A banalização da Segurança
Por Luís Renato Ramos
A segurança pública é uma das maiores preocupações da população. O investimento feito pelos governos ainda não é eficaz, o que reforça a necessidade de se buscar empresas de segurança privada e da tecnologia de monitoramento, para aumentar ainda mais a sensação de proteção. No entanto, a banalização da profissão, tanto no segmento público quanto no privado – já que a falta de fiscalização permite que pessoas não habilitadas se intitulem “seguranças” e ajam como “autoridade” para resolver qualquer situação, tem sido muito comum.
Não precisamos pensar no segurança uniformizado para percebermos isso. Basta lembrar do flanelinha da rua que “olha” o seu carro para te dar “mais segurança”. No colete usado por ele está o “título” que remete a algo bom, mas será que o fato de “termos que usar” o serviço não nos gera mais insegurança? Acredito que você já tenha pensado: “se eu dizer não, algo de ruim pode acontecer.”
Quando subimos mais na escala e olhamos para alguns “seguranças de rua” ou até mesmo os uniformizados, percebemos que a insegurança pode ser grande; afinal, muitos não foram preparados e avaliados da maneira correta para exercer aquela função – infelizmente, muitas pessoas buscam a segurança clandestina pensando em economizar. Por isso, é tão importante conscientizar a população e desmistificar o que é a segurança privada.
Em primeiro lugar, para ser um segurança habilitado, é preciso passar por um curso de 45 dias em Escola credenciada e autorizada na Polícia Federal, bem como realizar uma reciclagem a cada dois anos. Mas isso não é o suficiente para que esse tipo de profissional possa desempenhar de forma satisfatória todas as atribuições inerentes à função. É necessário que a empresa de segurança faça outros treinamentos e, principalmente, um acompanhamento muito próximo para que ele entenda a sua real função e não vista a camisa de “autoridade policial” – o que ele não é. Afinal, infelizmente, nos últimos tempos vimos profissionais desvirtuados, matando colegas e até causando ainda mais insegurança aos clientes que deveriam proteger.
Empresas sérias e idôneas precisam reforçar o coro sobre a importância da conscientização e da busca por pessoas qualificadas e preparadas para exercer a função. Precisamos acabar com a clandestinidade na segurança, para que a profissão volte a ser valorizada. Para isso, é fundamental que os responsáveis pela segurança privada acompanhem de perto seus colaboradores, façam um monitoramento constante dos serviços prestados e ouçam o feedback do cliente, tomando conhecimento de tudo o que acontece na relação segurança-colaborador-cliente. Somente assim, teremos a certeza que a prevenção funcionará e trará a verdadeira sensação de proteção que tanto buscamos.
Luís Renato Ramos é diretor da PROTHEN Vigilância e Segurança. Conta com experiência de 11 anos no Exército Brasileiro, Graduação em Direito e formado em Gestão de Segurança Pública e Privada, Pós-Graduado em Segurança e Estratégia pelas Forças Armadas, Análise de Risco pelo Instituto Brasiliano&Associados, e Investigação de Sinistros e Diferença.
Foto: Marcio David
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