USP implanta tecnologia inteligente no campus

Sistema Smart Campus, criado pela Poli-USP em parceria com a Huawei, aplica tecnologia inteligente nos equipamentos e dispositivos de monitoramento para aumentar a segurança no campus e construir um ambiente sustentável, integrado e eficiente

Por Fernanda Ferreira

Todos os dias, circulam pela Universidade de São Paulo (USP) cerca de 50 mil veículos e 100 mil pessoas, entre estudantes, professores, funcionários, prestadores de serviços e visitantes. Isso representa – dentro da média populacional dos municípios brasileiros – o perfil da maioria das cidades do Brasil, mas com aspectos de trabalho e comportamento que se assemelham mais com localidades grandes, que apresentam problemas de trânsito, homicídios, estupros, sequestros e roubos. Somente de janeiro a maio desse ano, a Cidade Universitária registrou mais de 70 ocorrências de crimes, segundo dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Diante desse cenário, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli – USP), em parceria com chinesa Huawei, desenvolveu um projeto que tem o objetivo de monitorar e aumentar a segurança dentro e fora do campus, por meio da aplicação de tecnologia inteligente.

O projeto piloto, chamado de Smart Campus, conta com o mesmo conceito das Smart Cities, ou Cidades Inteligentes, e se define pelo uso da tecnologia para melhorar a infraestrutura urbana, tornando as cidades mais eficientes e melhores de se viver.

O sistema da USP utiliza dispositivos e câmeras de alta tecnologia para identificar pessoas em atividades suspeitas dentro da Cidade Universitária. Esses dispositivos detectam rostos e objetos e enviam as informações para um banco de dados em nuvem que, por sua vez, é capaz de identificar a pessoa se ela estiver cadastrada no sistema. Se houver indícios de atividades suspeitas, o sistema envia um alerta de segurança.

“O projeto tem a ideia de ser um suporte para a segurança da USP. Por meio de câmeras e outros sensores, detectamos o que está acontecendo ao redor, mas não é apenas filmar as imagens e colocar alguém para ficar monitorando, e sim colocar inteligência nas soluções para identificar pessoas, objetos, captar emoções, movimentações suspeitas, placas de veículos, etc. Quando nosso sistema identifica esse tipo de informação, ele envia um alerta para a central de monitoramento e um aviso para os celulares das pessoas cadastradas”, explicou o Coordenador Técnico do Projeto e Pesquisador de Pós-Doutorado, Anderson Aparecido Alves da Silva.

A pesquisa, que já custou cerca de R$ 1,5 milhão, está na fase de desenvolvimento, porém o objetivo é ampliar o sistema para todas as unidades do campus e depois, transpor as barreiras da universidade e aplicar esse conceito em cidades brasileiras. “Queremos usar o campus como uma representação de uma cidade pequena, mas que conta com problemas sérios de segurança. A maior preocupação dos cidadãos hoje, no Brasil, é segurança pública. A nossa visão é maior, não é fazer um Big Brother (reality show que vigia pessoas 24h por dia), e sim dominar a tecnologia da inteligência da imagem, acreditando que no futuro a imagem e o vídeo vão ser fonte de informação preciosa para a interação entre as pessoas, e entre pessoas e máquinas”, disse o Professor do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, Sergio Takeo Kofuji.

Desafios

Um dos obstáculos que os pesquisadores estão enfrentando é a precisão do reconhecimento facial. Variações ambientais como iluminação, clima e diversidades étnicas, comprometem a exatidão da ferramenta. “O reconhecimento facial já é uma realidade, o grande desafio no Brasil é a diversidade de etnias, não há um padrão específico para fazer uma análise da face. Na China, por exemplo, é mais prático implementar o reconhecimento facial porque a etnia é bem definida”, explicou Romulo Horta, Diretor de Marketing da Huawei Enterprise.

Outro desafio é a velocidade de transmissão dos dados pela internet, que sofre atrasos no tempo de resposta entre dispositivos, mesmo com tecnologia 4G. Por conta disso, a Poli e a Huawei já estão falando em realizar futuramente testes técnicos de conectividade 5G no campus. “A Huawei está no núcleo da revolução que está acontecendo hoje, que é a Internet das Coisas. O IoT não são só sensores, é a conectividade, é como as coisas se comunicam uma com as outras, e as coisas com as pessoas. Eles estão investindo muito na próxima geração de comunicação e já estamos vendo a evolução desse projeto quando o 5G chegar aqui”, falou Kofuji.

Privacidade

Outro assunto em pauta quando se discute Cidades Inteligentes é a questão da privacidade. Segundo o coordenador do Smart Campus, o projeto foi desenvolvido desde o começo pensando nessa questão. “Colocamos câmeras e sensores nos principais pontos do prédio da engenharia elétrica e utilizamos um banco de dados interno em que o uso dessas informações é completamente fechado. Vamos partir agora para a segunda fase do projeto, em que faremos um acordo com cada departamento de cada instituto para utilizarmos as imagens das pessoas cadastradas, com autorização para entrar em determinados setores. Somente na terceira etapa que incluiremos alunos e professores, mas teremos que fazer um trabalho de convencimento maior, mostrando que as eventuais perdas de privacidade têm seus ganhos em termos de segurança e melhor oferecimentos dos serviços”, contou Anderson.

Não é só segurança

O Smart Campus também quer aplicar o conceito de IoT e comunicação na área de educação, de sustentabilidade e para melhorar o dia a dia na universidade.

Para a educação, os pesquisadores vão utilizar os recursos inteligentes para analisar o nível de atenção e estado emocional dos alunos, identificando o que mais chama a atenção, quando o interesse aumenta e quando ele diminuiu. “A ideia é fazer uma análise de emoções e entender quais são os fatores que afetam a deficiência no aprendizado”, disse o professor Sergio Kofuji.

Outra aplicação será na forma de auxílio aos alunos, professores, visitantes, em casos de acidentes, por exemplo, ou alguém que não lembra o local em que estacionou o carro. O sistema poderá detectar esses eventos e ajudar a solucionar. Também serão integrados a plataforma medidores inteligentes para consumo de energia e água, proporcionando a longo prazo uma sustentabilidade total na Universidade.

“Enxergamos que há uma grande demanda do mercado para a área de Cidades Inteligentes, e entendemos que o investimento na área de segurança é o primeiro passo para transformar a cidade em uma Smart City de fato. A Huawei tem um portfólio bem completo na área de segurança e estamos promovendo muito a colaboração com o ambiente acadêmico para desenvolver novas tecnologias para melhorar a segurança. A parceria com a USP ajuda a refinar essa parte de inteligência, a trazer mais aplicações, deixar as funções mais precisas e adequadas a cada mercado. A universidade é um ponta pé inicial para uma grande aplicação que pode ser implementada em outras cidades do país”, falou Horta.

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