Segurança Eletrônica, muito além de segurança

Por Oberdan Souza, Engenheiro Eletricista e IoT

Estou há 25 anos no mercado de segurança eletrônica, e desde 1997, ano que eu ingressei por essa opção de profissão, e ainda não sabia que seria a mola mestre de desenvolvimento da minha carreira em engenharia elétrica, acompanhei diversas mudanças no cenário geral.

Desde a chegada cada vez mais forte de tecnologias, como o boom do mercado chinês dentro do Brasil, o que foi vital para o aumento dos portfólios e valores acessíveis, até a aplicação de cada solução e produto, e principalmente, a maneira que as empresas de instalação/integração ofertam seus serviços.

Reforço que trabalhei muitos anos com diversas placas de captura para CFTV, com marcas renomadas, até modelos muito simples, que a aceitação de mercado era muito menor. Já entre os anos 2003 e 2008, vi uma ascensão de multiplexadores de vídeo, time lapse para fitas magnéticas, e por fim, a chegada dos impecáveis DVR’s, e agora estamos na era da nuvem, dos VMS’s, enfim, muita mudança. Mas o foco aqui, é tentar apresentar que com a evolução do mercado, das tecnologias e das soluções apresentadas, segurança eletrônica deixa de ser apenas segurança, passando a ter papel fundamental em outras áreas, como MARKETING, CONTROLE DE PESSOAS, CONTROLE DE TRÁFEGOS EM VIAS, etc.

Vale muito dizer que SEGURANÇA ELETRÔNICA, HOJE VAI MUITO ALÉM DE SEGURANÇA. Grandes fabricantes, como por exemplo a HIKVISION, que hoje, 2022, é a maior de soluções de segurança do mundo, aposta em aplicações, já citadas anteriormente, que antigamente passavam despercebidas.

Quero que juntos pensemos em uma loja de varejo, que vende roupas, sapatos, muito comuns em shoppings, que pode acompanhar a rotina dos seus clientes não apenas para coibir algum ato de infração, mas para entender o seu público.

Câmeras, gravadores, softwares, preparados para ter uma estimativa de idade, o gênero, horários de maior frequência, entre outras informações, e em posse dessas informações definir qual o tipo de chamada de marketing que vão aplicar em um determinado horário, por saber exatamente o que acontece nessa faixa de horário. Ou ainda uma mãe que envia o filho para a escola, e após a chegada da criança/adolescente na sala de aula, recebe uma notificação no celular informando que ele já está aos cuidados do professor, e até mesmo uma notificação informando que o filho saiu da escola através de reconhecimento facial.

Observe que não estamos mais falando somente de vigilância, mas de aplicações para os mesmos dispositivos de câmeras que antes apenas filmavam e gravavam. Hoje consigo tratar esses dados, dá movimento para essas informações. Um supermercado, através de heat map, consegue entender onde está o movimento de pessoas em suas lojas, podendo então definir valores diferentes para gondolas (ou quiosques em shoppings), ou movimentar produtos de prateleira afim que o produto que não está tendo grande demanda, fique próximo daquele onde há maior procura.

Um controlador de acesso que além de liberar a abertura de uma porta, consegue filtrar se a pessoa que está tentando acesso não está com febre, está ou não usando máscara de proteção, e ainda filmar o perímetro em volta.

Reconhecimento facial, mapa de calor, termografia, controle de banda de internet, distinção de pessoas, veículos ou animais, para que o alerta seja preciso para o operador, já fazem parte do portfólio de grandes fabricantes e estão acessíveis para o consumidor final. Poderíamos falar aqui de diversas aplicações que vão muito além de segurança eletrônica. Câmeras com captura de placa veicular, poderia reconhecer o carro de um convidado de uma empresa para a reunião, avisar à recepção que essa pessoa está chegando, e a empresa anfitriã se preparar para receber, preparar uma sala para a reunião, deixar avisado aos envolvidos para uma reunião, e até quem sabe, entender que é hora de deixar o cafezinho na mesa do diretor, pois foi alertado que ele já está chegando.

Todos já ouvimos dizer que OS DADOS SÃO O NOVO PETRÓLEO, pesquisas realizadas em abril/2020, apontaram que 93% das empresas, de mais de 170 entrevistadas, reconhecem a importância desses dados, assim como 97% das empresas assumem que utilizam essas informações como insumos para insights no atendimento do cliente, ou na tomada de decisão estratégica de marketing.

Ou situações que ainda podem ser usadas como antecipação, por exemplo se uma placa solar está superaquecida, se está pegando fogo no milharal ou no algodão pronto para armazenamento, ou se fora de uma agência bancária há movimento estranho de pessoas o que caracteriza uma atitude suspeita, conhecida como “saidinha de banco”, ainda se há aglomeração em um determinado ambiente como recepção de um hospital ou estação de metrô, podendo o governo com essa informação fazer mobilização de força policial ou tática em função dessa situação, ou simplesmente mobilização de um time maior na recepção de um hotel. Câmeras que podem detectar violências, queda de pessoas, etc…

Então, hoje SEGURANÇA ELETRÔNICA, tem uma força maior que simplesmente vigilância, pode ser um gerador de dados, um canalizador de informações que devem ser tratadas para alcançar resultados além de monitoramento perimetral.

Estar apto para essas tratativas, é o que difere uma empresa de instalação/integração, um fornecedor de produtos, e principalmente aumenta a confiança de um cliente final em fazer aquisições ou trocas de produtos. Três pontos geralmente são discutidos na hora de um projeto de segurança, e lembrando que um projeto de segurança não é apenas cabos, HD’s, câmeras, gravadores. Esses pontos são:

· EFICIÊNCIA;

· PREÇO;

· APLICAÇÃO.

As empresas que ofertam soluções precisam se preparar para a evolução do mercado nas ofertas de produtos, conhecendo o que há de mais moderno e as aplicações. Assim como se preparar tecnicamente com cursos, workshops, treinamentos e lives. Há muitas boas ofertas acessíveis, que muitas vezes o usuário final conhece e o ofertante não. E isso tem feito que não consigamos nem evoluir do ANALÓGICO para o IP.

O Brasil ainda é um dos maiores parques de câmeras analógicas do mundo, e muito disso, por falta de preparação dos times técnicos. É o mais fácil que ainda vale, soluções plug and play, que quebram a barreira do técnico e do instalador.

Então podemos dizer que SEGURANÇA deve ir muito além de SEGURANÇA, deve oferecer, dados, acesso rápido, opções de sistemas proativos e não apenas passivos, etc… SEGURANÇA HOJE É MUITO MAIS QUE SEGURANÇA.

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