Venda Mais Tecnologia #11: Serviços Portuários e Alfandegados

Por Silvano Barbosa

Seja bem-vindo a mais uma coluna Venda Mais Tecnologia, onde a proposta é falar assertivamente do mercado de segurança eletrônica, e obviamente, como vender mais! Dessa vez, vou abordar sobre operações portuárias e recintos alfandegados. O quanto você de fato conhece dessas operações?

Em um primeiro nível, como quase todo tipo de empreendimento, esses locais precisam dos conceitos básicos de segurança: proteção perimetral, controle de acesso, CFTV, etc. Ok, isso é bem básico, mas como bons vendedores, pré-vendas e consultores que somos, vamos obviamente alcançar camadas mais profundas de entendimento, pois de fato elas precisam de tudo isso, porém dentro de um contexto muitas vezes diferente do que projetamos e executamos em outros locais, bem como adicionais específicos quanto à atuação. Camada a camada, como a teoria dos círculos concêntricos sugere, vamos analisar algumas opções e diferenças.

Camada Externa – Nos referimos aqui a camada de fora, não os muros, mas a parte externa do empreendimento. Temos a possibilidade de ação aqui? Se sim, como iremos atuar? Hoje temos a adoção de totens de segurança, com câmeras, sirenes, analíticos, interfonia, entre outros produtos para interagir com esse meio. Nota-se apenas que, em uma instituição portuária, essa “área externa” pode ser o mar.

O que podemos fazer então? Depende. Que problemas temos a resolver e prevenir? Nesse caso, locais de porto são muito assediados pelo tráfico de drogas, por exemplo, que operam fixando cargas no casco abaixo da linha da água, depois retiram em uma das paradas do navio no exterior, ou o içamento de produtos ilícitos para pessoas já embarcadas, entre outras modalidades. Como prevenir esse tipo de atividade? Podemos aplicar tecnologias de radar, infravermelho, drones fazendo vigilância pontual ou rotineira ao redor desses navios, ou seja, usar contextos diferentes, produtos que já utilizamos em outras situações.

Proteção Periférica – Nesta camada temos mais uma vez o dificultador de que esses locais muitas vezes tem o mar como linha limítrofe. Como controlar essas áreas? Se pensarmos sobre quem vem pelos acessos comuns, a pé ou em veículos, um bom sistema de controle de acesso vai ser uma boa opção, muitas vezes usando um amplo leque de possibilidades do como utilizar. Se considerarmos a água, os mesmos dispositivos que usamos na camada anterior podem nos ajudar muito, mas para manter a ostensividade de que, quem ali está, está autorizado, podemos utilizar um sistema de CFTV bem dimensionado e com analíticos de reconhecimento facial detectamos se alguém que ali está não deveria, e isso é facilmente construído em conjunto com o controle de acesso. As pessoas que andam pelo local fazendo suas tarefas ou cumprindo seus trajetos vão sendo reconhecidas pelo sistema e automaticamente cruzando os dados de áreas permitidas. Ao ser detectado alguém que não está sendo reconhecido ou que foi reconhecido e não deveria estar ali, os responsáveis são alertados imediatamente, a catraca ou torniquete trava, e assim por diante, ou seja, o mesmo sistema de CFTV responsável por monitorar o ambiente, passa a monitorar pessoas. Maximização do investimento do cliente e acréscimo de segurança na veia!

Quando consideramos portos turísticos, o volume de pessoas transitando é de picos altíssimos seguidos por tranquilidade igualmente alta. A temporada de cruzeiros leva milhares de pessoas para os embarques e desembarques nesses portos, mas a frequência é baixa, acontece alguns dias por ano, não o ano todo, todo dia. Assim a aplicação dessa solução precisa também ser maximizada, cada centavo, para que o cliente final possa ver reais benefícios, e, quem sabe, possa ser utilizado ali nesses dias, e em outros dias, em outro local?

Portos transportam mercadoria, que podem chegar das mais diversas formas, como grãos, sacos, malas, pallets, contêineres, e esse translado segue por ritos e normativas dos órgãos de fiscalização federais, estaduais, etc. Isso nos leva a realidades que só se vive ali: o controle de acesso com compartilhamento de dados com a Receita Federal. Recintos alfandegados são espaços físicos dentro das estruturas dos portos, que são, por definição jurídica, áreas internacionais. Os produtos ali alocados ainda serão verificados, consultados e legalizados para poderem seguir viagem, e o acesso a esses espaços segue uma normativa pesada de como devem atuar.

Logo, o software e o processo do acesso também têm características próprias. A Senior Sistemas, onde atuo hoje, tem um produto específico para esse meio, e a plataforma tem muita legislação embarcada para poder fazer o trabalho e se comunicar adequadamente com os órgãos competentes. Para adicionar uma camada a mais de Brasil nesse caso, as resoluções e necessidades podem ser diferentes, em portos distintos. Nesse caso, estamos lidando com tecnologias que usamos em diversos outros lugares, mas com um contexto de aplicação e requisitos mais específicos.

Portos secos, por exemplo, onde é feito o translado de contêineres, precisam de muita informação sobre a carga. Eles recebem os dados normalmente antes da chegada, vinculam as informações de entrada e saída, pesagem através de uma balança, leitura dos dados do contêiner por câmeras adequadas, OCR de imagem, leitura de códigos de QRCode, leitura de placas de caminhões, controle de acesso do motorista, etc., armazenando essas informações e em alguns casos submetendo as mesmas aos órgãos competentes ou as plataformas de gestão. Além disso, dentro de alguns portos secos, ainda temos recintos alfandegados.

Portos seguem diretivas, normas, leis, fluxo de cargas, pessoas e produtos bastante específicos. Essa camada a mais não é para nós um gerador de dificuldade, mas de oportunidade, pois requer uma especialização maior para atender essas demandas.

Assim, quando olhamos para esse tipo de ambiente, temos várias características a serem consideradas, e isso vai gerar ao mesmo tempo, diversas soluções mais específicas em algum momento e bem genéricas em outras. Portanto, o que é mandatório para termos sucesso ao atender clientes que tenham esse perfil de atuação?

O mesmo dos demais, mas nesse caso, vamos precisar de mais esforço: conhecer as normas a que eles estão submetidos, visitar suas instalações físicas, processos, o vai e vem das mercadorias e com quem comunicamos. Conhecer a vida do cliente para que nossas soluções façam sentido a ele, resolvam necessidades e ajudem a entregar mais e melhor, mais rápido e com melhor custo-benefício.

Se não soubermos, por exemplo, o que a normativa diz sobre como devemos armazenar os dados e quais devemos repassar às autoridades competentes, vamos correr um risco alto do projeto ser recusado e a empresa mal avaliada.

Quer falar comigo? Só mandar um e-mail para contato@silvanobarbosa.com.br.

Convidado do mês: Tiago Rau, da Eagle Soluções (@eaglesolucoes)

Silvano Barbosa: Qual é o maior desafio quando iniciam um trabalho junto a uma empresa do ramo portuário?

Tiago Rau: O maior desafio é implementar as soluções de gestão, segurança e automação necessárias para atendimento às normativas exigidas no ramo portuário sem prejudicar a operação, de forma que os sistemas implementados sejam capazes de otimizar o fluxo operacional do recinto para não serem vistos apenas como um custo obrigatório, mas sim como um investimento.

Silvano Barbosa: Existem tipos de equipamentos que são específicos a estes locais ou cuja aplicação se faz diferente do convencional? Pode dar alguns exemplos?

Tiago Rau: Sim, os recintos em sua maioria estão localizados em ambientes sujeitos a intempéries, corrosão, produtos químicos e descargas atmosféricas, assim os equipamentos devem atender as normativas nacionais e internacionais de qualidade e construção, bem como terem certificações de proteção adequadas a cada ambiente. Por exemplo, em áreas com produtos químicos e alto índice de corrosão o indicado é que os equipamentos sejam de material inoxidável.

Silvano Barbosa: Recinto alfandegado é um grande problema? Melhor evitar?

Tiago Rau: Devido a complexidade em atender as necessidades da operação e das normativas exigidas para um recinto alfandegado, o desafio não é para aventureiros. Além de um corpo técnico extremamente qualificado, a empresa deve estar atenta às normativas exigidas e ter capacidade de adaptar as soluções ofertadas às particularidades de cada recinto.

Silvano Barbosa: Quais as normativas, regras, mais importantes a serem aprendidas por quem deseja atender instituições desse tipo?

Tiago Rau: De forma geral, todos os recintos alfandegados devem atender a Portaria Nacional RFB nº 143 e seus anexos, e recintos que estejam localizados em áreas primárias devem atender também a norma de segurança internacional ISPS Code. Além da RFB 143, existem normativas regionais que devem ser consultadas pelo recinto na Receita Federal da região onde está localizado.

Silvano Barbosa: Como a Eagle desenvolve seu bom trabalho com os players do mercado?

Tiago Rau: A Eagle Soluções atende o cliente desde o projeto base, iniciando junto com o cliente o desenho do seu recinto e das soluções necessárias para atendimento às normativas, aliado sempre ao atendimento da operação do recinto e acompanha o cliente em todo processo de construção, implementação e configuração de toda tecnologia necessária para segurança e automação, para garantir que ao final do projeto o local esteja preparado para ter o seu alfandegamento aprovado.

Silvano Barbosa
El Professor tem 30 anos de tecnologia, com certificações das mais variadas em TI e em Segurança Eletrônica, formado em análise comportamental e vendas, e desde sempre compartilhando conhecimento. Especialista em vendas e controle de acesso, é sócio investidor e co-criador do CT Hub. Através de treinamentos abertos e in company já formou mais de 200 pessoas no Brasil.

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