CEO da Pumatronix fala sobre as estratégias de crescimento e inovação no mercado de segurança
Com forte atuação no setor de monitoramento de trânsito, a empresa brasileira planeja expansão e investimentos em P&D para ampliar seu portfólio e consolidar sua presença no mercado de segurança
Por Fernanda Ferreira
Fundada em 2007, a Pumatronix destaca-se pelo desenvolvimento de soluções inovadoras para monitoramento veicular e segurança no trânsito, incluindo câmeras de alta precisão e sistemas integrados. Em entrevista, Sylvio Calixto, CEO da Pumatronix, compartilhou os planos de crescimento, com foco em parcerias estratégicas e investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), visando ampliar a atuação da empresa no competitivo mercado de segurança eletrônica. Sylvio também abordou os desafios enfrentados pela Pumatronix, suas soluções tecnológicas avançadas e os projetos recentes que demonstram a capacidade da empresa de atender às demandas de um mercado em constante evolução.
Revista Segurança Eletrônica: Poderia dar uma visão geral do que a Pumatronix faz e em que setores vocês atuam?
Sylvio Calixto: A Pumatronix é uma indústria nacional fundada em 2007 por mim e outros sócios, em uma incubadora do estado; na época não se imaginava que o mercado de segurança eletrônica fosse crescer tanto. Hoje somos uma das principais fabricantes nacionais de equipamentos para monitoramento de trânsito. Por meio das nossas soluções, realizamos a captura e processamento de imagem e também sistemas para gestão de informações veiculares, contribuindo para a mobilidade urbana e rodoviária, modernização das cidades, fiscalização e segurança no trânsito.
Revista Segurança Eletrônica: Quais são as soluções que vocês possuem para esse mercado e quais são os diferenciais de vocês para outras empresas do mesmo segmento.
Sylvio Calixto: Nós começamos a Pumatronix fazendo uma câmera para captura de fotos de altíssima velocidade em qualquer condição, e aqui já destaco um dos nossos primeiros diferenciais perante os outros, porque no Brasil os veículos ainda trafegam com vários tipos de placas, desde as placas antigas que não tem refletividade até as placas vermelhas, placas do Mercosul, e essa é uma característica do sistema que desenvolvemos, temos os nossos algoritmos de leitura de placas, as inteligências artificiais próprias – hoje nós vamos além da leitura da placa, fazemos identificação de marca, modelo, cor e outras coisas – e a nossa aplicação vem se desenvolvendo para outros segmentos, como concessionária, com soluções para pórticos free flow, conhecidos como pedágio sem parar. Nossas câmeras são especialmente capazes de pegar todos os veículos que passam nos pórticos, mesmo em altíssimas velocidades, e falando da vertente de segurança, um criminoso não vai trafegar dentro dos limites de velocidade, por isso é preciso ter um produto capaz de identificar todos os tipos de placa, em qualquer situação de luminosidade e velocidade e é esse o nosso foco.
Nós nos dedicamos a ter soluções de altíssima qualidade que possam capturar todos os veículos, tanto para as aplicações de segurança eletrônica quanto para a verificação de impostos, carga dos veículos e todos esses predicados. Como atuamos no Brasil, estamos muito preocupados com as mudanças de legislações e de características da frota. Acreditamos ser a solução mais bem preparada do mercado para todos os tipos de situações que acontecem no país referente a captura de veículos. Nós desenvolvemos, por exemplo, soluções específicas para viaturas, produtos personalizados para uso das forças policiais, como uma câmera que vai embarcada no veículo e faz a leitura em movimento. Dessa forma, o próprio veículo da polícia monitora os carros, motos, que passam por ele de forma automática, além de sistemas que integram todas essas soluções que possam apresentar os relatórios de indícios de crimes, de frequência de fraudes. Todas essas soluções nós apresentamos para o mercado.
Revista Segurança Eletrônica: Falando em integração, as soluções da Pumatronix contam com protocolo aberto?
Sylvio Calixto: Como desenvolvedores da solução, conseguimos ter ampla facilidade de integração com parceiros e por padrão nós estamos integrados com as grandes forças policiais, como Alerta Brasil, da Polícia Federal; Cortex, que é no Ministério da Justiça, Detecta, de São Paulo; com o sistema do Rio Grande do Sul; Helios, sistema de Minas, e assim por diante.
Os sistemas integrados com nossos produtos funcionam de forma automática. Se acontece alguma passagem em algum equipamento nosso, ele já tem visualizado as irregularidades que estão cadastradas em todos esses órgãos e também podem ser enviados a diversos analíticos, como Digifort, por exemplo, ou outros que nossos equipamentos estão conectados.
Revista Segurança Eletrônica: A Pumatronix pretende crescer ainda mais no mercado de segurança. Quais estratégias vocês pretendem utilizam para alcançar esse objetivo?
Sylvio Calixto: Atualmente, 80 a 90% dos radares do país utilizam as nossas câmeras e 80 a 90% das praças de pedágio usam os nossos produtos. O mercado de segurança é um pouco mais combativo, tem os asiáticos bastante fortes, que vêm com uma estratégia agressiva em questão de preço, mas acreditamos que podemos competir de forma bem extensiva, principalmente no quesito customizações. Estamos fazendo um trabalho forte na questão do custo para ter um produto com um valor adequado para o mercado e temos gerado soluções aderentes sempre que desenvolvemos algum equipamento que é importante, ouvindo o nosso cliente. A grande vantagem da Pumatronix é que conseguimos desenhar e desenvolver uma solução própria para cada cliente, estou do lado dele, posso ouvi-lo, estamos disponíveis para fazer todas as adaptações necessárias para ter uma integração completa no caso de uso do nosso cliente final.
Importante ressaltar que a Pumatronix não atua direto nos órgãos públicos, sempre atua por meio de integradores, mas estamos na ponta, ajudamos bastante. O pessoal vai entender aonde eles podem chegar com as nossas soluções.
Revista Segurança Eletrônica: A empresa pretende ampliar o nicho, indo além das soluções para o segmento de trânsito e segurança pública?
Sylvio Calixto: Nós focamos nesse nicho em termos de engenharia de projetos, mas estamos firmando algumas parcerias com empresas internacionais para trazer um portfólio completo. Em termos de capacidade técnica, nos especializamos muito na questão veicular, mas estamos fechando com empresas que entendemos ter a mesma filosofia da Pumatronix em termos de qualidade, preocupação com desempenho e esperamos trazer ao mercado algumas integrações e soluções mais globais, não só da placa, mas também facial, CFTV, alarmes e outras diversas aplicações que podem aparecer.
Revista Segurança Eletrônica: Pretendem também expandir a parceria de vocês com outras empresas?
Sylvio Calixto: Temos uma engenharia de produto buscando soluções aderentes ao mercado, temos no mínimo cinco frentes de parceria com empresas em cada área de atuação, buscando atender o mercado de uma forma mais completa. Na área de segurança temos parceria com outros provedores de software de segurança; na área de pedágios, na questão dos pedágios free flow, que é uma nova tecnologia. Temos buscado parcerias para complementar nossas soluções e atender o mercado de uma forma mais abrangente, esse é um dos focos de 2024.
Revista Segurança Eletrônica: Recentemente vocês divulgaram que pretendem investir cerca de 16% do faturamento bruto da empresa em P&D em 2024, para expandir seu portfólio de produtos e soluções. Esse investimento será direcionado para a área veicular ou para as novas integrações?
Sylvio Calixto: Nós sempre temos um investimento mínimo de 10% em P&D, temos a nossa própria engenharia, temos parcerias com instituições públicas e privadas em diversas regiões do país e procuramos focar muito no desenvolvimento nacional. Temos hoje em torno de 120 colaboradores e a grande maioria são especializados, muitos com mestrados e doutorados para atender ao mercado, por isso o nosso foco é investimento dentro de engenharia e de P&D, e as parcerias vêm para complementar.
Sabemos que o mercado é bastante competitivo e tem a visão que o investimento tem que ser frequente. Além de investir todo ano, esperamos aplicar cada vez mais porque queremos que a empresa cresça para atender o mercado de uma forma mais completa.
Revista Segurança Eletrônica: Poderia compartilhar algum projeto que a Pumatronix realizou recentemente?
Sylvio Calixto: Podemos atender desde projetos pequenos até aqueles com abrangência nacional. Vou falar de um com solução nacional: hoje, a Polícia Rodoviária Federal tem um projeto chamado Alerta Brasil, onde monitora todas as fronteiras do país. Todos os equipamentos que fazem o monitoramento, a leitura de placas, são soluções Pumatronix. Nós somos os fornecedores dos integradores que atuam nesse projeto.
Temos também vários cases com as Receitas Federal e Estaduais de controle de carga. É uma segurança mais nacional e estamos bem envolvidos nesse tipo de ação. Outros projetos menores que atuamos bastante são em controle de acesso de portos e aeroportos, leitura de placas, containers e vagões, todos aqueles códigos especiais nós fazemos. Existe, desde que aconteceu a tragédia nos Estados Unidos das Torres Gêmeas, o ISPS CODE, uma norma internacional de segurança para controle de acesso e monitoramento nestes recintos e temos softwares que fazem esse controle de caracteres.
Outro projeto que estamos em evidência é nas interseções semafóricas da revitalização do centro de São Paulo, onde todas as câmeras são Pumatronix. O planejamento impacta na fluidez do tráfego, que acaba também ajudando na segurança das pessoas, já que com maior fluidez, os veículos ficam menos tempo parados no semáforo, diminuindo os índices de assalto. Esse projeto já tem 2 mil câmeras instaladas e ao seu final vai chegar a mais de 7 mil câmeras. Tudo isso foi conquistado mediante a um desempenho técnico, porque para ter um produto de qualidade e assertividade alta é importante se dedicar bastante à engenharia e pensar muito nas soluções feitas para as características do Brasil.
Revista Segurança Eletrônica: Gostaria de deixar um recado final para os nossos leitores?
Sylvio Calixto: Gostaria de destacar a importância do apoio dos profissionais e das empresas ao mercado nacional. Nós nascemos no Brasil, nos desenvolvemos aqui, temos todo o nosso corpo técnico, operacional e de fábrica dentro de casa. Acho importante termos essa reflexão de olhar mais para a indústria nacional. As empresas brasileiras têm soluções, tecnologia e especialistas. Nós continuamos a acreditar e vamos fazer de tudo para crescer, ter produtos de qualidade e atender o mercado de uma forma bastante positiva. O meu recado é esse: desenvolvemos tudo aqui, trabalhamos, investimos, contratamos, empregamos e gostaríamos que o pessoal pensasse bastante no futuro, que isso é bastante importante para todos nós.
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