Segurança como um serviço
Modelo de negócio que tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil permite que o cliente tenha os equipamentos de segurança e a manutenção periódica como um serviço, sem a necessidade de realizar um investimento inicial com a compra das soluções
Por Fernanda Ferreira
O Shopping Vitória, que está localizado na capital do Espírito Santo, recebe cerca de 15 milhões de pessoas por ano em seu estabelecimento. Com uma área construída de quase 100 mil m², mais de 300 lojas e prestes a completar 26 anos de existência, o Shopping passou de um sistema de segurança antigo e ineficiente para um com sistema e soluções de última geração, que acaba de ser inaugurado.
A primeira aplicação de CFTV realizada no empreendimento aconteceu há quase duas décadas, em 2002, e desde estão não ocorreu mais nenhum tipo de renovação nos equipamentos. Conforme o mercado avançava em relação a tecnologia e recursos, as soluções permaneciam as mesmas, o que resultava em problemas operacionais.
“Nós arcávamos com uma série de sinistros equivocados, que não tinham ocorrido no Shopping, mas como as câmeras não forneciam uma imagem nítida, não tínhamos como nos defender e acabávamos indenizando de imediato, o que nos gerava um grande prejuízo”, disse Raphael Brotto, diretor geral do Shopping Vitória. “Essa situação, aliada a necessidade de um melhor monitoramento dentro do shopping, nos fez pensar em fazer uma revitalização”.
Entretanto, mudar todas as soluções implantadas iria demandar um alto investimento inicial em soluções, mão de obra e manutenção; foi quando a empresa de segurança SegurPro ofereceu a opção de As a Service (Como Serviço). Nesse modelo de negócio o cliente contrata todo o trabalho de segurança como um serviço, dessa forma não há gastos com a compra de nenhuma solução, a empresa contratada instala os equipamentos e se responsabiliza pelas falhas e manutenção periódica. “Quando analisamos a viabilidade do contrato no formato As a Service ficou claro que era a nossa melhor opção, porque toda a parte de manutenção e inteligência do negócio ficou a cargo da SegurPro. Se eu compro os equipamentos, eu passo a ter adquirido as soluções ao meu patrimônio e tenho que fazer toda a gestão do negócio, só que segurança não é o nosso mercado, é inerente, mas não é a nossa especialidade, nós somos loja, por isso deixamos a nossa segurança com quem sabe fazer segurança”, explicou Raphael.
Segundo Bruno Jouan, diretor da SegurPro, a empresa realiza no complexo um serviço de ponta a ponta. “A elaboração de projetos desta natureza passa inicialmente por uma consultoria onde é redesenhado todo o escopo de serviços, aliados a utilização de sistemas tecnológicos para uma melhor otimização dos recursos. Além de um projeto detalhado contemplando todo o plano de segurança da unidade, também ficamos a cargo da manutenção e ampliação de todo o parque tecnológico. Para este projeto, fizemos um alto investimento em tecnologia que passam dos R$ 4 milhões”, disse Bruno. “A WDC Networks foi nosso parceiro neste projeto fornecendo os equipamentos no modelo As a Service, o que viabilizou nosso investimento. A SegurPro acredita que este é o modelo que vai predominar no mercado daqui alguns anos. Não existirá uma demanda de serviços de segurança sem que haja a necessidade da utilização de tecnologia e cibersegurança. O modelo As a Service permite aos clientes adquirirem as soluções mais inovadoras em tecnologia sem a necessidade de um grande investimento inicial”, completou.
Ao todo foram instaladas 506 câmeras IP Hikvision com vídeo analítico embarcado que fornece detecção facial, contagem de pessoas, identificação de placas de veículos, abandono de objetos, analítico de aglomeração e análise perimetral, tudo com capacidade de armazenamento de 60 dias nos servidores. Além disso, ao invés de utilizar infraestrutura tradicional, com roteador, swift e cabeamento estruturado, foi implantando uma rede totalmente em fibra, usando tecnologia GPON Fiber Home.
“A WDC forneceu para a SegurPro uma infraestrutura de rede que é usada pelas operadoras de telecomunicações, mas que funciona muito bem em um ambiente como um shopping, pois trata-se de um local grande, com distâncias longas entre a central de monitoramento e uma câmera que está instalada no estacionamento, por exemplo. Para fazer esse projeto com um modelo de infraestrutura tradicional seria necessário usar um cabeamento convencional que exige instalar shafts com ar condicionado a cada 100 metros de distância em um ambiente protegido e com energia elétrica, isso encarece e atrasa as obras. Com a tecnologia de rede GPON, que usa fibra ótica, é possível ir a 20 km sem ter que instalar nada no percurso”, explicou Vanderlei Rigatieri, presidente da WDC Networks, distribuidora responsável pelo fornecimento das soluções. “Esse projeto, além da novidade do modelo de negócio As a Service, também embute uma inovação de infraestrutura para shoppings. Até hoje, a tecnologia GPON era usada apenas na rua, ficava nos postes, e agora estamos fazendo em shoppings, outlets, edifícios comerciais, indústrias. O gasto com infraestrutura tradicional em um projeto como esse pode ser mais elevado que o próprio custo das câmeras em si, por isso o GPON é uma inovação em termos de tecnologia e que reduz custos”, completou Rigatieri.
O novo sistema de segurança também conta com Central Inteligente de Monitoramento, onde todas as ações registradas orientam para a prevenção e eventual intervenção da equipe, pois permite detectar situações ou atividades suspeitas em poucos minutos, incluindo todo o interior do mall e toda área externa, como também os estacionamentos cobertos e descobertos.
“Como joalherias e lojas de celular são alvos mais frequentes de criminosos, nós temos uma câmera apontada exclusivamente para esses estabelecimentos, e se uma pessoa permanece na vitrine por mais de dois minutos, um aviso é disparado na central, como forma de prevenção. Em seguida um vigilante é acionado e se aproxima da loja, obviamente seguindo todas as normas de conduta previamente estipuladas para esse tipo de ação. Quando uma pessoa está planejando um delito, automaticamente ela sai quando avista um vigilante se aproximando”, explicou Brotto. “É um modelo de segurança muito avançado, que permite acompanhar basicamente em tempo real tudo o que acontece dentro do centro de compras. É como se estivéssemos dentro de um reality show, podendo acessar diversas câmeras com visão em Ultra Alta-Definição e com riqueza de detalhes capaz de detectar faces e objetos de valor”.
Outro problema que foi sanado por completo foram os sinistros equivocados. Logo na primeira semana com o novo sistema de segurança, um visitante entrou no shopping com um carro recém retirado da concessionária e encontrou um arranhão milimétrico nas portas do lado do motorista. Ao acionar a equipe de segurança da SegurPro, as imagens das câmeras foram verificadas e foi comprovado que o carro já estava com o arranhado quando chegou ao centro de compras. “Era um arranhão quase imperceptível que a câmera conseguiu captar. São casos assim que, se estivéssemos ainda com o antigo sistema, jamais conseguiríamos provar”, pontuou Raphael.
Desafios do As a Service
Realizar um projeto de segurança como um serviço, sem efetuar venda de equipamentos, ainda é novidade no mercado de segurança. Segundo Vanderlei Rigatieri, o principal desafio é vencer o preconceito do comprador de possuir um equipamento. “As empresas brasileiras ainda tem uma mentalidade de querer ter a propriedade do produto e não analisa a visão financeira do negócio, ou seja, o custo total de propriedade ao longo de 5 anos. As câmeras, os roteadores, as catracas, precisam realmente ser meus? Na medida em que os clientes começarem a fazer conta e levarem essa decisão para a equipe financeira, esse modelo vai acelerar muito no Brasil”, disse Vanderlei. “No caso do Shopping, o administrador precisa ter a melhor segurança possível sempre, mas como ele faz isso se a tecnologia muda a cada cinco anos? Além disso, ele recebe o condomínio das lojas todos os meses, há uma receita mensal, por isso pagar a segurança mensalmente é muito mais simples, mas se for fazer um investimento comprando as soluções, teria que captar recursos em banco ou usar seu caixa, ou seja, a decisão é muito mais difícil”, finalizou Rigatieri.
“Atuar com os melhores parceiros tecnológicos é fundamental para o sucesso desse modelo de serviço, além disso, a solução tem que ser desenhada atendendo a todas as necessidades do cliente, formatando uma solução completamente customizada e única. O que é bom para um cliente, pode não atender a outro. Começamos a perceber uma melhora significativa na aceitação do mercado para esse tipo de serviço”, complementou Bruno Jouan.
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