Segurança Eletrônica: EU NÃO MEXO COM ISSO!

Por Diego Serpa

Escrevo este artigo para uma celebração do marco temporal em que vivemos. Quero direcioná-lo a você, que precisa de uma ferramenta em sua operação ou desenvolve soluções inovadoras, pois escrevo a partir da ótica do gestor, mas também converso com meus times e consigo entender as dores do usuário final. Segurança eletrônica é uma realidade natural em qualquer operação de segurança. Nas distribuições do varejo, na segurança industrial, rural, no agro, nos escritórios, no porto, enfim, por toda parte. Digo isso, pois entre os anos 1990 e 2000, fazíamos reflexões do dia em que isso seria algo natural, assim como hoje fazemos ao discutir cibersegurança ou sobre segurança no metaverso, ainda que hoje já seja uma realidade.

Antes de entender a provocação “EU NÃO MEXO COM ISSO”, quero fazer um paradoxo entre conceito de realidade e realidade natural. Quando digo que já é uma realidade, entendam que quero dizer que o tema é tratado. Estamos vivendo e pensando nele e a cada dia elaborando mais coisas para a sofisticação. Quando digo “realidade natural”, quero dizer que mais vivemos o assunto do que pensamos sobre ele. É como respirar. Fazemos sem a necessidade de parar para refletir sobre isso ou conscientemente mandar comandos ao nosso corpo para as tarefas de inspirar e expirar.

Todos nós, quando pensamos em desenvolver ou transformar uma operação de segurança, já consideramos de uma forma muito natural os conceitos de segurança eletrônica e é sobre esta atitude acostumada que eu quero discorrer.

Chegamos em um nível, inclusive, de já estarmos acostumados em conectar a palavra inovação com segurança eletrônica, e aí é que estão os cuidados que nós devemos tomar. Aliás, são cuidados que desenvolvedores, vendedores, integradores e tomadores de serviços devem tomar. Penso nisso, porque inovar, seja qual for o conceito, é precedido pelo pensamento de aumentar ganhos e acertos, e diminuir esforços e erros, só que mais que isso, deveria ser pensar em todo o processo. Mais ainda, pensar no usuário das ferramentas de segurança, e este é o ponto: como decisor e tomador de serviço, na maioria das vezes, eu não utilizo a plataforma diariamente. “Eu não mexo com isso”.

Vivemos em um tempo cheio de oportunidades na área de segurança eletrônica. Engenheiros, cientistas, desenvolvedores de app, muitos imigrantes intelectuais chegam para trazer mais e mais inovações em segurança eletrônica com muitas soluções que prometem resultados fantásticos. Muitas realmente entregam e estão prontas. Maduras para o que foi prometido e prontas para se adaptarem ao inesperado. Outras, sinto que o principal erro não está ligado ao potencial técnico ou tecnológico, mas em entender que a parte mais importante do processo é o usuário da tecnologia. Gestores compram, pois vislumbram o resultado prometido. Desenvolvedores criam, calibrados pelas suas inteligências e níveis intelectuais, mas o integrante mais importante do processo deveria compor tanto o processo de desenvolvimento quanto o de compras, e estou falando de nossos supervisores, encarregados, líderes e vigilantes. São eles que sofrem com a falta de processos lógicos nas novas ferramentas, por conta de os desenvolvedores pularem etapas de análise do perfil do usuário e cenário de implantação, ou até mesmo com instabilidade de novos sistemas por conta de uma avaliação deficitária de necessidades para a implantação.

As POCs, “Proof of Concept” ou Provas de Conceito, são excelentes recursos para experimentar se de fato o novo sistema funcionará e se há aderência da equipe e do usuário. Se é de fácil compreensão e manejo. Colocar os usuários para testarem e falarem sobre como foi a experiência do teste é primordial. Independente da estratégia que tenhamos, ou do plano de inovação que devemos seguir, o mais importante é tomar a decisão certa. Nada melhor que deixar quem utiliza a plataforma nos assessorar pois “EU NÃO MEXO COM ISSO”.

Contudo, finalizo e concluo que quando você traz uma solução inovadora e fala sobre foco em potencializar resultados, você está atraindo a atenção do Gestor. Mas, quanto você traz em sua solução facilidades e pensa em minimizar os esforços e os erros, você está falando sobre o cuidado e acolhimento do usuário final.

Devemos pensar mais em soluções que facilitem o trabalho ao usuário. Layouts mais intuitivos, sistemas anti erros, opções de contingências quando o sistema fica inoperante, e principalmente, contatos ou centrais de suporte que tenham a linguagem que conecte com o usuário. Que não se utilizem de tecniquês e estejam preparadas para resolver rapidamente problemas de primeira e até segunda fase.

O que for diferente disso, traz o problema de volta a quem contratou o produto ou serviço deixando de ser uma solução e passando a ser um novo problema, e que antes nem existia. Foque em quem de fato vai mexer com isso.

Diego Serpa
Representou funções de liderança em três das top FIVE Brands Multinacionais: Coca-Cola, Pepsico e hoje é o Head de Segurança da Colgate-Palmolive no Brasil. Em 14 anos de carreira, Serpa é referência em gestão de alta performance e formação de equipes. Tecnólogo em Gestão de Segurança Privada, especializou-se em Inteligência Estratégica e Segurança Corporativa. É Presidente da Associação dos Oficiais da Reserva do Exército, Diretor Tesoureiro da ASIS International Chapter SP, Membro da OSAC e Associado ABSEG.

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