Em um discurso de apelo aos investidores da Clearview AI, a controversa empresa anuncia que ter 100 milhões de fotos de rostos vai permitir criar uma base de dados de toda a população mundial para reconhecimento facial
A empresa Clearview AI tem planos para colocar o rosto de todas as pessoas do mundo numa gigante base de dados que sirva para alimentar sistemas de reconhecimento facial. A proposta está a ser apresentada aos investidores e refere que com 100 mil milhões de fotos de rosto é possível criar esta base de dados no espaço de um ano.
A apresentação foi enviada e feita aos investidores em dezembro, em uma tentativa de recolher fundos e refere que a empresa já tem 10 mil milhões de imagens na sua posse, aumentando o ritmo de 1,5 mil milhões de novas fotos por mês. Para conseguir a meta de 100 mil milhões, a empresa pede 50 milhões de dólares.
A recolha de fotos está sendo feita nas redes sociais e outras fontes online, sem o consentimento dos utilizadores ou destes serviços. Facebook, Google, Twitter e YouTube já exigiram que a empresa pare de tirar fotos dos seus sites e que apague todas as que foram recolhidas. A Clearview alega que o recolhimento de dados está protegido pela Primeira Emenda Americana.
O CEO da empresa, Hoan Ton-That, justifica que “a base de dados da Clearview AI de imagens disponíveis publicamente foi feita legalmente, tal como qualquer motor de busca, incluindo o Google. É usada por agências da autoridade para investigações pós-crime para ajudar na identificação dos autores”.
Ainda não se sabe se a empresa quer vender este espólio e este serviço a entidades não governamentais, mas o executivo continua a dizer que “cada foto no conjunto de dados é uma potencial pista que pode salvar uma vida, trazer justiça a uma vítima inocente, evitar identificações erradas ou exonerar um inocente”, salientando ainda que “os nossos princípios refletem o uso atual da tecnologia. Se esse uso mudar, os princípios serão ajustados conforme necessário”.