Brasília terá sistema de segurança similar ao de Israel contra ataques terroristas

A decisão de comprar o sistema foi tomada depois da constatação de que os drones estão sendo cada vez mais utilizados como arma em atentados políticos

Os detalhes do esquema de segurança de qualquer presidente da República, por razões óbvias, são mantidos sob sigilo. Mas há um protocolo de regras básicas e medidas excepcionais que são adotadas conforme a situação e as exigências do mandatário. Jair Bolsonaro, por exemplo, exigia que alguém experimentasse suas refeições antes de serem servidas. Tinha medo de envenenamento. O capitão também dormia com uma pistola carregada sob o travesseiro, segundo ele uma cautela para o caso de invasores entrarem durante a noite nas dependências do Palácio da Alvorada. Lula, até onde se sabe, não leva os cuidados a esse nível de preocupação, o que também não significa absoluto descaso. Pelo contrário. Mantidas as proporções, em breve o Palácio do Planalto será protegido por um sistema de vigilância similar ao que Israel utiliza para evitar ataques terroristas. O equipamento que será adquirido vai permitir a detecção e a interceptação de drones que se aproximarem da Praça dos Três Poderes.

A decisão de comprar o sistema, que vai custar 62 milhões de reais, foi tomada depois da constatação de que os drones estão sendo cada vez mais utilizados como arma em atentados políticos. Consta que Nicolás Maduro, o ditador venezuelano, escapou de um desses ataques, em 2018, quando participava de uma solenidade militar. Dois aparelhos equipados com bombas explodiram em frente ao palanque onde estava o presidente. Maduro saiu ileso, mas sete pessoas teriam ficado feridas. No Brasil, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, responsável pela segurança do mandatário e do Palácio do Planalto, já interceptou mais de uma dezena de drones que tentaram se aproximar de locais em que Lula estava presente. É, portanto, perfeitamente justificável a preocupação com esse novo tipo de ameaça. “O sistema antidrone é hoje um equipamento essencial para a proteção de autoridades e pessoas importantes”, diz Avrahan Divr, representante da Sentrycs, empresa israelense fabricante desse tipo de equipamento.

O projeto, que está sendo implementado pela Polícia Federal, prevê a instalação de bases estacionárias do equipamento não só no Palácio do Planalto, mas também no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal. Essas estações serão capazes de detectar a aproximação de drones num raio que pode chegar a 50 quilômetros. O funcionamento do sistema é relativamente simples. Depois de rastrear o drone através de um radar, o equipamento emite um sinal de rádio que interfere na comunicação com o piloto, permitindo que a polícia assuma o comando do aparelho, que pode ser destruído ou direcionado para um lugar seguro. A Sentrycs informa que esse sistema já é usado em mais de quarenta países e a tecnologia empregada é similar à utilizada pelas Forças Armadas de Israel.

A Polícia Federal e o GSI não fornecem maiores detalhes sobre o projeto. “Ações de segurança, incluindo tipos de armamento, equipamentos e materiais comumente empregados, estratégias e protocolos de atuação, entre outras informações sensíveis, são mantidos em sigilo, haja vista que, se caírem em domínio público, podem vulnerabilizar a segurança das pessoas protegidas, comprometendo o desempenho da atividade”, explica a PF. Sabe-se, porém, que, além das sete bases fixas, o sistema que será adquirido também contará com unidades móveis que serão utilizadas nas viagens do presidente Lula. Mais limitado, esse equipamento é capaz de escanear, identificar e neutralizar um drone a uma distância de até 5 quilômetros. A ideia é que o todo aparato esteja em plena operação já a partir do ano que vem.

Na campanha presidencial de 2022, um drone sobrevoou o local onde o então candidato Lula fazia um comício, em Uberlândia (MG), e despejou sobre a plateia um líquido “malcheiroso”. Era apenas uma provocação de adversários políticos, mas poderia não ser. Na posse do presidente, em 2023, a Polícia Federal interceptou um outro que tentava se aproximar da Esplanada dos Ministérios. O aparelho não representava perigo, mas o caso serviu para revelar uma deficiência do esquema de segurança. O equipamento utilizado para interceptar o drone fora emprestado pela polícia de São Paulo e tinha capacidade de detectar invasores no raio de apenas 1 quilômetro – arriscado demais, segundo especialistas, principalmente porque os drones mais modernos são capazes de carregar fuzis e atingir alvos a longa distância. Desde o início do atual governo, catorze aparelhos foram interceptados pelo GSI em ações preventivas nos arredores de eventos que tinham a participação do presidente. Agora, a segurança ganha um importante reforço.

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