Na polícia, no carro, no aeroporto, o reconhecimento facial já não ficção
Em Portugal, a identificação de suspeitos é realizada com softwares de reconhecimento facial. Na China há casos de banheiros públicos que utilizam o reconhecimento facial para despender papel higiênico, evitando que seja usado em excesso. Na Rússia, uma fotografia tirada de alguém na rua permite saber quem é a pessoa e contatá-la.
Tudo graças aos softwares de reconhecimento facial, que hoje também são usados para abrir portas, fazer pagamentos e check-in em aeroportos, pedir empréstimos, desbloquear smartphones ou identificar terroristas. É uma tecnologia que está cada vez mais a serviço do cidadão, mas se, por um lado, promete velocidade, autonomia e segurança, por outro suscita algumas questões: a privacidade da população está comprometida? E, desta forma, como é possível fazer o controlo da sociedade?
Em Portugal, por exemplo, o reconhecimento facial é usado pelo Laboratório da Polícia Científica para controle de cidadãos estrangeiros nos aeroportos. Mas o professor do Departamento de Eletrônica, Telecomunicações e Informática da Universidade de Aveiro, Antônio Neves, diz que já há algum trabalho da indústria portuguesa nesta área, a Exclusivkey, que estuda o acesso de massas a recintos através desta tecnologia.
De acordo com o investigador, que se tem dedicado a este tema, existem essencialmente duas grandes áreas de aplicação destes softwares. Por um lado, o reconhecimento facial permite fazer “a verificação da identidade, se o utilizador é quem diz ser”, por exemplo. Por outro, nos casos em que esta tecnologia é utilizada para desbloquear smartphones e outros equipamentos ou ainda na indústria automobilística, para garantir que o condutor está autorizado a usar aquele carro.
Além disto, permite também “fazer o reconhecimento de um indivíduo entre várias pessoas, isto é, é possível saber se alguém está em determinado grupo em um determinado local”. Antônio Neves destaca que as grandes potencialidades do reconhecimento facial são “a rapidez nos processos de verificação e a capacidade de ter sistemas autônomos”. Em ambientes controlados, “há sistemas que têm uma taxa de sucesso de reconhecimento de 97% a 98%, muito próxima dos 100%”. Mas se a foto de referência tiver cinco anos ou se o rosto da pessoa estiver parcialmente coberto, “as taxas já baixam drasticamente”, alertou.
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