Crescimento do setor de centros logísticos no país acende alerta para a segurança

Por Marco Antônio Barbosa

Na contramão de qualquer crise, o setor de condomínios logísticos segue crescendo no Brasil. A pandemia e o distanciamento físico potencializaram a cultura do comércio digital que, mesmo com o retorno das atividades presenciais, veio para ficar e crescer. Um levantamento divulgado pela plataforma Market Analytics da SiiLA, multinacional de análise de dados do mercado imobiliário comercial na América Latina, revelou que o Brasil entregou 812 mil metros quadrados de novos condomínios logísticos no terceiro trimestre deste ano. Com isso, o país atingiu o seu recorde histórico de 22,4 milhões de m² deste tipo de estrutura.

Esses espaços armazenam um número muito grande de mercadorias, ou seja, um valor financeiro considerável. Por isso, na mesma proporção em que cresce, deve-se aumentar também a preocupação com segurança de alto nível. Sistemas integrados, que possam deixar o local mais seguro com o uso de câmeras, cancelas, catracas, portões e até tecnologias mais avançadas, como bollards ou dilaceradores de pneus, são importantíssimos para manter a criminalidade distante.

O mercado de logística, no geral, é bastante visado. Normalmente, a ponta mais frágil, o transporte dessas cargas, acaba sendo o maior prejudicado. O roubo durante o trajeto de mercadoria e cargas segue em crescimento no Brasil. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, desenvolvido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado, tivemos um aumento de 2,4% nesta prática. Mesmo com a elevação da segurança em caminhões, ainda existem muitas brechas para os criminosos agirem.

Em centros logísticos, também são necessárias diversas medidas e um planejamento estratégico personalizado de segurança para que não apareçam possíveis vácuos ou “pontos cegos”. Geralmente, são locais que reúnem diversas empresas com um grande fluxo de pessoas e veículos. Essa característica dificulta o monitoramento. Somente com alta tecnologia é possível manter todos os locais a salvo.

Outro ponto importante foge do controle mecânico: cada pessoa que entra no local observa e pode analisar de dentro todo o sistema. É necessária uma equipe muito bem treinada e capacitada de inteligência para sempre atualizar as soluções e prevenir possíveis assaltos.

Homem e máquina precisam se complementar para que a segurança do local não seja falha. Por isso, é muito importante que o investimento acompanhe o mesmo patamar do tamanho dos empreendimentos e de suas particularidades.

A plataforma Market Analytics da SiiLA prevê que mais 4 milhões de m² de estruturas desse tipo deverão ser entregues no Brasil até o final de 2023, sendo 80% delas apenas na região Sudeste. Temos de estar preparados para absorver essa demanda de forma que a criminalidade não cresça com ela.

Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em Administração de Empresas, MBA em Finanças e diversas pós-graduações nas áreas de Marketing e Negócios.

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