Prevenção de Acidentes Domésticos Infantis em tempos de Covid-19

Por Giovanni Oliveira

Diante esse momento de isolamento social, decorrente da pandemia do Covid-19, o cenário atual é de evitar espaços públicos e ficar em casa. E, com a necessidade de as crianças permanecerem em casa, os acidentes domésticos estão mais propícios de ocorrerem.

Um dos fatores preponderantes de mortalidade e morbidade de crianças e jovens, em qualquer lugar do mundo, são os traumas pelas chamadas causas externas, sendo uma delas os acidentes (trânsito, afogamentos, agressões, queimaduras, quedas, asfixias, intoxicações).

Dados do Ministério da Saúde indicam que os acidentes matam 12 crianças e hospitalizam 335 diariamente no Brasil. Foram registradas, em média por ano, 3.661 mortes decorrentes de acidentes. Apesar do Brasil, estar em quinto lugar no ranking de mortes infantis por acidentes, as quedas são campeãs em hospitalizações, representando quase a metade do total. Nos períodos em que a criança fica mais em casa o índice de mortes aumenta em 38%, conforme informa a ONG, Criança Segura e o Portal do Ministério da Saúde.

 Assim, com a suspensão das aulas nessa pandemia, nossas residências passam a ser os “playgrounds” de nossas crianças. Cada cômodo ou móvel torna-se um lugar para elas explorarem, e claro, de ocorrer possíveis acidentes. Por não projetarmos nossos lares e móveis para serem o parque de diversão delas, vale a pena atentar quanto a segurança, até porque estudos mostram que 90% dos acidentes podem ser evitados com medidas simples de prevenção.

Como evitar então a criança de pegar o frasco de álcool em gel ou qualquer outro produto tóxico e ingerir? Como evitar que a criança não tenha uma queda ao tentar escalar a estante ou rack da TV? ou que ela tente inserir algo no orifício da tomada?

Esta resposta para um especialista de segurança seria de Analisar o Risco, verificar as possíveis causas e, por fim, mitigar. Para os pais, mães, avós… a resposta talvez seria de ficar atento a cada minuto no que a criança está fazendo e corrigir no momento de um possível acidente, ou seja, aquela velha frase “para de correr senão você vai cair e se machucar. Eu estou avisando!”. O fato é que ambos estão corretos. A resposta, no final tem o mesmo significado, ou seja, a PREVENÇÃO.

Para se prevenir, necessário se atentar para algumas dicas de segurança. Visto elas auxiliarem neste momento com as crianças brincando por toda parte da casa.

Diálogo: sim, esta é a principal ferramenta de prevenção. A exemplo de empresas que realizam palestras e induções de segurança a seus funcionários, conscientizando todos a buscarem zero acidentes, com as crianças se faz necessário aplicar a mesma metodologia. Por exemplo, sempre avise a criança que ela pode se machucar caso tente subir no rack/estante. Explique as consequências caso ocorra um acidente e ela se machuque, seja a ter que ir ao hospital tomar uma injeção, imobilizar o braço, ficar internada e não poder brincar por alguns dias, mas claro, sem impor dramas verbais e agressivos a ela. Sim, a criança entende! Ela pode até desafiar e não te ouvir por estar em uma fase de descobertas, mas ela entende um pouco o risco que corre. Assim, converse, explique, seja persuasivo e sempre, mas sempre… seja paciente com elas a todo momento.

Produtos tóxicos/químicos e Remédios: neste período atual que o foco principal são as medidas de higienização, face o Covid-19, é importante que esses produtos como: álcool líquido, detergentes, desinfetantes, água sanitária, entre outros, estejam em locais seguros e de difícil acesso as crianças. Frascos de garrafas pets devem ser evitados para guarda de produtos de limpeza, pois eles podem ser confundidos com refrigerantes e sucos. Remédios devem estar bem guardados e longe das vistas das crianças.

Artigos Escolares: No intuito de ajudar nas tarefas escolares online ou na forma de entretenimento, as atividades de desenhar, colorir, pintar e colar também são passíveis de acidentes. Importante atentar com tesouras diante ponta, apontadores de lápis que podem causar cortes, tintas que causam intoxicação e objetos pequenos, como borracha, que causam engasgamento caso a criança coloque dentro da boca.

Brinquedos: o mais importante é analisar, diariamente, o estado físico do brinquedo, pois ele pode, por exemplo, ter quebrado ou soltado alguma peça. Confira se o brinquedo é adequado para a idade da criança, bem como se tem nele o selo no INMETRO que garante os requisitos de segurança.

Cozinha: gravar aquela Live em que a criança prepara uma refeição promovendo interação familiar, descobertas, entretenimento e ainda ganhar alguns Likes é muito divertido. Porém, a cozinha é um dos locais da casa com maior risco de acidentes. Facas e objetos pontiagudos e cortantes não devem permanecer em cima de bancadas. Utilizar preferencialmente as bocas ao fundo do fogão e jamais deixe o cabo da panela virado para fora, pois evita que a criança puxe o cabo e se queime. Deixe as atividades mais simples para as crianças realizarem, tais como: quebrar um ovo, mexer os ingredientes do bolo ou lavar uma fruta ou verdura. As atividades de maior risco, como forno e fogão, apenas os adultos.

Móveis e quinas: verifique se os principais móveis, exemplo o rack/estante, estão fixados na parede. Isso evita que o móvel vire com a criança quando a mesma tenta subir/escalar. Existem no mercado inúmeras opções de objetos de fixação. Em algumas, elas oferecem o “kit de fixação” composto por suporte, parafusos e buchas. As buchas podem variar conforme seja sua parede (alvenaria, madeira ou drywall). Os suportes são em formato de “L” visto serem fixados no móvel e na parede, evitando assim que o móvel se movimente e tombe. As Quinas devem ser cobertas por protetores emborrachados. Elas evitam que a criança se corte ao encostar ou cair sobre o móvel.

TV e base fixa: apesar do rack/estante estar fixado, a TV deve também estar fixada na parede. Hoje, o mais usual são painéis com suporte de fixação. Porém, existem casos em que se deixa a TV sobre o rack/estante. Deste modo não é seguro, pois a criança pode puxar a TV quando tentar subir no móvel e, consequentemente cair sobre ela. Assim, deve verificar no manual do fabricante como proceder a fixação do suporte/base para que a mesma não se desloque quando puxada pela criança. Também pode ser utilizados correias de segurança, que são fixadas na parede e na TV.

Piscina: a principal recomendação é não deixar as crianças sozinhas na piscina. Sempre devem estar supervisionadas, de perto, por um adulto. Necessário a instalação da cerca de isolamento com altura mínima de 1,5m de altura, portão, capa de proteção e travas de segurança ao redor. Atualmente, o mercado oferece equipamentos eletrônicos de Segurança com sensores que emitem alerta sonoro e luminoso quando a criança se aproxima da borda ou cai dentro da piscina.

Banheiro: Outro local de maior risco para as crianças. Por isso, sempre mantenha a porta do banheiro fechada. Check a temperatura da água no momento do banho para evitar queimaduras, pois a pele das crianças é sensível. Na banheira a criança deve estar sempre acompanhada pelo adulto, ou seja, jamais a deixe sozinha para que não haja risco de afogamento. O vaso sanitário deve estar com a tampa fechada e com trava/dispositivo de segurança. Atentar para que objetos como lâminas de barbear, tesouras e antissépticos bucais estejam longe do alcance das crianças.

Janelas: Coloque grades ou rede de proteção nas janelas, principalmente quem mora em apartamento. Os móveis como cama, sofá e armários devem ficar longe das janelas evitando que a criança suba no móvel e tenha acesso a ela.

Além de todas estas dicas, o mais importante é estar sempre fiscalizando, não só a criança, mas também as condições físicas do ambiente e dos objetos que ela tem contato diariamente ou que esteja a seu redor.

Lembre-se ainda, que caso ocorra um acidente, recorra imediatamente a ajuda médica.

Giovanni Oliveira
Especialista em segurança com mais de 20 anos de experiência.

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