Por Rafael Sczcepanik, gerente de Negócios de Casa Inteligente da Positivo Tecnologia
Segurança precisa acontecer antes do susto. Conforto surge de escolhas automáticas, quase invisíveis. A casa conectada entrega esses benefícios com astúcia real, sem espetáculo, a partir de câmeras com inteligência artificial. Quando bem desenhados, esses dispositivos transformam monitoramento em serviço útil, reduzem ruído, orientam decisão rápida e geram uma nova camada de conforto doméstico. Com dados à disposição e princípios claros, a tecnologia cumpre a promessa de vigiar melhor os ambientes domésticos e incomodar menos os moradores.
A segurança residencial evoluiu de gravações opacas para interpretação de eventos. O salto veio com modelos capazes de entender movimento, forma, som e contexto. Em vez de sinalizar qualquer sombra, já há serviços com IA que priorizam o que importa, como indicar alguém pulando o muro, chamas anormais na cozinha ou entrega de pacotes deixados na entrada da casa. O mercado acompanha. Há estudos que estimam 931,1 milhões de embarques globais de dispositivos de casa inteligente em 2025, alta de 4,4%, com produtos de monitoramento e segurança representando mais de um quarto do volume total. O recado é direto: segurança guiou a retomada e segue no centro do valor percebido.
O que muda na prática: interpretar imagens em tempo real deixa de ser gesto isolado e vira ciclo de contexto. A câmera detecta um corpo, verifica padrão de movimento, cruza com zonas de interesse e aprende rotinas da casa. Um pacote do supermercado às 15h entra no padrão. Um veículo parado na garagem de madrugada, fora de perfil, aciona outro tipo de alerta. Sensores complementares elevam precisão.
Alertas inteligentes salvam tempo e paciência. Em lugar de “movimento detectado”, chegam resumos descritivos que informam, por exemplo, a presença de alguém abrindo a janela desde o lado de fora. Esse formato, já disponível em lançamentos recentes como o Smart Detecta IA da Positivo Casa Inteligente, reduz ruído e permite busca por termos, como “entrega” ou “gato”, recurso que acelera a triagem do morador e encurta o caminho até a decisão prática.
Personalização define o salto dessa comodidade. Rotinas se moldam ao estilo de vida. Quem trabalha fora configura janela de alerta mais sensível no período diurno e relaxa regras ao chegar. Casas com idosos priorizam detecção de quedas ou ausência incomum em áreas críticas. Famílias com crianças definem alerta para portas que se abrem em horários impróprios. Tutores de pets recebem eventos sobre comportamento anômalo perto do fogão ou latidos persistentes no quintal. Em logística doméstica, o sistema foca em entregas, abertura de portão, presença de veículo parado em frente. Em situações críticas, a priorização ganha outro tom. Reconhecimento de fumaça, alarme sonoro e chamas visíveis ativam protocolos de alta prioridade com comunicação clara e instruções objetivas, já suportadas por modelos que descrevem cena e sons em tempo quase real.
Há, porém, fronteira ética e técnica que exige cuidado. Pesquisas demonstraram que modelos de linguagem, ao interpretar vídeos de vigilância para recomendar ações, podem sugerir acionar a polícia sem evidência de crime e apresentar inconsistências entre casos semelhantes. Esse achado vale como freio de arrumação e reforça a importância de governança, calibração, explicabilidade e camadas humanas no circuito de decisão sensível. Princípios internacionais avançam na mesma direção. A OCDE atualizou, em 2024, suas diretrizes de IA com ênfase explícita em privacidade, segurança e integridade da informação, pilares essenciais para soluções domésticas que gravam, analisam e enviam dados continuamente.
Acessibilidade sustenta a adoção. A boa solução chega por aplicativo móvel com fluxos simples, onboarding que evita jargões e guias visuais que ensinam a marcar zonas, a ajustar sensibilidade e a revisar eventos. Pacotes em camadas oferecem recursos avançados sem exigir central dedicada ou cabeamento especial. A economia de dados ajuda, já que edge AI filtra antes de enviar, o que reduz banda, melhora privacidade e acelera a resposta. O usuário percebe valor quando recebe menos alertas, mas cada um deles faz sentido e orienta ação clara. Quando o morador confia no sistema, a casa ganha serenidade.
Casos de uso resumem a utilidade. Segurança perimetral com foco em movimentos suspeitos avança com cruzamento de trajetória e horários típicos. Cuidado com pessoas ganha suporte com alertas de queda e de ausência prolongada em áreas vitais, sempre com regra explícita para contato com familiares. Pets entram no radar com identificação de padrões de atividade e gatilhos para evitar acidentes em áreas de risco. Situações críticas reúnem sinais visuais e acústicos para priorizar o que salva tempo, e tempo salva patrimônio e vidas. Para o consumidor experiente, o valor nasce do encaixe entre precisão técnica, governança e experiência sem atrito.
A tese se confirma: câmeras com inteligência artificial, amarradas a princípios de segurança e privacidade, elevam a proteção da casa e simplificam a rotina. O mercado cresce e sinaliza maturidade com foco em monitoramento, os recursos descritivos reduzem ruído, os sensores e a inferência local com NPU criam respostas ágeis e a pauta ética mantém o conjunto no prumo. A casa que pensa por você, com parcimônia e método, amplia autonomia, entrega tranquilidade em escala e reforça a ideia de tecnologia a serviço da vida doméstica. O futuro desejável já está presente e, quando bem configurado, age antes do susto e preserva o silêncio que faz a casa parecer casa.

