Violência Doméstica: O papel das centrais de videomonitoramento no combate ao feminicídio
Por Selma Migliori
Na última semana os noticiários mostraram mais um caso de tentativa de feminicídio. Uma mulher foi espancada por mais de quatro horas e, com o auxílio de vizinhos e do porteiro do prédio, o agressor – conhecido da vítima – foi identificado e preso em flagrante. Esse caso, que chama atenção pela brutalidade, é o retrato dos altos índices de feminicídio no país. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Brasil é o 5° lugar no ranking mundial de feminicídio.
O estudo leva em conta o assassinato de mulheres cuja motivação está relacionada ao fato da vítima ser do gênero – e não a todas as mortes de mulheres, como equivocadamente é entendido por alguns. E o setor de segurança eletrônica conta com uma ferramenta poderosa para contribuir no combate à violência doméstica e ao feminicídio. É inegável que hoje as câmeras de videomonitoramento estão presentes onde – muitas vezes – ninguém mais está.
Os equipamentos de segurança eletrônica estão instalados nas ruas, elevadores, cômodos, condomínios, e observam 24/7 o que acontece nesses locais. E exatamente por não se tratar de eventos isolados, é necessário preparar operadores de centrais de videomonitoramento e agentes públicos a identificar e responder corretamente quando a ocorrência flagrada não é, por exemplo, um assalto ou tentativa de furto, mas um tapa, um puxão de cabelo e outras situações que indiquem abuso.
Por exemplo, de acordo com o levantamento de Jefferson Nascimento, doutor em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP), somente na primeira semana de 2019 os veículos de imprensa noticiaram 32 casos de feminicídio: 21 mortes e 11 tentativas de assassinatos. Por isso, não é possível ignorar o poder que os sistemas eletrônicos de segurança e seus agentes podem desempenhar nesse sentido.
Se no ditado popular “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, os índices de violência doméstica e morte de mulheres nos diz o contrário – mas, para isso, é necessário treinamento. Assim como os agentes de segurança recebem treinamento para reagir a outros crimes, este é mais um que se soma à lista e, assim como os demais, deve ser levado com rapidez e profissionalismo.
Selma Migliori é Presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança #ConecteSe #Juntossomosmais
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