Em Foco: Selma Migliori – ABESE

A ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança) tem desempenhado ao longo dos anos um importante papel no mercado de segurança eletrônica, fornecendo cursos de capacitação, colaborando em projetos de lei ligados ao setor e realizando a EXPOSEC há 20 anos, importante feira de segurança que vem se tornando uma vitrine tecnológica da América Latina. Nesta entrevista, Selma Migliori, Presidente da ABESE, fala sobre mercado, novas verticais, expectativas de faturamento para os próximos anos, EXPOSEC e Estatuto da Segurança Privada

Segurança Eletrônica: Poderia nos dar um balanço de como foi o desempenho do mercado de segurança eletrônica no ano passado?

Selma Migliori: O setor de segurança eletrônica fechou 2016 crescendo 5%, alavancado pelo crescimento médio de 15% da indústria nacional (em especial os segmentos de sistemas de intrusão e videomonitoramento), que protagonizou a oferta de novos produtos no mercado e também foi favorecida pelo aumento do câmbio. Houve uma retração com relação ao crescimento deste mercado em anos anteriores, cuja média tem sido de 8% nos últimos 5 anos. Outro fator que influenciou neste crescimento foi o surgimento de novas pequenas e médias empresas. O faturamento do setor foi de R$ 5,7 bilhões no ano passado.

Segurança Eletrônica: E qual a expetativa para esse ano?

Selma Migliori: Iniciamos 2017 com mais de 26 mil empresas de sistemas eletrônicos de segurança instaladas em todo o Brasil; a perspectiva é a de que neste ano o setor cresça mais de 5%. Nossa visão é otimista com relação ao cenário econômico. Neste ano, o empresariado de sistemas eletrônicos de segurança está reinventando seu negócio, buscando tecnologias avançadas e disponíveis no mercado a custos bastante competitivos, e a indústria deverá apresentar soluções alternativas e aprimoradas para os prestadores de serviços. O redirecionamento das empresas trará frutos em 2018.

Segurança Eletrônica: Quais são os potenciais de novas verticais?

Selma Migliori: Com a crise que enfrentamos nos últimos anos no país, soluções tecnológicas foram criadas e se destacam por proporcionar redução de custos operacionais para os estabelecimentos que as recebem, profissionalizar o atendimento e aumentar o nível de segurança do local, tais como as portarias remotas. As empresas de monitoramento 24h aproveitam toda a estrutura técnica e operacional existente e criam células específicas de atendimento de portaria remota, com o objetivo de controlar o acesso a distância e registrá-los
por meio de gravação de áudio e imagens integrados aos procedimentos de segurança do local.

Segurança Eletrônica: Em 2014 foi realizado uma pesquisa que a estimativa de faturamento para o setor de segurança eletrônica em 2020 será de R$ 50 bilhões. Você acredita que o mercado de segurança tem potencial para chegar a esse número, levando em conta a retração do mercado?

Selma Migliori: O mercado cresceu em média 8% nos últimos cinco anos, mesmo sem contar com nenhum tipo de ordenamento jurídico, por lidar com tecnologias disponíveis para prover informações e auxiliar os órgãos públicos no combate à violência. Fizemos uma pesquisa junto à Universidade de São Paulo, que comprovou que este mercado regulamentado poderá atingir um crescimento de mais de 20% ao ano. Além disso, devemos contar com avanços tecnológicos com o desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT), a conectividade e outros fatores. Portanto, creio que este patamar pode vir a ser atingido, mas após 2020.

Segurança Eletrônica: Quais os principais desafios e dificuldades de quem atua no setor enfrenta?

Selma Migliori: Um dos principais desafios é a profissionalização do setor, a necessidade de mais capacitação técnica; outro é a ausência de regulamentação e de normas técnicas. A ABESE tem se empenhado historicamente nestas frentes, promovendo cursos através de seu Centro de Capacitação Profissional, influindo na elaboração de projetos de lei, como o do Estatuto da Segurança Privada e o projeto específico da ABESE nº 1759/2007, e aproximando-se da ABNT para a elaboração de normas técnicas específicas do setor.

Segurança Eletrônica: Em sua opinião, como a EXPOSEC contribui para o desenvolvimento do setor?

Selma Migliori: A EXPOSEC vem evoluindo, crescendo a cada ano, e hoje está consolidada como o grande palco tecnológico da segurança eletrônica, a maior feira da América Latina deste segmento. E em 2017 a EXPOSEC completa 20 anos, o que significa que há exatamente 20 anos a ABESE realiza a feira. Isso é um marco para nós e também para o setor. A ABESE foi fundada em novembro de 1995 e seu primeiro grande projeto, em 1997, foi a EXPOSEC, com o intuito de fomentar negócios, principalmente para seus associados indústria e distribuidores. Naquele momento queríamos criar um espaço para que os visitantes da feira pudessem conhecer as mais recentes tecnologias possíveis de serem aplicadas, para que se pudesse levar ao consumidor final produtos com mais qualidade e segurança. A feira continuou desenvolvendo-se nessa direção, gerando consequentemente um grande
volume financeiro em negócios. Penso que esta tem sido a grande contribuição da EXPOSEC para o desenvolvimento do setor de segurança eletrônica e para a sociedade.

Segurança Eletrônica: O modelo de negócio de locar câmeras e cobrar uma mensalidade do cliente final é uma pratica cada vez mais recorrente. Como você vê essa modalidade? 

Selma Migliori: A locação de câmeras pode parecer um excelente negócio, porém a prática mostra que há empresas que não atualizam seu acervo de equipamentos com as últimas tecnologias existentes e usam máquinas obsoletas, deixando a desejar a qualidade de imagens gravadas e comprometendo a credibilidade deste segmento específico de mercado. O ideal é que o consumidor certifique-se de que a empresa que está locando as câmeras é idônea, e que a empresa contratada faça uma análise real de risco do local e a elaboração de um projeto adequado para atender às necessidades específicas do cliente. Segurança eletrônica não se compra no balcão.

Segurança Eletrônica: Quais serão as novidades que os visitantes poderão conferir, entre lançamentos, novas tecnologias e serviços?

Selma Migliori: A feira exibirá uma tendência forte na área de conectividade e aplicativos, a tecnologia será apresentada “na palma da mão” do consumidor. Dentre as novidades, destacam-se os softwares inteligentes; as soluções são utilizadas para diversas aplicações, como projetos integrados de segurança, segurança das informações, tecnologia de segurança eletrônica aplicada à conectividade, projetos de integração das áreas de segurança da informação e do patrimônio e integração da segurança eletrônica com automação e internet.

Segurança Eletrônica: Quais as expectativas para a feira em 2017, em relação a números, público e desempenho?

Selma Migliori: A EXPOSEC 2017 deverá receber mais de 42 mil visitantes e teremos aproximadamente 800 marcas expositoras. Não medimos esforços para melhorar a feira a cada ano, para que ela se torne cada vez mais uma referência para a América Latina e para o mundo.

Segurança Eletrônica: Sobre o Estatuto que regulamenta a atividade de segurança eletrônica no país e que está para aprovação do Senado. Qual é a importância dessa aprovação para o mercado de segurança privada? Acredita que o mercado pode crescer com a regulamentação?

Selma Migliori: A aprovação do Estatuto da Segurança Privada pela Câmara dos Deputados representa uma vitória para o setor de segurança eletrônica. Sem dúvida ele dará mais transparência e confiabilidade para o segmento de monitoramento de sistemas eletrônicos de segurança, o que significa mais qualidade ao consumidor. Toda a tramitação do Estatuto foi acompanhada de perto pela ABESE, que também contribuiu para a sua elaboração, um trabalho que estamos realizando há 10 anos. Certamente o mercado crescerá com esta regulamentação; no
entanto, é necessário que fiquemos atentos neste momento, pois há alguns pontos no projeto de lei que necessitam de alterações, pois podem vir a prejudicar o segmento de segurança eletrônica. Estamos trabalhando no sentido de acompanhar sua tramitação e propor alterações ao texto.

Segurança Eletrônica: Quais serão os possíveis impactos e o que muda com a aprovação do Estatuto?

Selma Migliori: Os principais pontos que impactam diretamente o setor de segurança eletrônica, e que chamam a nossa atenção, são os seguintes:

• O Estatuto da Segurança Privada estabelece uma clara distinção entre os três segmentos da área de segurança
privada, uma conquista extremamente positiva para a segurança eletrônica , e no texto são divididos por: serviços
de segurança privada, onde se inserem as empresas de vigilância; monitoramento de sistemas eletrônicos de
segurança, representados pela ABESE; e prestadores de serviços de segurança privada, e neste item é que os
perfis dos profissionais das centrais de monitoramento são claramente definidos;

• Ele cria uma definição sobre o que é prestação de serviço de monitoramento, compreendendo a locação, comercialização, instalação dos equipamentos, assistência técnica e inspeção técnica;

• Fixa um capital social mínimo de R$ 100 mil para o estabelecimento de empresas de monitoramento, e este é
um ponto de atenção para o setor, pois a ABESE defende que este capital social mínimo seja de R$ 50 mil para as
empresas do segmento de segurança eletrônica, porque as tecnologias avançam e hoje não há mais necessidade
de servidores para manter a redundância das informações, uma vez que tudo é armazenado em nuvem. Vamos
continuar trabalhando por esta mudança;

• A possibilidade de mais empresas do segmento passarem a monitorar bancos e grandes eventos;

• A renovação de autorização de funcionamento das empresas de segurança eletrônica a cada cinco anos.

A ABESE vai continuar acompanhando de perto a tramitação do Estatuto da Segurança Privada.

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