Perdi o emprego, agora estou inseguro
Por Teanes Silva
É, “e agora?”, ou deveria ser “e ontem?”; o que você deveria ter feito, preventivamente, para esse momento?
Para muitos, perder o emprego soa como se tivesse perdido um membro do corpo, fica com vontade de morrer, fica depressivo, entre tantas emoções envolvidas. Para outros, é questão de oportunidade e superação; a cada queda o sucesso se aproxima. E para você?
Analisemos algumas situações hipotéticas, ou “cases”:
Case 1
O risco de ser demitido está para todos, portanto, qual a probabilidade de você ficar desempregado? Qual o impacto quando esse risco se concretizar?
“Eita”, não tinha pensado nisso? Está aí o grande problema, não acreditamos que acontecerá conosco, até que, um dia, acontece!
De todo modo, cabe a você tomar as medidas necessárias para a mitigação desse risco e mesmo que ele seja um risco de baixa probabilidade, ele pode ter alto impacto, especialmente se acontecer de forma repentina.
Você “é” um gerente ou diretor de uma empresa ou “está” gerente ou diretor em uma organização?
Se a resposta for “eu sou o gerente da empresa tal”, ao perder o emprego a dor será maior, uma vez que, nesta condição, você deve ter se empenhado como se fosse o dono, cuidando com o “olho do dono”, mas não era o dono e a sensação é de traição e perda.
Quem respondeu que “está”, a dor será menor, pois você estará, em breve, em outra empresa, sem a sensação de traição ou perda, mas sim, com sentimento do propósito realizado por onde passou.
Case 2
Quando você tem duas ou mais atividades remuneradas, o risco de perder o emprego, apesar de alta probabilidade, será de baixo impacto. Nesse caso, trata-se de uma situação confortável, desde que, financeiramente, a receita individual de uma das atividades ofereça condições que comportem todas as suas despesas e custos pessoais e de sua família.
Case 3
Agora, se o seu risco de perder o emprego é de alta probabilidade e de alto impacto, e estiver potencializado pela sua irresponsabilidade ao analisar esse risco como pouco crítico, paciência. Embora pareça tarde, ainda assim, contingências devem ser imediatamente implementadas, como veremos mais adiante.
Em todos os três “cases” anteriores, as medidas que devemos tomar em nossas vidas e carreiras devem ser na direção de baixar a probabilidade e o impacto, o máximo possível; e sempre monitorando, haja vista que, perder o emprego, é uma variável controlável, quando depende de você. Portanto, o profissional deve fazer o seu melhor todo dia, buscando continuamente elevar as suas competências.
E não se pode descartar que, por outro lado, pode ser uma variável incontrolável, quando aspectos externos acontecem, como, por exemplo, quando o governo, ao mudar a taxa de câmbio, encolhe o mercado e a empresa para a qual trabalha se vê obrigada a reduzir drasticamente o número de empregados – e você acaba nesse corte –, ou pior, a empresa acaba fechando ou ainda, sendo incorporada por uma fusão ou aquisição, onde o time todo acaba sendo renovado – e você substituído.
Case 4
Neste “case”, você é um Micro Empreendedor Individual (MEI) ou, ainda, sócio de uma empresa e viu o seu negócio ir as ruínas, até quebrar, por má gestão ou ainda afetada gravemente por algum tipo de Endemia, Pandemia, como por exemplo o Coronavírus. Para qualquer dessas duas situações, vale também analisar o risco do desemprego, a falta de um plano integrado e interconectado de descontinuidade das operações do empreendimento e monitoramento do contexto externo e interno.
Case real
Tenho muitos empregos, atuando na segurança de grandes eventos, dou aulas em academia de formação de vigilantes, também trabalho como guia turístico e tenho uma barbearia. Sucesso total e um bom dinheiro no bolso, mensalmente – esse é o depoimento coletado em 15/01/2020, de um colega que pediu sigilo na sua identidade – mas de repente veio o coronavírus e de um dia para outro, perdi todas as fontes de renda. Já me ligaram cancelando tudo e até cancelamento de pagamento de prestação de serviços, anteriormente realizado – depoimento coletado dia 29/o3/2020, mantendo, aqui também o sigilo do nome.
Ressalto que recebo, diariamente, relatos semelhantes aos depoimentos transcritos acima, com ou sem crise.
Alguns fatores que potencializam as dificuldades para se recolocar:
1) Você procura os amigos, apenas no momento de desespero.
2) Está com as competências viciadas e sem atualização.
3) Os cursos são caros e todos parecem bons.
4) O seu network era limitado ao “seu local de trabalho”.
5) Primeira vez que ficou desempregado.
6) Vergonha do desemprego.
7) Irritado com o desemprego.
8) Está se sentindo incompetente.
9) Sem foco, buscando qualquer coisa.
10) Está desesperado e fica chorando.
11) Dorme tarde e acorda tarde.
12) Sensação que foi roubado(a) e perdeu tudo.
13) Fica no boteco, gastando o pouco que resta.
14) Nunca economizou. Desgraça só com os inimigos.
15) Pseudo-coachs-de-carreira que apenas, mordem um pedaço da sua rescisão ou das suas economias.
16) Currículo incompatível com o cargo ou vaga pretendida.
17) Para grandes empresários, as dores são mais complexas, necessitando de diagnóstico específico, incluindo a responsabilidade social empresarial.
18) Outras, muitas variáveis, que você estiver vivendo.
Medidas preventivas para reduzir o impacto
1) Escrever artigos, de forma que o mercado lhe conheça, intelectualmente.
2) Participar de grupos de estudo, interagindo constantemente com outros profissionais.
3) Fazer parte de associação de classe profissional.
4) Fazer parte de grupos de profissionais do segmento em que atua.
5) Participar das feiras de produtos do segmento.
6) Ler sobre tudo, focado nos negócios e profissões, alinhado as estratégias do seu gerenciamento de carreira.
7) Poupar um percentual (provisão) para essas contingências, considerando que o seguro desemprego é insuficiente.
8) Assinar jornais e revistas do segmento é uma boa opção de atualização.
9) Participar ou coordenar seminário, live, webinar, entre outras denominações, correspondente da sua profissão e no ramo da empresa.
10) Monitorar vagas e ficar aberto a novas oportunidades.
11) Manter network com os seus colegas dos tempos da faculdade, dos antigos empregos, da religião, enfim, é necessário manter o relacionamento pessoal e profissional, trocando informações e dicas de oportunidades, bem como, ampliar o network nas palestras, nos congressos, nos cursos, com ação simples, como por exemplo, entregando um cartão, seja eletrônico ou físico, elevando as suas chances em cada oportunidade que surgir.
12) Certificar-se profissionalmente, destacando-se e diferenciando-se.
13) Para grandes empresários, existem outros remédios, mas necessita de diagnóstico, específico.
14) Outras dentro do universo da prevenção de riscos.
Ester artigo não tem o propósito de esgotar o assunto e nem de servir para auto ajuda, contudo, é sabido que a recolocação ou recomeço é uma jornada exaustiva, um processo complexo e precisa de muito planejamento, de organização, de preparo físico e mental, de cronograma, de meta e foco.
Por fim, não culpe as pessoas ou seus superiores pelo desemprego, afinal, é sua responsabilidade analisar o risco do desemprego, da pré-demissão à demissão, e mitigá-los com controles assertivos sobre a sua carreira, através de treinamento e desenvolvimento profissional e pessoal, enquanto ainda está empregado, afinal as novas profissões ou novos cargos e novos desafios, necessitam de novas competências, em especial as comportamentais!!!
Teanes Silva
30 anos na área de segurança privada. Gerente de Projetos no Grupo Comando G8 Segurança. Consultor de Segurança e Riscos na Carlos Faria & Associados. Instrutor na Modus Segurança, no curso de atualização e formação de vigilantes. Tecnólogo de Segurança Privada com registro no CRA/SP. Membro do Grupo de Excelência em Segurança – GESEG no CRA/SP. Militante da Comissão de Estudo Especial de Gestão de Riscos – ABNT/CEE-63. Certificado pela ABSEG/ADESG – ASE – Administrador de Segurança Empresarial. Instrutor Credenciado pela Polícia Federal. Diretor executivo da Abseg – Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança. MBA em Administração Hospitalar pela Uniderp. Pós graduado em Gerenciamento da Qualidade pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Master Business Investigation & Fraud – MBIF pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado. Graduado em Gestão de Segurança Empresarial pela Universidade Bandeirante de São Paulo
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