança eletrônica.

Já vemos e sentimos o aumento da demanda por sistemas baseados em tecnologia sem contato, por sistemas de reconhecimento biométrico facial e digital sem contato, por conectividade, por barreiras mais inteligentes e automatizadas, por sensores mais sofisticados, por aplicativos e softwares que melhoram os processos, por portarias remotas, autônomas, compartilhadas e outros serviços em nuvem, por serviços mais especializados e por cuidados técnicos antes negligenciados.

E assim nosso mercado reagirá rápida e positivamente a este momento e a minha sugestão a você leitor é que mergulhe de cabeça na preparação da sua empresa, na manutenção e capacitação da sua equipe, no fortalecimento das relações com seus fornecedores e parceiros de negócios, na visão de médio e longo prazo para não tomar atitudes impulsivas e precipitadas, principalmente relacionadas ao seu maior patrimônio, que são os talentos humanos, no planejamento financeiro, na preparação operacional e logística, na revisão de rotinas e processos, na otimização de tempo e recursos tomando como base o aprendizado deste período de mudanças.

Toda dificuldade na vida é um degrau de aprendizado para nossa melhoria e evolução, só não podemos desistir no meio do caminho e nem ficar perdendo tempo lamentando, nossa melhor opção é agradecer e agir! Bora mergulhar! #mergulhandonavida

Engº Kleber Reis
CEO da Engenharia Segura, consultor, palestrante, mergulhador, engenheiro com 30 anos de experiência no mercado de segurança eletrônica. www.kleberreis.com.br
Contato para palestras corporativas com Simone Scalise (11) 99777-2543 |  [email protected]

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