O que vimos de novidades e tendências no maior evento mundial do setor de segurança

Por Fernando Só e Silva e Michel Pipolo

Aconteceu nos dias 25 a 28 de setembro, em Dallas, no Texas/EUA, a 63ª edição da Exposição e Seminário da ASIS (American Society for Industrial Security). Classificado como o maior evento mundial da área de segurança, o seminário reúne profissionais do setor para realizem troca de experiências, avaliação de tendências, realização de negócios, obtenção de conhecimentos técnicos, conhecimentos de novos produtos e tudo mais que esteja relacionado a este mercado.

Durante mais de seis décadas, o seminário e a exposição anual da ASIS tem sido o principal evento para profissionais da segurança de todo o mundo, fornecendo educação, fomentando a construção de relacionamento pessoal, habilidades para avaliação de tendências no setor, produtos e soluções. A partir daí os negócios acontecem. O evento é composto por cursos, seminários, palestras e uma grande feira de produtos e serviços do setor, onde estiveram, neste ano, 550 expositores e contou com a presença de mais de 25.000 profissionais do setor.

A ASIS tem seu foco principal em gestão, com atuação nos temas de segurança na grande maioria dos setores da economia, abrangendo todas os assuntos do espectro da segurança, desde a ponta operacional, a tática, a estratégica e nos últimos anos com forte atuação no virtual, com a cibersegurança. Fundada em 1955, a ASIS é dedicada a aumentar a formação dos profissionais de segurança em todos os níveis, contando com uma estrutura organizacional composta por centenas de “capítulos” ao redor do mundo.

No formato de produtos inovadores apresentados na feira, vimos a expansão da tendência à robotização que, conforme argumentam os especialistas, sua aplicação deve ser cada vez mais frequente em segurança, automatizados e/ou comandados da mesma forma que os já bastante difundidos drones. São equipados com câmeras de vídeo, sensores de áudio e capacidade de coletar dados do ambiente e enviá-los instantaneamente para a retaguarda operacional, em suas rondas de patrulhamento nas áreas e instalações onde estão atuando. Eles podem ser implementados como solução independente ou em conjunto, compondo a equipe de segurança e/ou de serviços, para o aumento da eficiência e segurança.

Encontramos também alguns robôs com a capacidade de interação com os colaboradores no local, fornecendo, além da segurança, outros serviços demandados, como, por exemplo, orientação sobre como se deslocar na edificação, validação de crachás, etc. Outro ponto importante que nos foi chamado a atenção no evento, fundamental para o desenvolvimento da robotização nas atividades da segurança, segundo a advertência de especialistas, trata-se da necessidade de crescimento da tecnologia conhecida como inteligência artificial nos sistemas computacionais: “quem dominá-la, tem grande chance de liderar esta nova arma da segurança”. Fica aí a dica para as nossas empresas de tecnologia.

Também em destaque no congresso, foi a constatação de que profissionais de segurança estão experimentando, cada vez mais, as ameaças dos ciberataques, cujos os objetivos, além dos indivíduos, estão voltados para as organizações, em busca de vantagens econômicas, como o sequestro de dados, vantagens políticas ou mesmo para simplesmente causarem caos. Estas ameaças, segundo os especialistas, demonstram a necessidade de os profissionais de segurança adotarem metodologias assertivas para o efetivo combate e proteção de suas organizações, destacando a “Enterprise Security Risks Management”. A ESRM é uma metodologia que conecta a origem dos riscos aos donos dos riscos e, a partir daí, são desenvolvidas as linhas de defesa apropriadas.

Neste mesmo assunto de ciberataques, foi apontado o surgimento de novos problemas, principalmente decorrentes do tamanho da geração de dados continuamente que, de acordo com Thomas J. Langer, presidente da ASIS 2017, montam 2,5 quintilhões (2,5 x 1018) de bytes de dados gerados todos os dias. Ele disse: a soma de todo o conhecimento será dobrada a cada 12 horas em um futuro próximo. Resultando em cada vez mais responsabilidades com que as organizações deverão se deparar, traduzindo-se em ciberataques mais sofisticados, o que, muito provavelmente, levará a uma maior aproximação das barreiras de segurança física e do cyber. A tendência, já em franca expansão, é a fusão entre estas duas atividades de proteção.

Outro ponto defendido pelos especialistas é que a migração dos ataques deve ir dos desktops para os smartphones e para a Internet das Coisas (IoT), incluindo nesse caso, as câmeras IP, dando a conotação de que, o que estiver mais vulnerável, será a porta de entrada para os ataques. Dentro desta realidade, fomos apresentados ao conceito das cinco forças tecnológicas disruptivas, compreendidas como cloud computing, mídias sociais, mobile, big data e IoT, as quais recomendam fazer parte integrantes de qualquer análise, de forma que a organização esteja sempre preparada e aumente sua capacidade de reagir em qualquer nível, assim que for violada. O senso de urgência no setor é muito grande, agravado por uma já constatada deficiência de 50.000 postos vagos nos USA, para profissionais nesta área.

Sem dúvida alguma, nos deparamos com muitos outros produtos e serviços apresentados na exposição do evento, dos quais destacamos ainda, para a área de segurança eletrônica, o centro virtual de operações de segurança, que deverá trazer grandes transformações aos atuais centros de comando e controle, incluindo novos requisitos para os operadores, como habilidades específicas relacionadas às cincos forças disruptivas do parágrafo anterior.

Apresentados por alguns fabricantes no formato SaaS (Software As A Service), encontramos também softwares para aplicação no gerenciamento de contratos com níveis de serviços estabelecidos, os SLA – Service Level Agreement. Sistemas computacionais projetados para o gerenciamento de processos operacionais, registro de ocorrências e de não conformidades, totalmente online, conectados com a operação via apps, instalados em smartphones nas mãos dos vigilantes e da supervisão. A central de comando e controle, nos modelos virtuais, é parte integrante deste processo, desempenhando as atividades pertinentes ao SLM – Service Level Management.

Fernando Só e Michel Pipolo
O engenheiro Fernando Só e Silva é diretor da PerformanceLab Sistemas e Michel Pipolo é diretor de segurança da GPS Serviços.

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