Integração e tecnologia ampliam papel estratégico da segurança em hospitais

Gerente de segurança do Hospital Israelita Albert Einstein fala sobre os desafios da proteção patrimonial, o impacto da transformação digital e o futuro da segurança hospitalar


Por Fernanda Ferreira

Em meio à crescente complexidade dos ambientes hospitalares e ao avanço das tecnologias digitais, a segurança patrimonial nos hospitais de grande porte ganhou novos contornos. No Hospital Israelita Albert Einstein, referência em saúde no Brasil, a proteção de pacientes, colaboradores e dados sensíveis vai além da vigilância tradicional. Conversamos com Marcelo Pagaime, gerente de segurança da instituição, que detalhou como a integração entre soluções físicas, eletrônicas e digitais se tornou essencial para enfrentar ameaças contemporâneas, garantir a continuidade dos serviços e reforçar a confiança na experiência hospitalar.


Revista Segurança Eletrônica: Como você descreveria o atual cenário da segurança patrimonial em hospitais de grande porte como o Albert Einstein?

Marcelo Pagaime: O cenário atual da segurança patrimonial é caracterizado por uma crescente integração entre segurança física, eletrônica e tecnologias baseadas em inteligência artificial. A complexidade dos ambientes hospitalares demanda um planejamento estratégico e rigoroso para garantir a proteção de ativos, pacientes, profissionais e visitantes. Medidas preventivas como avaliação contínua de riscos, capacitação permanente das equipes e a adoção de soluções tecnológicas avançadas são fundamentais para mitigar ameaças e assegurar a continuidade e a excelência dos serviços prestados.

Revista Segurança Eletrônica: Quais são os principais desafios enfrentados pela segurança hospitalar hoje, e como eles evoluíram nos últimos anos?

Marcelo Pagaime: A evolução tecnológica intensificou a complexidade dos riscos de segurança, exigindo respostas cada vez mais integradas. Além disso, o crescimento da violência urbana reforça a importância da convergência entre segurança física e eletrônica. Também é essencial destacar a relevância da gestão de crises, como foi evidente durante a pandemia de COVID-19, que exigiu respostas rápidas e coordenadas em todos os níveis de segurança.

Revista Segurança Eletrônica: Como a transformação digital impactou a área de segurança hospitalar?

Marcelo Pagaime: A transformação digital proporcionou avanços significativos para o setor hospitalar, especialmente por meio da automação de processos administrativos e do monitoramento remoto de pacientes. Essas tecnologias ampliaram a eficiência e a precisão na gestão dos serviços, mas também aumentaram a necessidade de medidas robustas de segurança. 

Revista Segurança Eletrônica: A segurança da informação e a proteção da privacidade dos pacientes passaram a ter mais peso nos últimos anos. Como a área de segurança patrimonial se conecta com essas preocupações?

Marcelo Pagaime: Embora esse tema seja, em geral, de responsabilidade do departamento de segurança da informação, há uma importante intersecção com a área de segurança patrimonial. A proteção física de dados sensíveis é essencial para garantir a confidencialidade e a integridade das informações. Isso envolve o controle rigoroso de acesso a áreas restritas, a utilização estratégica de sistemas de vídeo monitoramento, além da implementação de protocolos operacionais bem definidos e continuamente atualizados.

Revista Segurança Eletrônica: Você pode compartilhar como o Hospital Albert Einstein protege os dados dos pacientes também no plano físico, além do digital?

Marcelo Pagaime: A proteção é resultado de um conjunto integrado de medidas e ações complementares, que envolvem tanto recursos físicos quanto soluções tecnológicas. Essa combinação é fundamental para garantir a segurança em múltiplas camadas e mitigar riscos de forma eficaz.

Revista Segurança Eletrônica: Quais tecnologias e estratégias estão atualmente em uso no Einstein para garantir a segurança dos pacientes, visitantes e colaboradores?

Marcelo Pagaime: Utilizamos tecnologias devidamente homologadas pelos nossos departamentos de Segurança e Tecnologia da Informação, incluindo câmeras de vigilância, sistemas de controle de acesso e outros recursos de proteção física e eletrônica. Também adotamos estratégias como o treinamento contínuo das equipes, a atualização permanente de protocolos operacionais e o fortalecimento do relacionamento com as forças de segurança pública, o que contribui significativamente para a prevenção e resposta a incidentes.

Revista Segurança Eletrônica: Como vocês usam indicadores de desempenho, como SLAs, para mensurar e melhorar os serviços de segurança?

Marcelo Pagaime: Os indicadores de desempenho, como os SLAs (Service Level Agreements), são ferramentas fundamentais para monitorar e avaliar a eficácia dos serviços de segurança. Eles permitem uma análise contínua da performance, identificando oportunidades de aprimoramento nos processos e promovendo a excelência operacional por meio de ações corretivas e preventivas.



Revista Segurança Eletrônica: Você participou de um projeto contra golpes telefônicos no hospital. O que era esse desafio, como ele foi implementado e quais foram os resultados?

Marcelo Pagaime: Golpes telefônicos direcionados a hospitais e pacientes não são uma novidade, porém, os estelionatários têm adotado métodos cada vez mais sofisticados, representando um desafio constante para as instituições de saúde. Nosso projeto contra os golpes telefônicos envolveu a implementação de medidas para identificar e bloquear números suspeitos, além de campanhas de conscientização para pacientes e colaboradores. 

Revista Segurança Eletrônica: Qual o perfil ideal de um profissional de segurança hospitalar hoje?

Marcelo Pagaime: Acima de tudo, o profissional de segurança hospitalar deve ser ético, considerando que, em um hospital de grande porte, ele pode ter acesso a informações sensíveis e estratégicas. É fundamental que possua habilidades de comunicação, conhecimento profundo das políticas institucionais para tomada de decisões rápidas e assertivas, além de sólida experiência em segurança corporativa. A busca contínua por atualização profissional e a capacidade de atuar de forma colaborativa, especialmente em equipes multiprofissionais, também são atributos indispensáveis para o desempenho eficaz nessa função.

Revista Segurança Eletrônica: Como você enxerga o papel da segurança na experiência do paciente e na reputação da instituição?

Marcelo Pagaime: A segurança é um elemento fundamental para proporcionar uma experiência positiva tanto para os pacientes quanto para os colaboradores, criando um ambiente de confiança e tranquilidade. Quando um hospital mantém altos padrões de segurança, fortalece sua reputação e assegura que todos se sintam protegidos e cuidados, refletindo diretamente na qualidade dos serviços prestados.

Revista Segurança Eletrônica: O que vem pela frente para a área de segurança do Einstein? Quais são os próximos projetos e inovações que você pode compartilhar?

Marcelo Pagaime: Assim como em qualquer grande organização, a busca por inovações e pela atualização constante de tecnologias é um elemento central nos projetos futuros. Dentre as inovações, destacam-se o uso de inteligência artificial para monitoramento, análise de dados e otimização de recursos.

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