Inovação no setor público: o Brasil está na direção certa?

Por incrível que pareça, aparelhos de fax e pastas com arquivos de papel ainda são usados nos escritórios de muitas organizações do setor público. A lentidão na digitalização e os indicadores de qualidade dos serviços prestados reforçam uma imagem ultrapassada e a população se mantém cética quanto ao desempenho digital dos departamentos de administração pública. Isso tudo é ainda agravado por uma série de ataques cibernéticos que miram às instituições estatais com uma frequência cada vez maior.

Existem diversos projetos em diferentes regiões, inclusive vários no Brasil inteiro – em andamento para acelerar o processo de automação mas, para garantir o bom funcionamento dos serviços prestados à população, é importante que as autoridades aproveitem os dados existentes de forma inteligente. A tecnologia de armazenamento legada e as dúvidas em como tratar um imenso volume de dados em crescimento exponencial são alguns dos grandes desafios enfrentados pelas organizações do setor público. Estes desafios precisam ser superados e estão todos ligados à infraestrutura de TI.

De olho na sustentabilidade e na eficiência de custos
Para as autoridades, se tornou vital levar em conta a sustentabilidade de todos os serviços e tecnologias com os quais interagem. Há alguns anos, este tópico não fazia parte da agenda das equipes de compras, mas agora, cada RFP (Solicitação de Proposta) contém exigências e expectativas de sustentabilidade, economia de energia e iniciativa verde.

Os data centers são responsáveis por 1% a 3% do consumo mundial de eletricidade, portanto, a eficiência energética no armazenamento de dados é uma necessidade no setor público para minimizar o impacto dos data centers. Em termos de opções de tecnologia, as autoridades devem procurar fornecedores que possam apoiar no cumprimento de suas metas sustentáveis e de redução de custos. Para uma infraestrutura em que se encontram todos os dados da população, isso significa modelos de armazenamento projetados para consumir menos energia, desperdício e aumentar o resfriamento, a fim de causar um impacto significativo e imediato na redução das emissões de carbono do data center.

A aquisição de tecnologia por meio do modelo de assinaturas é outro ponto alto. Isso significa que as organizações podem usar apenas a tecnologia que precisam, em vez de comprar uma quantidade de armazenamento que talvez não precisem por 2 a 3 anos, o que requer eletricidade para funcionar e refrigeração durante todo esse tempo, mesmo sem usar toda a capacidade. Além disso, as assinaturas ajudam a acabar com o débito tecnológico, eliminando as atualizações de armazenamento e as migrações de dados. Também é preciso garantir que as ofertas como serviço sejam respaldadas por contratos de nível de serviço, que proporcionam tranquilidade e garantias.



Automação: a solução para a falta de habilidades tecnológicas
Há uma escassez de talentos no mercado e a TI precisa fazer mais com menos e em um ritmo acelerado. Se os profissionais do setor público continuarem a trabalhar em sistemas e softwares legados, as equipes de TI continuarão a gastar muito tempo para garantir que essas arquiteturas rígidas continuem funcionando, quando poderiam se concentrar em projetos de inovação. O gerenciamento do grande volume de dados atual representa um grande desafio para muitas autoridades. Tradicionalmente, o provisionamento de recursos de armazenamento é um processo manual e demorado, com altos custos iniciais e suposições de alto risco.

À medida que as organizações públicas geram e recebem mais dados, esses desafios se tornarão ainda mais graves. A flexibilidade, a agilidade e a velocidade de acesso são tão importantes para este setor quanto o desempenho e a confiabilidade. A automação é fundamental para lidar com o volume, a escala e a complexidade das funções de gerenciamento de armazenamento.

Proteção dos dados em qualquer ambiente
Os dados alimentam as operações do governo e a prestação de serviços à população. As autoridades devem levar em conta a proteção e as estratégias de recuperação de dados ao lidar com isso. O setor público trabalha com grandes quantidades de dados e quer oferecer ainda mais serviços digitais no futuro, o que significa que os órgãos usarão ainda mais dados confidenciais e terão de protegê-los. Essa é uma parte importante da segurança de dados mais ampla, que inclui a proteção de qualquer tipo de dados contra os ataques cibernéticos, violações e desastres naturais. O setor público também precisa de uma arquitetura mais resiliente para colocar os backups em funcionamento rapidamente após um ataque. Para isso, é essencial adotar a tecnologia de snapshots, ou seja, cópias imutáveis que não podem ser corrompidas, excluídas, modificadas ou criptografadas. Além disso, se o pior acontecer, é possível restaurar rapidamente e em escala.

O acesso aos dados é muito importante para aprimorar os serviços à população, e o local onde eles são armazenados deve ser considerado. Os grandes provedores de nuvem não são capazes de dar as garantias necessárias em termos de soberania de dados. Por outro lado, a criação de uma nuvem privada on-premise pode fornecer o modelo operacional e a arquitetura para dar suporte ao setor público.

All-flash: a tecnologia que entrega o que a população precisa
Para quem não sabe, a tecnologia totalmente flash já está em nossas mãos há algum tempo: em nossos smartphones, por exemplo. E há muito tempo também no mundo corporativo os HDDs deixaram de ser uma solução viável para cargas de trabalho de grande capacidade, alto desempenho e sensíveis à latência. Eles são difíceis de gerenciar em grande escala, consomem muita energia, ocupam muito espaço e seus componentes falham com muita frequência, o que pode resultar na perda de dados.

Historicamente, migrar todas as cargas de trabalho baseadas em disco para flash não era a opção mais econômica. Entretanto, chegou o momento decisivo em que as soluções totalmente flash atingiram a paridade de custo. A tecnologia totalmente flash oferece a velocidade, o desempenho e a agilidade necessários para fornecer recursos de serviços à população de forma econômica e sustentável.

Brasil digital – estamos fazendo certo?
As autoridades querem fornecer cada vez mais serviços por meio de portais de autoatendimento nos próximos anos. O índice de Ofertas de Serviços Públicos Digitais da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação (Abep-TIC) publicado em 2023 traz uma avaliação positiva em relação ao nível de maturidade digital dos estados brasileiros.

No entanto, mesmo que o Brasil figure entre os países mais desenvolvidos em digitalização administrativa, disponibilizando na palma da mão serviços como carteira digital de trânsito, benefícios estatais e recursos para ampliar inclusão e acessibilidade, ainda podemos ir muito além na automação e qualidade, e acredito que estamos sim no caminho certo.

Dados, infraestrutura e tecnologia são os principais pilares para uma digitalização bem-sucedida. O objetivo é maximizar o valor dos dados das agências para oferecer um governo cada vez mais sustentável, transformador e orientado por dados.

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