Hospital das Clínicas da USP apresenta projeto de reconhecimento facial
Quando se fala em transformação digital na saúde, a primeira coisa que vem à cabeça é prontuário eletrônico do paciente (PEP). Mas no projeto de digitalização do Hospital das Clínicas (HC) da USP, intitulado Hospital 4.0, o PEP não é a única iniciativa de inovação. É verdade que a instituição está implantando a tecnologia há cinco anos, com 80% da iniciativa concluída, mas ainda há espaço e vontade para inovar em outras frentes.
A vantagem da proposta do Hospital 4.0 é a possibilidade de digitalizar diferentes áreas ao mesmo tempo, conforme destacou Marco Bego, diretor de Engenharia e Logística do HC. Entre os projetos, que envolvem portais na Internet, monitoramento de ambulâncias e rastreio de roupas via radiofrequência, o hospital está a vias de implantar um teste com reconhecimento facial para identificação de acompanhantes de pacientes.
Bego explicou que, até a primeira metade de maio, o HC pretende instalar três totens entre a estação de metrô mais próxima (Clínicas – Linha Verde) e o hospital, onde os acompanhantes poderão se registrar para visitar o paciente. “A intenção é diminuir as filas nos guichês de atendimento, que geram incômodo tanto aos pacientes quanto seus acompanhantes”, explicou o diretor.
A instituição ainda estuda um projeto de gestão de frota, que envolve a manutenção e a logística das ambulâncias. Através de monitoramento remoto, a intenção é atender chamados de emergência utilizando a ambulância mais preparada e próxima a quem precisa, como se utilizassem o sistema da Uber, ao mesmo tempo em que a equipe no hospital se apronta para receber o paciente.
Este projeto ainda está em desenho e fechamento de parcerias, de acordo com Thiago Sakamoto, gerente comercial do Inova HC, e fará parte de uma iniciativa ainda maior de regulamentação de procedimentos de urgência e emergência em hospitais. A ideia é que, através da tecnologia, seja possível direcionar o paciente para o local onde o atendimento seja mais rápido, cruzando dados de distância, ambulância e capacidade do hospital/pronto socorro. Hoje, esse procedimento é feito de forma manual e apenas em casos de emergência, com atendentes contatando hospitais via telefone para direcionar o transporte do paciente.
O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) trabalha junto no projeto e a previsão é que haja uma prova de conceito (PoC) em dezembro deste ano. “Comprovado o sucesso, pretendemos buscar receita para expandí-lo a todo o País”, afirmou Sakamoto, que não descarta uma grande evolução do projeto, permitindo inclusive que pessoas consigam ver previsões de atendimento pelo site de um hospital.
O cronograma do Hospital 4.0 é de processo de trabalho e não há um limite para quando pode terminar. “Em dez anos, faremos uma revisão para decidir novamente para onde vamos”, disse Bego. “O Hospital 4.0 trouxe uma mudança cultural à liderança do HC de que é possível implantar a tecnologia aos poucos e colher os frutos”, complementou Sakamoto.
‘Inova HC’ é forma de receber apoio para inovação
O Hospital 4.0 não é a única iniciativa na área do HC da USP. Em paralelo e sem um atrapalhar o outro, a instituição coordena o Inova HC, um núcleo de inovação criado em 2017 que permite ao hospital receber apoio público e desenvolver parcerias para desenvolver produtos e serviços.
Hoje, o principal projeto do centro é de controle de logística de medicamentos, patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e realizado em parceria com a Poli-USP e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A intenção é definir os protocolos de comunicação para evitar que medicamentos sejam extraviados ou falsificados”, explicou Sakamoto.
O Inova HC também está aberto a outros projetos e Bego destaca à disposição do centro para realizar parcerias com startups. No site da instituição, é possível cadastrar as soluções: http://inovacao.hc.fm.usp.br/#purchase.