Escalada dos índices de criminalidade impulsiona aquecimento do mercado de segurança em 2023
Marco Barbosa, diretor da Came, revela que busca por equipamentos da empresa aumentou 20% no Brasil em comparação ao primeiro trimestre do ano passado
Os dois principais estados do Brasil registraram piora nos indicadores de violência contabilizados no início deste ano. Por exemplo, o centro econômico mais rico do país, São Paulo, confirmou elevação do número de diversos crimes cometidos em janeiro, em comparação ao mesmo mês de 2022, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Houve aumentos de homicídios dolosos (com intenção de matar) em 5,9%, de estupros (14,8%), furtos (11,5%) e roubos em geral (2%). E esses dois últimos tipos de delitos, com veículos, subiram 9,7% e 10,8%, respectivamente.
Ao mesmo tempo em que se ampliaram as ocorrências criminosas, a busca por maior proteção se tornou uma preocupação evidente para pessoas e empresas. Marco Barbosa, diretor da Came no Brasil, empresa líder mundial em produtos de automação de acesso, revelou que a procura pelos equipamentos de segurança, neste primeiro trimestre do ano, foi 20% superior à demanda do mesmo período do último ano. “Tivemos expressivo aumento na solicitação de orçamentos e projetos em controle de acesso e segurança, fato que é um reflexo do que estamos vivendo hoje no país. Você tem todo um conjunto do macroambiente, agravado também pelas leis vigentes, na maior parte, brandas na punição aos criminosos, que tornou o nosso quadro de insegurança ainda mais complicado do que já era antes”, afirma.
Barbosa também destaca que equipamentos de alta segurança, como bollards e road blockers, dois diferentes tipos de barreiras de metal capazes de absorver fortes impactos, bem como garras de tigre (dilaceradores de pneus), são os produtos mais pedidos por empresas dos segmentos comercial e industrial. Porém, o diretor enfatiza que vem crescendo a procura de clientes de setores residenciais interessados nesses dispositivos de proteção. “Fizemos projetos para condomínios que manifestaram o interesse e chegaram a adquirir bollards e road blockers, além dos habituais equipamentos de controle de acesso, como cancelas, motores de portão e catracas”, completa Barbosa.
O desejo de fortalecer o resguardo ao patrimônio não é por acaso. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, os roubos a residências aumentaram 24,8% nos dois primeiros meses de 2023, em comparação ao mesmo período de 2022. Para completar, na confrontação destas duas épocas, o número total de furtos subiu 18,8% e de homicídios dolosos, se elevou em 8,6% em solo fluminense.
Na cidade de São Paulo, ao saltar de 16.231 ocorrências no mês inicial do ano passado para 19.115 nos primeiros 31 dias do ciclo atual (alta de 17,7%), a capital paulista amargou seu recorde de furtos para janeiro desde o começo da série histórica, com dados contabilizados pela SSP a partir de 2002. Já em todo o estado paulista, os 47.455 registros desse delito foram o maior volume em nove anos, se aproximando dos 47.771 somados em janeiro de 2014.
Em meio a esse panorama, uma pesquisa realizada neste ano pela Avantia, desenvolvedora de tecnologia para segurança eletrônica, que contou com a participação de aproximadamente 50 empresas do mercado brasileiro, apontou que 45% dessas organizações pretendem aumentar os seus investimentos em proteção. Além disso, 43% das companhias ouvidas revelaram que planejam potencializar os seus esquemas de vigilância e reforçar a segurança com a utilização de equipamentos de controle de acesso, videomonitoramento, detecção de incêndio e/ou integração de sistemas, entre outros recursos.
“Nossa segurança pública é limitada e falha. As pessoas vão se preparando da maneira como podem para se precaver contra a criminalidade, e os produtos de alta segurança são uma maneira de minimizar o que está acontecendo no país. Deveria existir uma atuação do governo para combater esse problema. Muitas coisas não dependem de nós, e a causa raiz deveria ser resolvida pelo poder público. Com isso, temos de tomar ações para reduzir os impactos da marginalidade”, opina Barbosa ao comentar sobre as taxas criminais recentes.
O diretor da Came aponta ainda outros fatores que, na sua visão, colaboram para que a sensação de insegurança das pessoas seja maior neste ano no Brasil. “Basta a gente ver os índices da violência para entender o que está acontecendo. Os problemas também se agravaram com algumas coisas, como o maior número de invasões de terra, de roubos e de liberação de presos”, afirma.
A Came tem diversos sistemas de segurança que auxiliam o controle de acesso em locais como condomínios, empresas, centros logísticos e shoppings, que abrigam em seus espaços, além de mercadorias e produtos, os veículos das pessoas e dos funcionários que utilizam seus estacionamentos, cuja existência é considerada fundamental para a maior parte dos seus usuários. Exemplo de sua importância se reflete no número de veículos roubados na capital paulista, que subiu 12,6% na comparação entre janeiro de 2023 e o primeiro mês de 2022.
E os índices elevados de criminalidade no país deixam perplexos até mesmo os especialistas que trabalham há bastante tempo nos segmentos de proteção patrimonial e empresarial, como é o caso de Barbosa, que cita o exemplo de uma demanda do mercado brasileiro para pontuar o cenário preocupante em solo nacional. “Temos produtos que usamos em projetos de alta segurança aqui no Brasil que, normalmente, no exterior, só são utilizados como prevenção contra o terrorismo. Isso não deveria acontecer, e essa nossa realidade chega a beirar o inacreditável”, finaliza o diretor da Came.
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