Estudo identifica 17 grupos de ciberataques a empresas no Brasil
Relatório da Apura – especializada em segurança na internet – mostra que no país ocorreu mais da metade (51%) das investidas de dupla extorsão promovidas por ransomware na América Latina
Mais da metade dos ataques cibernéticos promovidos na América Latina por grupos de ransomware ocorre no Brasil. Há pelo menos 17 desses grupos atuando no país. Essas e outras constatações estão no mais recente estudo da Apura, empresa brasileira especializada em cibersegurança que mapeou no subcontinente investidas de dupla extorsão na internet em um período recente de 18 meses – de janeiro de 2020 a julho último.
O relatório tem como foco as investidas de grupos de ransomware – um tipo de software (malware) que se instala em computadores e sistemas, faz a encriptação e o roubo dos dados. Em seguida, os grupos ameaçam difundir tais dados na chamada dark web e exigem o pagamento de valores como resgate. “São ataques que objetivam principalmente o lucro, raramente têm motivações políticas ou de espionagem”, ressalta o fundador e CEO da Apura, Sandro Süffert, profissional que tem mais de 25 anos de experiência na área.
De acordo com o relatório, foram identificados ataques que vitimaram 137 organizações na América Latina, no período. Deste total, 71 – ou 51% – se deram no Brasil. O México, com 21 ocorrências, é o segundo da lista. Dos 20 países da região, houve casos em 11. “Brasil e México são os dois maiores países do bloco; ambos na liderança era algo previsível”, afirma Süffert. “Mesmo assim, há casos em países mais pobres, como Honduras e El Salvador.”
GRUPOS
No Brasil também foi identificada a maior quantidade (17) de grupos de ransomware em atuação. México, com dez, Argentina (sete) e Peru (seis) vêm na sequência. Tanto no país como na região o grupo mais ativo, no período, foi o denominado “Prometheus”. Ainda segundo o especialista da Apura, faz parte da estratégia desses grupos a alteração frequente de nome.
“O ‘Prometheus’, que é uma variação do ransomware ‘Thanos’, iniciou a divulgação dos seus ataques em fevereiro de 2021 e a última publicação identificada sobre alguma empresa foi em 13 de julho de 2021. Por meio da análise de código das ameaças, suspeita-se que os criminosos tenham mudado o nome da operação para ‘Spook’”, explica Sandro Süffert
As empresas e as instituições da área de saúde estiveram entre os principais alvos. Na avaliação do especialista, uma demonstração da absoluta “falta de escrúpulos” dos grupos de ransomware. Ele justifica a análise: “Mesmo durante uma pandemia [de Covid-19], em que serviços de saúde se fizeram mais necessários, empresas da área foram atacadas e extorquidas como qualquer outra”.
Süffert sublinha que a ameaça dos ransomware é ainda mais grave do que a constatada pelo levantamento. “Há, atualmente, cerca de 1025 amostras de ransomware identificadas. Apenas uma pequena parcela destas amostras é utilizada por grupos que praticam os ataques de dupla extorsão. Isso significa que o número real de vítimas é muito maior.”
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