A diminuição das posições em Segurança Humana é reflexo do aumento da Segurança Eletrônica? Acho que não hein…

Por Antonio de Barros Mello Neves, Country Security Manager da The HEINEKEN Company

Na semana passada realizei enquete no meu perfil do Linkedin com a seguinte reflexão:

“O avanço da tecnologia tem impactado todo o Setor de Segurança Privada no Brasil e no mundo. Na sua opinião, o Setor de Segurança Eletrônica irá diminuir ou encolher o de Setor de Segurança Humana?”

A enquete com mais de 15 mil visualizações teve um engajamento de 4%, com 432 respostas, sendo que 58% afirmaram SIM; 27% NÃO e 15% TALVEZ.

Diversos profissionais do setor contribuíram com comentários afirmando de que as duas modalidades (Segurança Eletrônica e Humana) se complementam.

Observando o posicionamento de alguns profissionais, acredito que a complementariedade seja o direcionamento mais apropriado, entretanto, nos últimos anos percebemos redução significativa das posições do setor, mesmo não sendo possível estabelecer relação direta de forma estrutural.

Se por um lado nos deparamos com encolhimento da Segurança Humana, por outro, notamos o crescimento da Segurança Eletrônica. É natural e cada vez mais comum observarmos automação de portarias, rondas automatizadas e várias atividades que outrora eram executadas pelos vigilantes. Não há como se comprovar cientificamente se há relação direta na diminuição das posições entre os dois setores, mas há elementos que reforçam essa tese.

Segundo o VI ESSEG (Estudo do Setor da Segurança – 2019), em 2014 o SETOR DE SEGURANÇA PRIVADA empregava mais de 654mil profissionais, já em março/2021, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021, o setor está empregando 526mil profissionais, ou seja, em 7 anos a empregabilidade do setor encolheu cerca 20% em posições de trabalho.

São vários os aspectos que podem impulsionar essa realidade, que variam desde a implantação de sistemas de segurança eletrônicos, reforçado pela clandestinidade das atividades em razão de diminuição de custos ou ainda, por melhor aproveitamento dos profissionais, cooperando com a narrativa da profissionalização do setor. Sinceramente, essa última abordagem me parece um tanto quanto romântica e afastada de nossa realidade atual.

Se somos serviços essenciais e considerados especializados na forma da lei, impossível não incentivarmos a capacitação profissional e reforçarmos a necessidade da existência de mecanismos legais para fiscalização do setor.

Estima-se que apenas 50% dos vigilantes habilitados ao exercício (formados e reciclados) estejam ativos na profissão, assim dizendo, são 500mil profissionais inativos no setor. Se observarmos a quantidade de profissionais formados e inabilitados (curso ou reciclagem vencidos), esse indicador piora muito, são 2,5 milhões de pessoas formadas e sem vínculos diretos ao Setor de Segurança Privada.

Nessa conjuntura, a ausência de uma legislação atualizada que estabeleça critérios de comando e controle para disciplinar o mercado, penalizando aqueles que agem ilegalmente colaboram diretamente para esse cenário.

A expectativa se concentra no tão esperado “Estatuto da Segurança Privada” que carece sair de vez do papel e se tornar legislação para nosso segmento.

A sociedade precisa entender Segurança Privada como Ciência e não permitir que atividades clandestinas, profissionais descapacitados ou empresas ainda que legais, prestem serviços sem a tríade do profissionalismo: PROFISSIONAIS CAPACITADOS x EMPRESAS LEGALIZADAS x ATIVIDADES REGULAMENTADAS.

Enquanto aplaudirmos o tal “jeitinho brasileiro” os criminosos continuarão comemorando.

O encolhimento do Setor de Segurança Privada reflete diretamente na diminuição de SEGURANÇA DE TODA A SOCIEDADE uma vez que atuamos na proteção de ambientes privados.

SEGURANÇA É DEVER DE TODOS!

Antonio de Barros Mello Neves, Sr Country Security Manager na HEINEKEN Brasil, Vice Presidente ASIS International Chapter SP BR, Diretor da ABSEG (Associação Brasileira de Profissionais de Segurança), membro OSAC, apresentador do Programa Tacada de Mestre do CT Segurança.

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