Em formato virtual, maior evento mundial do setor de segurança atraiu milhares de participantes globais
Por Fernando Só e Silva, Luciano Caruso e Marcos Serafim
Participar do evento da ASIS, congresso e feira GSX, todos os anos nos Estados Unidos, para muitos de nós é um período de conciliar lazer com trabalho. Muitas vezes aproveitando-se, inclusive, para emendar com as férias. Um local onde encontramos diversos colegas de profissão do Brasil e de muitos outros países.
A possibilidade de intercâmbios em um ambiente descontraído, com troca de experiências e a aquisição de conhecimentos sempre são grandes, incluindo as palestras, os cursos e principalmente as visitas aos estandes das empresas expondo seus produtos, suas novidades e suas mais recentes inovações, sem deixar de fora os inúmeros happy hours. A tecnologia e o que se tem de mais atual é presença garantida.
Neste ano, para a grande maioria dos profissionais que participaram do evento, no modelo de vídeo conferências, o engajamento foi diretamente no aprendizado. No nosso caso não, pois resolvemos organizar algo próximo do que fizemos nos anos anteriores: nos reunirmos em um grupo e “pé na estrada”. Só que este “pé na estrada”, com as restrições do Covid-19, foi perto de casa em São Paulo, sem precisar pegar avião ou mesmo mostrar o passaporte.
Com o mesmo entusiasmo de sempre, reunimos parte do nosso grupo e alugamos uma casa no Guarujá, para dedicarmos 4 dias engajados nos conhecimentos que a GSX+ nos ofertaria. Claro que acompanhados de churrascos, pizzas e vários brindes nas horas vagas, garantindo assim as celebrações e o aprendizado de todos os anos nesta época. A experiência virtual do evento cumpriu sua parte.
O que é a ASIS, a GSX e seus números
Fundada em 1955, a ASIS International é a maior organização mundial de profissionais de segurança. Estruturada em capítulos pelo mundo, está presente em 142 países e conta com mais de 38 mil membros. No Brasil contamos com Capítulos em São Paulo e Rio de Janeiro.
A ASIS se dedica a aumentar a formação e a produtividade dos profissionais da área, desenvolvendo programas com ênfases na educação. Abrange os temas de segurança da grande maioria dos setores da economia, incluindo os assuntos operacionais, os táticos, os estratégicos, a tecnologia e já com forte atuação no ambiente digital, com a segurança cibernética. Se destaca como a principal fonte mundial de conhecimento, aprendizagem, rede de relacionamento, desenvolvimento de padrões de desempenho e de pesquisas.
Por meio de suas certificações reconhecidas mundialmente da premiada revista Security Management e da GSX (Global Security Exchange), o evento mais importante do setor, a ASIS garante que seus membros e a comunidade de segurança em geral tenham acesso ao conhecimento e aos recursos necessários para proteger pessoas, propriedades e informações. O ápice anual de suas atividades é consagrado na GSX, com o seu congresso trazendo conhecimento especializado, juntamente com a exposição de produtos, serviços e novidades do setor.
O evento GSX+ virtual de 2020
A GSX Plus (+) ofereceu cinco dias repletos de educação e network, ao vivo e sob demanda, para a comunidade de segurança global.
A participação neste evento inovador foi intensa, com mais de 4.500 inscritos de 82 países, junto com 88 expositores, preenchendo a lacuna da falta de um evento presencial.
“A GSX + foi uma declaração ousada e positiva para o mundo de que a indústria de segurança profissional está comprometida em aprender, compartilhar experiências e informações e construir relacionamentos interpessoais fortes através de fronteiras, fusos horários e distâncias. Não seriam as restrições impostas pela pandemia que parariam a grande determinação da comunidade mundial de segurança de trocar e disseminar conhecimento todos os anos nesta época”, declarou Godfried Hendriks, CPP, Presidente da ASIS, na abertura do evento.
A GSX+ abriu caminho para uma nova geração de eventos virtuais e híbridos, o que nos possibilita aguardar por muito mais a caminho e quem sabe, no próximo ano em setembro, na cidade de Orlando, em um formato híbrido, possa superar os números de 2019, 20 mil inscritos de mais de 125 países e mais de 550 expositores expositores que lotaram o centro de convenções em Chicago.
A GSX+ disponibilizou mais de 130 sessões de educação em segurança com padrão internacional, ao longo da semana do evento, em cinco áreas temáticas:
• Segurança Nacional
• Segurança Física e Operacional
• Gestão de Risco
• Transformação Digital / Segurança da Informação
• Liderança e Gerenciamento dentro das organizações
Os participantes têm disponíveis as gravações das sessões e poderão acessá-las até 31 de dezembro, o que permitirá que revejam ou mesmo assistam aquelas palestras que não foram possíveis de participarem por conflitos em suas agendas. Podemos afirmar: “mais um golaço da ASIS”!
Outro item importante na GSX+ 2020 foi o mercado virtual, onde os participantes interagiram com as empresas expositoras para conhecerem suas ofertas mais recentes. Os visitantes puderam agendar reuniões privadas, bater um papo com a equipe do estande virtual durante o horário de funcionamento do marketplace e usar os recursos de matchmaking e networking da GSX+ para se conectar diretamente com palestrantes, fornecedores e outros participantes.
Nossos destaques da GSX+
Em nossos destaques deste ano, apontamos os 3 painéis com a participação de nossos colegas brasileiros, membros da ASIS. O primeiro foi José Wilson Massa, gerente regional de segurança da Bloomberg, juntamente com Carlos Seoane Noroña e Servio Camey, abordando os desafios de segurança na América Latina, com uma ampla gama de informações sobre organizações criminosas transnacionais.
Tivemos também Gustavo Dietz, diretor de segurança para América Latina da Philip Morris International, que em conjunto com Julián Andrés Puentes B. e Peter Bäckman, discutiram a análise do impacto no negócio como ferramenta de apoio ao plano de continuidade do negócio sob o ponto de vista econômico.
Por fim, na participação de palestrantes brasileiros, tivemos Breno Araújo, líder de inteligência e investigação para a América Latina na British American Tobacco, abordando aspectos e impactos do roubo de carga na cadeia de suprimentos.
Como assunto eleito por nós, este ano, para trazermos mais detalhes aos leitores deste artigo, abordamos o Cybersecurity, para o qual registramos a atuação da israelense Keren Elazari, uma analista de segurança e pesquisadora que também se auto intitula uma “ex hacker”. Apresentou em sua palestra o tema “The Future of Cybersecurity” (o futuro da segurança cibernética).
Em sua preleção, exaltou que segurança cibernética não se trata mais de proteger segredos, arquivos e documentos ou mesmo de neutralizar no cyber os conflitos modernos, mas sim, envolver-se com o nosso modo de vida: proteger nossas democracias contra fraudes, via o sistema de votação eletrônica, proteger os sistemas de transporte, as infraestruturas críticas, os dispositivos médicos, a manipulação de mercados globais, dentre tantas necessidades. A palestra foi uma viagem pelo mundo da segurança cibernética, trazendo a perspectiva de um mundo de hackers do bem, verdadeiros “anticorpos” nos esforços contra os hackers criminosos.
Ao longo de sua brilhante explanação fez uma analogia dos esforços para o enfrentamento do vírus Covid-19 com a proteção contra os ataques dos hackers no mundo digital. Citou o exemplo do malware Emotet e sua capacidade de “mutação inovativa” com prazos de mudanças entre 7 a 10 dias. Destacou a velocidade de propagação da contaminação deste vírus, similar ao que se experimenta na pandemia com o Covid. Citou a necessidade de uma “cyber higienização”, atitude a ser tomada continuamente, como forma de combater os cybers ataques, tais quais devemos nos higienizar para o combate ao corona. Alertou que a pandemia, com a transferência do escritório de trabalho para casa, significou uma enorme oportunidade para os ataques cibernéticos, e muito bem aproveitada pelos hackers, consequências do aumento exponencial das conexões de equipamentos às redes, associadas a um relaxamento nas medidas de proteção. Justificou que cada trabalhador, exercendo suas atividades profissionais em seu ambiente doméstico, passou a ser um CTO de sua infra local, mas sem o devido conhecimento para tomar as medidas apropriadas para se defender e à sua organização contra os ataques.
São 40 mil a 50 mil ataques todos os dias, resultados da ação de uma realidade paralela criminosa. Embora os hackers sejam normalmente vistos e representados na mídia como invasores de uma rede agindo de um local remoto, a realidade costuma ser bem diferente, destacou Keren em sua fala e prosseguiu: “Muitas invasões de redes começam com uma violação física, uso de engenharia social, arrombamento de uma fechadura ou invasão de uma instalação, podendo serem estas as maneiras mais rápidas e fáceis de um criminoso cibernético obter acesso privilegiado à uma rede. Uma vez dentro, eles podem roubar um laptop ou outro dispositivo, ou entrar em uma sala de servidores e simplesmente conectá- -los. Basta uma pequena rachadura na armadura cibernética para permitir um ataque devastador”.
Também alertou que cada cidadão, consumidor e proprietário de empresa, tem a responsabilidade de garantir que os protocolos corretos estejam sempre em vigor. Provocou então: “Como você está pensando em proteger seus ativos e nosso way of life”?
Para os gestores da segurança patrimonial, que começam a se envolver com responsabilidades de cyber segurança, deixou as dicas de aprenderem todos os dias, continuamente, como se tem feito no combate à pandemia. Empoderar seus colaboradores, dando conhecimento e ferramentas para ajudarem na sua proteção pessoal e da organização, devendo serem estes a primeira linha de defesa.
Sobre o tamanho dos números, complementamos com a informação de que nos Estados Unidos os cybers crimes já são maiores que os crimes com drogas.
Dando continuidade às nossas informações sobre o evento, trazemos o relato oficial, adaptado e traduzido, da parte do que a organização disponibilizou.
A GSX+ 2020 começou na segunda-feira, 21 de setembro, com um discurso apresentado por Juan Manuel Santos, presidente por dois mandatos da Colômbia e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2016. Em seu discurso, intitulado “Liderando com esperança, não com medo: uma perspectiva global”, o Sr. Santos refletiu sobre o que é necessário para construir pontes e criar unidade quando a tarefa parece insuperável. Com um olhar voltado para o futuro, ele também compartilhou percepções sobre as perspectivas econômicas globais e o que está por vir para a segurança global.
À tarde, a recepção de boas-vindas proporcionou entretenimento com uma oportunidade para networking e atualização de conexões globais com 1.000 inscritos presentes.
Na terça-feira a abertura foi com uma entrevista do CEO da Solvay, Dr. Ilham Kadri, e o Diretor de Segurança do Grupo, Werner Cooreman, intitulada “Embracing the Future: Strategies for Building Resilience and Innovation” (Abraçando o futuro: estratégias para construir resiliência e inovação). O Grupo Solvay é uma empresa química multinacional que opera em 60 países. Nesta discussão, eles cobriram uma gama de estratégias de preparação e ferramentas necessárias para ser ágil em tempos de mudança constante, os valores necessários para apoiar e reter os melhores talentos em um ambiente remoto e como o papel da segurança evoluiu para enfrentar os desafios recentes, os distúrbios sociais e outras ameaças em evolução. Enfim, como os eventos atuais e as tendências futuras moldaram as prioridades da Solvay para o próximo ano e além.
O criminologista francês e especialista em segurança nacional, Alain Bauer, também enfatizou na terça-feira a necessidade de reinvestir em aparatos de segurança para se preparar para as ameaças futuras, incluindo a próxima pandemia. Alain Bauer é um proeminente professor e pesquisador de Criminologia no Conservatório Nacional de Artes e Ofícios na França, escreveu muitos livros sobre segurança, estratégias e crimes, e foi consultor de várias agências de aplicação da lei em todo o mundo. Depois, na quarta-feira, em sua apresentação tratou de tópicos tais como: “para onde vamos a partir daqui e qual a nova perspectiva sobre o estado de segurança global?”.
O terceiro dia da GSX+ começou com a palestra do general Stanley McChrystal, general de 4 estrelas e ex-comandante das forças dos EUA e internacionais no Afeganistão. O general McChrystal falou sobre “Liderando em Tempos Turbulentos”, incluindo princípios-chave de liderança como transparência e inclusão, alavancando o poder das equipes por meio de relacionamentos, liderança por influência, foco implacável na missão e compartilhamento de uma visão clara com todos engajados na tarefa. Destacou que: “é reservado um papel importante para o líder, para se ter uma maneira mais eficaz de construir uma organização, que seja rápida e adaptável. Criar líderes que ajudam a criar mais líderes e líderes que ajudam a criar o sucesso”.
A ASIS International fechou a semana na sexta-feira 25/09 com uma celebração em sua Galeria de estrelas (Virtual Gallery of Stars) comemorando o desempenho excepcional no setor de segurança.
Um passeio de 360 graus, onde os participantes puderam aprender mais sobre as realizações dos líderes de segurança que foram destaques em 2020.
Fernando Só e Silva
CEO da Performancelab Sistemas e Diretor da FIESP.
Luciano Caruso
Diretor Geral da Haganá Tecnologia e Diretor de Tecnologia da ASIS.
Marcos Serafim
Diretor de Negócios da Performancelab Sistemas e Diretor da FIESP.
*Todos são membros ativos da ASIS Capítulo São Paulo.
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