De onde vem essa tal de I.A.?

Por Nicolau Ramalho

E essa tal de Inteligência Artificial? Novidade? Tendência? Moda? Será que é passageiro? ChatGPT, WatsonX, Bard. Inteligência Artificial comprometendo o futuro dos empregos? Parece algo novo, não é mesmo? Isso se não tivesse mais de 70 anos!

Durante a segunda guerra mundial, a necessidade de decifrar mensagens criptografadas alavancou pesquisas e desenvolvimento de uma máquina de propósito geral, capaz de aplicar regras lógicas e reconhecer padrões sobre um conjunto de dados. Créditos ao matemático Alan Turing que lançou a base do que temos hoje como Inteligência Artificial! Termo este que apareceu pela primeira vez em uma proposta de pesquisa científica de verão na Universidade de Dartmounth nos EUA em 1956! Bom, com isso já não podemos dizer que I.A. é algo novo, correto?

Desde então, os pioneiros na pesquisa e desenvolvimento do tema imbuíram-se no desafio de recriar a inteligência humana em uma máquina! Que belo desafio, não é mesmo? Primeiro passo para isso era justamente desconstruir o que é inteligência humana e seu processo de aprendizagem. Com esse objetivo, foi natural que se desenvolvesse uma bifurcação na pesquisa sobre Inteligência Artificial, uma ramificação foi pela linha de I.A. baseada em Regras (Rule Based) e outra com enfoque sobre Redes Neurais (Neural Networks).  

I.A. baseada em regras, ou também conhecido como sistemas especialistas, vão pela linha da aplicação de codificar séries de regras lógicas do tipo “se X, então Y” para o pensamento de máquina, enquanto a linha de pesquisa sobre redes neurais tentou reconstruir o cérebro humano em si, através de camadas de neurônios artificiais que recebem e transmitem informações.

Sobre a rede neural, não há regras criadas pelo homem. Para que a máquina seja capaz de compreender um certo tema, ela deve ser abastecida com milhares de informações para então, por associação ou erro e acerto, seja construída sua própria linha lógica.

Fora do meio acadêmico, nos negócios, a Inteligência Artificial por regra avançou infinitamente mais rápido que a linha de pesquisas sobre redes neurais pelo simples fato de que para se colocar em prática demandava-se menos processamento computacional.

Se lembrarmos que em 1969, a espaçonave Apolo 11, que levou os primeiros humanos à lua tinha uma capacidade de processamento de máquina inferior ao que temos hoje em um carregador USB – literalmente – começamos a compreender a razão pela qual convivemos com a I.A. por regra de maneira muito mais intensa que a rede neural desde então.

Quando nosso carro emite um alerta de que tem uma porta aberta ou alguém está sem cinto de segurança, quando o elevador se recusa a subir se o limite de peso foi excedido, já não pensamos que aquilo é Inteligência Artificial por regra criada para nos dar mais segurança no transporte, simplesmente obedecemos a sugestão da máquina e revisamos as portas, colocamos o cinto ou saímos do elevador.

Logo, pode-se dizer que o que mudou recentemente para que tenhamos esse burburinho todo sobre a Inteligência Artificial não é a I.A. em si, mas a capacidade de processamento de máquina, que permitiu a aplicação da I.A. por rede neural em nosso cotidiano. Desta forma, nos acostumamos tanto a colocar ordens nas máquinas e esperar um resultado objetivo, que a perspectiva de que uma máquina seja capaz de pensar, fazer predições e nos indicar as melhores decisões tem nos surpreendido, mas não podemos dizer que não estamos acostumados ou que não fazemos uso da I.A. em nosso dia a dia há muitos anos!

P.S.: Escrevendo esse artigo, consultei seguidas vezes o livro “A.I. Superpowers: China, Silicon Valley and the new World Order” de Kai-Fu Lee. Fica aí a excelente dica de leitura sobre o tema!

Nicolau Ramalho
Chief Commercial Officer (CCO) do NoLeak Defence Technologies INC.

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