Segurança colaborativa torna bairros de São Paulo mais seguros

Programa já conta com mais de 1.300 câmeras no sistema e une residências e comércios no combate a criminalidade e ocorrências do dia a dia

Por Fernanda Ferreira

Como tornar as ruas mais seguras? Como implantar um sistema eficiente que faça a integração de condomínios, casas, lojas e comércios? Para proporcionar mais segurança e agilidade para as pessoas e empresas, nasceu o CoSecurity, uma startup que traz o conceito de segurança colaborativa através de sistemas de monitoramento de imagens, instalação padronizada de câmeras, plataforma em nuvem, central de monitoramento e aplicativo para acesso às imagens nas mãos dos gestores.

Para sabermos mais sobre o programa, conversamos com os fundadores do CoSecurity, Luciano Caruso, diretor geral da Haganá Tecnologia e Chen Gilad, CEO na Haganá.

Revista Segurança Eletrônica: Como surgiu a ideia de criar o CoSecurity?

Luciano Caruso: Em 2012 decidi fazer uma imersão de alguns meses na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, para aprimorar meu inglês. Por ser uma cidade bastante plana, decidi conhecê-la no pedal e comprei uma bicicleta para usar enquanto morava na Universidade de Chicago.

Vindo de um lugar onde as taxas de criminalidade são tão altas, nós sempre esperamos que nada vá acontecer em um país de primeiro mundo como os Estados Unidos, mas minha experiência foi bem diferente. Lá pela segunda semana, fui pegar a bicicleta e me deparei só com as rodas acorrentadas no suporte. Uma surpresa infeliz, sem dúvida, mas que levou futuramente a fundação da solução CoSecurity, isso porque ali, ao lado de onde deixei a bicicleta, dei de cara com um totem de segurança com uma câmera e um sistema para pedir ajuda, que enviava o chamado direto para uma central de atendimento 24 horas, 7 dias por semana. O crime foi reportado. Algum tempo depois, retornei ao Brasil e recebi uma ligação da universidade dizendo que a polícia havia encontrado os envolvidos no furto graças às câmeras de segurança instaladas no totem. Esse acontecimento somado aos anos de experiência, a tremenda paixão pela segurança e por acreditar que a sociedade unida desempenha um papel fundamental na diminuição das taxas de criminalidade, foi catalisador do nascimento do CoSecurity em 2021, após alguns ensaios e aprendizados.

Encontrar as pessoas certas para fazerem deste sonho uma realidade também foi fundamental e neste papel, o Chen Gilad foi crucial, trazendo toda sua experiência, criatividade, novas ideias e atraindo investimentos para nossa startup e modelo de negócio inovador. Este encontro vem se consolidando como um caso de sucesso e propósitos em comum, como a paixão por proteger e a tecnologia que são os motores a jato dessa parceria.

“A ocasião faz o ladrão” é um ditado comprovado. Achar a solução para um problema é a oportunidade para inovação e mudança. Hoje, acho que até agradeceria por ter perdido a bike de US$ 119,99. Foi com essa ideia e vontade de transformar a sociedade em um lugar mais seguro que nasceu essa empresa da qual nos orgulhamos tanto e que já vem fazendo a diferença nos bairros que aderiram a solução de segurança compartilhada.

Revista Segurança Eletrônica: Poderia explicar em detalhes o que é o CoSecurity?

Luciano Caruso: O CoSecurity é a formação de uma rede de segurança que consegue ter as imagens em uma única empresa, dessa forma é possível fazer a rastreabilidade de crimes, de ocorrências, para poder levar as investigações policiais para um outro patamar.

As gravações captadas pelas câmeras do programa vão para a nuvem, ficam armazenadas e temos o domínio sobre essas imagens, onde podemos aplicar analíticos, inteligência artificial e tecnologias que ajudam a ter mais eficácia na questão da segurança.

Recebemos o apoio da Haganá nesse processo como investidora do programa, mas o CoSecurity é uma startup independente.

Chen Gilad: O CoSecurity tem muito a ver com o conceito de cidades inteligentes, smart cities, projetos que ocorrem em países desenvolvidos, realizados principalmente pelo governo para monitorar as ruas de forma mais intensiva. No Brasil já houve várias iniciativas do setor público, mas acredito que são as empresas privadas que vão realizar efetivamente essas ações por aqui, inclusive o CoSecurity está liderando esse movimento.

A ideia do programa é montar uma rede de segurança, porque o que vemos hoje são prédios e estabelecimentos cada um por si, instalando sistemas que não funcionam, que não são mantidos de uma forma profissional, e quando acontece alguma coisa a pessoa não sabe nem o que fazer com aquilo, não sabe resgatar as imagens, e no fim a ocorrência não é resolvida.

Com o CoSecurity uma rede compartilhada é criada, com um sistema padronizado, desde as câmeras até a comunicação, assim quando uma pessoa está andando na rua ela vê residências, lojas, condomínios, todos com a identidade do programa de segurança; além disso, quando acontece alguma ocorrência, as imagens estão concentradas em uma central de monitoramento e os operadores conseguem ampliar o raio de análise para outros quarteirões.

Revista Segurança Eletrônica: O programa é direcionado para qual público?

Chen Gilad: Condomínios, casas, comércios, lojas, o objetivo é proteger a rua, aumentar o grau de segurança. Optamos por comercializar a solução individualmente, mas quando um prédio, por exemplo, coloca o sistema, ele entende que aquilo não é só para aquela instalação, mas para uma comunidade, ele está ajudando a segurança de todos, e assim cada vizinho vai aderindo e vamos nos tornando uma rede. Também temos casos de associações de lojistas que todos resolveram aderir juntos ao programa para que a rua toda ficasse monitorada.

Revista Segurança Eletrônica: As câmeras do CoSecurity também são integradas com os programas do governo, como o City Câmeras?

Luciano Caruso: Sim, já somos os maiores fornecedores de câmeras para o City Câmeras, também estamos integrados com o Detecta e outras iniciativas governamentais. Ao todo, contamos com mais de 1.300 câmeras participantes do CoSecurity, são mais de 450 pontos na cidade de São Paulo.

Revista Segurança Eletrônica: O programa utiliza as câmeras que já estão em funcionamento no local?

Chen Gilad: Não, porque preferimos manter o projeto padronizado, por isso utilizamos o mesmo fornecedor de sistemas e nuvem de gravação, seja próprio ou de terceiros, o que nos permite fazer melhorias e atualizações no site. Ninguém tem dúvidas que a tecnologia a cada ano está se aprimorando, então o ponto mais importante que estamos fazendo hoje é construir uma infraestrutura capaz de ao longo do tempo, com a melhora da tecnologia, virar uma chave e implantar isso de uma vez em todos os lugares, não adianta nada ter uma super tecnologia, mas não ter todas as câmeras, os sistemas serem individuais, cada câmera diferente da outra, cada uma com uma especificação. Estamos construindo algo padronizado, inclusive em relação aos tipos de câmeras e etc., para que facilite tanto a manutenção quanto os upgrades no sistema.

Revista Segurança Eletrônica: Quais são as vantagens do CoSecurity?

Luciano Caruso: A principal é estar em uma rede e essa rede ter um papel investigativo que pode rastrear ocorrências de diversos pontos onde as câmeras estão instaladas. Um evento não começa e termina no mesmo local, por isso precisamos ter rastreabilidade daquilo que acontece, proporcionamos um filme e não só uma cena de um filme, porque normalmente vemos somente aquilo que aconteceu na frente de um prédio, mas o que aconteceu antes, como foi o preparo dessa ocorrência, para onde ela se desenrolou, para onde o criminoso fugiu, não é fornecido, e com o CoSecurity é possível conseguir informações importantes durante a investigação por meio de imagens feitas de outras totens de regiões próximas.

Chen Gilad: Se compararmos com um sistema tradicional, um prédio que tem um sistema de câmeras está sozinho, apenas grava as cenas para depois ver o que e como aconteceu. Com o CoSecurity o sistema é compartilhado, podemos ver de onde o bandido veio, o que ele fez e para onde ele foi. Além disso, por sermos uma rede integrada, estamos sempre melhorando a solução e atualizando com o que há de melhor no mercado.

Revista Segurança Eletrônica: O que está incluso nos planos do programa?

Chen Gilad: Manutenção 100% incluída, gravação em nuvem, aplicativo para ter acesso às imagens, upgrades do sistema e uma central de operações que pode fazer atendimento e atender a comunidade. Por exemplo, se uma pessoa estacionou sua moto, foi a um restaurante e quando voltou a moto estava derrubada, arranhada, ela pode entrar em contato com a central através de um QR Code disponível nos nossos totens e assim conversar rapidamente conosco e checar as imagens do que aconteceu.

Revista Segurança Eletrônica: Poderiam compartilhar algum caso que foi resolvido com a ajuda do CoSecurity?

Chen Gilad: São tantos! Um deles ocorreu na região dos Jardins, em São Paulo. O bandido roubou um rolex de uma pessoa na rua e a central foi comunicada. Vimos o que aconteceu pela câmera do local, mas as imagens mostravam o criminoso somente de costas. Começamos a investigar e a 300 metros dali outra câmera do programa pegou o meliante de frente e imediatamente compartilhamos a imagem dele com a polícia, que já estava fazendo uma operação na região. Em menos de 15 minutos o ladrão foi pego. Outro exemplo ocorreu em um condomínio. Um apartamento foi invadido e as câmeras captaram a moça chegando ao prédio, o porteiro abrindo o portão, ela subindo pelo elevador e depois saindo do edifício, tudo sozinha. O morador acionou o totem da CoSecurity e solicitou as imagens de um determinado horário e as câmeras de quarteirões próximos mostraram que a moça estava com uma outra pessoa na rua antes de invadir o prédio, e identificaram essa pessoa como alguém que trabalhava no condomínio, levando a investigação a um outro patamar.

Luciano Caruso: Um recurso que tem ajudado bastante é a ferramenta de interatividade que o Chen comentou. Através do QR Code disponível no totem qualquer pessoa que estiver pelas ruas monitoradas pode solicitar imagens ou denunciar ocorrências. Já ajudamos a solucionar batidas de carro, veículos arranhados, furtos e até encontrar cachorros desaparecidos. Os próprios clientes sugeriram essa opção, então instalamos na nossa plataforma a possibilidade de pessoas que perderam o seu animal enviar uma foto e a pessoa que encontrou, informar que está com o animal. Já conseguimos resolver três casos de desaparecimento de cachorros assim, é a sociedade interagindo com o programa, não só com a questão da segurança, mas com coisas do dia a dia que agregam muito valor. É uma prova social daquilo que estamos fazendo.

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