Sentimento de insegurança impulsiona mercado de proteção patrimonial

Por Marco Antônio Barbosa

O setor de segurança eletrônica cresceu 18% em 2022 e espera aumentar mais 19% neste ano. Este é o resultado da pesquisa Panorama de Mercado, realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese). Mesmo com as crises que sentimos no bolso, esta área segue em grande avanço nos últimos anos.

Qual, então, seria o motivo de um resultado tão positivo?

São dois aspectos principais que fazem a segurança eletrônica destoar de outros setores produtivos brasileiros: evolução tecnológica e sensação de insegurança crescente.

O primeiro é algo comum em diversos mercados. O aumento do acesso à internet de qualidade, somado à rapidez com que os produtos evoluem, acaba barateando essas tecnologias. Circuito de câmeras, cancelas, catracas e portões eletrônicos são as linhas que popularizaram nos últimos anos.

O crescimento do uso da Inteligência Artificial (IA) também já impacta. Soluções mais inteligentes e que integram diversas tecnologias começam a ganhar cada vez mais espaço, mas ainda são itens mais caros e, por isso, somente quem possui um poder aquisitivo mais alto tem acesso. Entretanto, o mesmo caminho trilhado pelas câmeras, por exemplo, deve também trilhar a IA, ficando cada vez mais acessível para todos.

As tecnologias de reconhecimento facial se tornarão cada vez mais comuns, como a já utilizada no estádio do Palmeiras, em São Paulo. Você compra o ingresso e, somente com o seu rosto, acessa a arquibancada de forma rápida, em uma ação que também está ajudando a inibir a ação de cambistas.

Entretanto, apesar de toda a inovação de uma indústria que espera crescer ainda mais nos próximos anos, o maior motor desta expansão é a sensação de insegurança. Os índices de violência continuam altos em todo o Brasil, e assistimos frequentemente à demonstração da ousadia dos criminosos, que não se intimidam e sempre encontram uma forma de burlar os sistemas de segurança.

Mesmo atrás de um arsenal, ainda nos sentimos como se estivéssemos na mão das quadrilhas e facções criminosas que, sabidamente, dominam e agem em todo o nosso território.

Neste vácuo deixado pelos governantes, que não conseguem criar políticas de contenção de curto ou longo prazo, a sociedade busca maneiras de se defender. Os números mostram que vivemos em uma guerra e, neste cenário, cada um se protege como pode.

O setor de segurança cresce a cada ano um pouco mais, apesar da economia do país. Sente os efeitos da conjuntura econômica, mas muito pouco, pois as pessoas sempre buscam se proteger. As empresas do mercado brasileiro se modernizam rapidamente para atender à grande demanda que o país possui em meio aos seus altos índices de criminalidade e violência.

É um ciclo que tende a se manter, pois a segurança privada é uma chance de evitar danos ainda maiores nesta batalha que o Estado enfrenta e perde todos os dias.

Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.

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