Global Security Exchange 2019: o maior evento mundial do setor de segurança
Por Fernando Só e Silva, Marcos Serafim e Luciano Caruso
Pelo segundo ano, com a sua reformulação conceitual e o título de GSX, a ASIS (American Society for Industrial Security) realizou dos dias 8 a 12 de setembro, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, o maior evento mundial em segurança, dedicado a promover experiências em educação, aprimorar o compartilhamento e expansão de ideias e conhecimentos, as melhores práticas, produtos e serviços, os negócios e as redes de relacionamento. Foram mais de 20 mil pessoas registradas provenientes de 125 países, que puderam conhecer as soluções e tendências deste mercado por meio de mais de 550 expositores. Do Brasil, neste ano, tivemos a presença de um grande número de profissionais do setor, mais de 50 especialistas e delegações importantes, como as organizadas pela FIESP, pelos capítulos SP e RJ da ASIS, bem como da FENAVIST.
Com a sua repaginação para GSX, o evento da ASIS reposicionou a experiência para os participantes, trazendo a modernização das sessões educativas, a revitalização do networking, um layout da feira que proporcionou aos participantes intercambiarem ideias, melhores práticas e experiências em inovação. Nas palavras de sua presidente, Christina Duffey: “A GSX serve como um fórum poderoso para reunir líderes de segurança de todo o mundo para aprender, compartilhar informações e networking. Deixo a GSX deste ano mais animada com a nossa associação, profissão e setor”.
A ASIS é uma proeminente organização que congrega profissionais de segurança de todo o mundo, com mais de 38 mil membros em 142 países. Fundada em 1955, se dedica a aumentar a formação e a produtividade dos profissionais da área, desenvolvendo programas com ênfases na educação, abrangendo os temas de segurança da grande maioria dos setores da economia, incluindo todos os assuntos do espectro da segurança, desde a ponta operacional até a tática, estratégica, tecnológica e já com forte atuação no ambiente digital, com a segurança cibernética. O ápice de suas atividades é a GSX, com o seu congresso trazendo conhecimento especializado e sua exposição anual, com produtos e serviços do setor. A ASIS também defende o papel e o valor da profissão dos “praticionários” de segurança, para os negócios, para a mídia, para as entidades governamentais e o público em geral.
Durante a GSX, a ASIS divulgou seu novo programa de mentoria que, por meio das respostas de uma pesquisa no setor, chegaram à conclusão que ele deveria ser conduzido online, em um programa EAD. Focando no engajamento do “mentorado”, na proficiência técnica, no direcionamento de carreiras, no desenvolvimento e transferência de conhecimentos, no compartilhamento de experiências profissionais, nos aspectos éticos da profissão, compliance, ampliação do networking, planejamento de sucessão, liderança e gestão. Foi ressaltado que o avanço e desenvolvimento extremamente rápidos da inovação e tecnologia, exigem dos profissionais de segurança constantes atualizações. A ASIS e seus programas de capacitação se posicionam como um dos principais caminhos para suprir estas necessidades de atualizações. Também como inovação, neste ano, a ASIS, deixou em aberto por 90 dias, após o encerramento do congresso, para consultas online, as palestras e cursos da GSX. Para aqueles que quiserem acessar e assistir, o endereço é asisonline.org/recordings.
A feira teve uma distribuição conceitual, onde encontramos uma área nomeada como “GSX Disruption District”, apresentada como um “Nexus Point”, local definido com o objetivo de ajudar os participantes a encontrar maneiras de se conectarem com inovações dentro da indústria de segurança, com conhecimentos já consagrados, novas tecnologias com potencial disruptivo e organizações que estão moldando as tendências para o futuro. Encontramos também uma área de exposição, no salão principal, nomeado de D3 (Drones, Droids, Defense), depois um setor dedicado às startups. Como já tradicional, visto em feiras passadas, lá estava um espaço apresentando os produtos premiados com o título de “inovação tecnológica”. Também encontramos, alardeada como uma competição, denominada Pitch Competition, anunciando a presença de empreendedores, investidores, líderes do setor e públicos interessados para assistirem a rápidas apresentações (Pitch) de seus negócios, das mais variadas startups vindas de diferentes partes do mundo. Criando assim um verdadeiro ambiente vibrante e inovativo.
Como destaque, que encontramos na feira, está a tecnologia de reconhecimento por meio de biometria. Bastante difundida nas soluções apresentadas, sendo em sua grande maioria baseada em reconhecimento facial e com aplicação no controle de acesso, presentes desde sistemas simples a plataformas voltadas a reconhecimentos complexos, como em centros cirúrgicos, onde os médicos e enfermeiros tem seus rostos cobertos pelas máscaras de proteção. Inovação, com a “segurança que mantém você sempre em movimento”, segundo o slogan de um expositor de controle de acesso. Também neste assunto, que nos chamou muito a atenção, foram as plataformas de controle de acesso com várias soluções, incluindo a aplicação dos bloqueios tipo “flap” (catracas com barreiras em policarbonato ou vidro que não tem contato do usuário com o bloqueio). Nos pareceu que estão em alta as soluções voltadas para a prevenção e detecção da “carona” neste tipo de dispositivo, que muitas vezes funciona conceitualmente invertida, ou seja, está sempre aberta e só fecha na tentativa de acesso sem o registro da identificação, esta por meio de cartão de aproximação, biometria ou mesmo senha numérica. Destacamos que no Brasil, um problema antigo, os relatos têm se acentuados, com muitos casos de ocorrências envolvendo a intrusão via o “carona”, nos acessos indevidos.
Voltando aos Drones, assistimos um painel de discussões, onde um especialista do FFA (US Federal Aviation Administration), relatou a já maturidade do setor, com previsões de até 2022, nos USA, da existência de 3 milhões de drones recreacionais ou de hobby e 1 milhão com aplicações comerciais e/ou ações de governo, representando diferentes ameaças e sérias preocupações para os profissionais de segurança. Por outro lado, para estas ameaças, tanto para ocorrências deliberadas quanto para as acidentais, já existe gente competente trabalhando em sistemas para regular este “tráfico” em plena expansão, tanto na esfera privada quanto governamental. Um dos painelistas, profissional da Nasa, citou o esforço de sua organização, como uma das entidades que esta desenvolvendo um sistema de gerenciamento para estas aeronaves não tripuladas (UAS), cujos objetivos são evitar colisões, interferências dos drones com aeronaves tripuladas, identificação de drones e seus operadores, apresentar um cenário atual do tráfico aéreo e permitir a priorização nas rotas aéreas para os drones em ações de emergência tais como entregas de medicamentos ou participações em sinistros, etc.
Nas discussões sobre inteligência artificial (IA), do ponto de vista técnico, foi afirmado que “em tudo que o homem é suplantado pela máquina, vai na direção da IA”, de onde se conclui que, cada vez mais consolidada, as promessas de inferências assertivas por meio da IA já são realidades, particularmente com informações para aperfeiçoamento da tomada de decisões, deixando a intervenção humana para a validação daquilo que veio “automático”, gerado pela IA. Sobre estas entregas, vimos grandes preocupações com o retorno econômico, trazendo para as discussões, perguntas tais como: “os clientes estariam dispostos a pagar esta conta”? Em outras palavras, como andam as expectativas de retorno econômico para tais iniciativas. Fica esta nota de advertência para a nossa realidade. Para os dispositivos IoT (Internet das Coisas), integrados com a IA, cada vez mais lhe são atribuídos papeis importantes, posicionando-os como coletores de dados privilegiados, na ponta operacional, para a entrada nos sistemas de processamento.
Continuando como forte tendência ou até mesmo como uma prática já consolidada, tudo é alugado. Destaques, que encontramos em anos anteriores, a apresentação no formato SaaS (Software as a Service), dos mais variados softwares para aplicações no setor. Para o gerenciamento de contratos, com níveis de serviços estabelecidos, os SLA – Service Level Agreement, estavam lá os sistemas projetados para o SLM (Service Level Management), o gerenciamento dos processos operacionais, totalmente online, conectados com a operação via apps, instalados em smartphones nas mãos dos vigilantes, da supervisão e mesmo dos gestores. Diferentes dos nossos softwares para SLM, tal como o Performancelab, eles trazem como atividade importantíssima o despacho e gerenciamento de viaturas para atendimento de emergências. A central de comando e controle dos serviços, nos modelos vistos, é parte integrante deste processo.
Também na direção da GSX firmar-se como um “hub de conhecimento”, estavam em destaque discussões sobre os avanços do ESRM, fazendo um balanço destes no ano de 2019. A “Enterprise Security Risks Management é uma metodologia que conecta a origem dos riscos aos donos dos riscos e, a partir daí, são desenvolvidas as linhas de defesa apropriadas”. Nos deparamos com vários softwares para tal, também no modelo SaaS.
Na parte social da GSX, ocorreram diversos eventos para confraternizações e troca de networking entre os participantes. Nosso destaque vai para um evento organizado para reunir os profissionais de segurança da América Latina. Pela primeira vez, tivemos um encontro para networking entre todos os capítulos ASIS de latino-americanos, onde compareceram mais de 250 associados, com participação expressiva de brasileiros, além de mexicanos, peruanos, equatorianos e mais alguns associados com interesses na LA, sendo patrocinado por diversas empresas do setor, destacando-se as brasileiras Trilobit, representada por seus diretores Mauro de Lucca e Marcos Serafim e pela Proterisco, por Flávio Porto.
No último dia do evento tivemos a oportunidade de conhecer o centro de inovações da Motorola, em Chicago, visita organizada pelo Consulado Americano do RJ em conjunto com a FIESP, onde pudemos confirmar a tendência de armazenamento de imagens em nuvem e a integração de suas soluções com diversos sistemas em uma única plataforma.
Corroborando com as declarações da presidente da ASIS e tudo que encontramos no evento e seus desdobramentos, nossas principais conclusões são:
1º. Com o seu layout, participantes e atividades, a GSX disseminou a ideia da colaboração no setor. A ASIS, no formato de GSX, esta em consonância com a nova onda tecnológica mundial, a colaboração, onde até um concorrente pode passar a ser alguém que lhe abre caminhos para o avanço tecnológico e mudança cultural, significando que este, em determinado momento, passará a ser um aliado, ajudando-o na ampliação do mercado ou mesmo na complementação de suas ofertas. O nosso setor, no Brasil, ainda precisa aprender e seguir este modelo. A colaboração é um caminho sem volta, precisamos estar nesta onda.
2º. Além do SaaS, o aluguel de softwares, a forte tendência da cloudilização de tudo, neste modelo de custo mensal.
3º. Tecnologia deve ser desenhada e aplicada para a proatividade, deixando de ser reativo, chegando antes como prevenção e evitando o incidente.
4º. Tudo deve ser projetado para o cliente em suas necessidades, deixando claro o que será entregue, para um problema específico deste e finalmente.
5º. “There is no free lunch”, o cliente deve estar disposto a pagar a conta, ou seja, o retorno dos investimentos deve estar sempre presente realisticamente, nas avaliações e análises.
Fernando Só e Silva
CEO da Performancelab Sistemas e Diretor da FIESP.
Marcos Serafim
Diretor da Trilobit Eletrônicas e Diretor da FIESP.
Luciano Caruso
Diretor Geral da Haganá Tecnologia e Presidente ASIS capítulo SP.
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