O crescimento do mercado de portaria remota e sua perigosa banalização
Por Silvano Barbosa
O termo “banalização” pode parecer forte, mas precisamos estar atentos nesse momento. Todo mercado tem sempre uma curva que o acompanha, do nascimento ao fim da etapa. Passa por esse ciclo as primeiras ideias e as aplicações adaptadas, carinhosamente chamadas em nosso meio de instalação de “Frankenstein”. Depois os fabricantes direcionam os seus produtos para esse mercado, primeiro adaptando as soluções já existentes, e em seguida inicia-se uma fase nova, onde novos produtos começam a ser produzidos já voltados a esse novo nicho. Ocorre o aumento da concorrência e o barateamento desses equipamentos, até se tornar um nicho estabelecido, com várias opções de produtos, e que seguirá seu caminho pelo tempo que for adequado.
E esse ciclo também ocorre do nosso lado: integradores e instaladores. A primeira ideia de como isso funcionará. Somos os responsáveis em catapultar muitas vezes o desenvolvimento de novos produtos, depois disso a capacitação inicial, entender os diversos tipos e níveis de cliente onde aquilo será possível de atender, até o momento de isso ser apenas mais um serviço por nós prestado.
O perigo aqui está em uma fase intermediária – onde já estamos –, em que o mercado, no caso de portaria remota, está com uma demanda bem alta, em vista dos benefícios que esse modelo traz, e temos muitos profissionais de diferentes origens e tendências mirando um mesmo nicho, em uma concorrência feroz.
Nesse momento a tecnologia já está alinhada com o uso, claro que vai melhorar e continuar avançando, mas já está acessível à maioria os recursos técnicos necessários.
A maior parte também já entendeu os procedimentos de instalação, melhores práticas, e avançamos bem nesse campo, pois não difere muito do que fazemos até então. A operação é que são elas. Aí temos uma mudança grande no dia a dia.
Para quem vem de um mercado de instalação, uma operação 24 horas, 7 dias por semana, pode ser um grande desafio, tanto em ter um escritório funcionando sem parar, quanto para os profissionais de campo. Para aqueles que já tem no seu DNA de trabalho essa vertente, como empresas de monitoramento de alarme, isso também é diferente, pois deixa de ser um trabalho predominantemente passivo, para uma operação muito mais dedicada, com maior interação. E aqui, caso a empresa não esteja 100% comprometida, a dita banalização começa a mostrar a que veio, e a comprometer todos aqueles envolvidos neste mercado.
Independente das instalações, caso o atendimento não seja bem feito, começamos a ter aberrações, como portarias que não atendem ininterruptamente, que levam muito tempo para solucionar pequenos problemas, insegurança de todos os gostos.
Um amigo esses dias ficou com sua esposa grávida deixado na calçada no frio e à mercê de assaltos, por mais de 10 minutos apenas para confirmar se o marido poderia entrar com a esposa, pois só ela estava na lista. E eles tinham uma eclusa disponível para proteger o rapaz enquanto isso.
Assisti um vídeo de uma empresa onde, por falhas na instalação, a biometria estava sendo usada para abrir os portões. Era assim: o morador chegava, piscava o farol e fazia sinal de positivo para a câmera, mostrando o dedão pra cima. Biometria confirmada pelo olho magico do operador, portão aberto.
Precisamos ter um comprometimento altíssimo nesse momento do mercado para consolidarmos o modelo de portaria remota como um exemplo realmente seguro, viável e que veio para ficar. É necessário que tenhamos muita atenção a todas as partes, em todos os tempos. Cada etapa de crescimento trás um novo desafio.
Aventureiros sempre haverão. Experientes também. Mas precisamos sempre lutar por excelência nas instalações e no atendimento se quisermos não só sermos levados a sério, como também para podermos cobrar do cliente o valor condizente com o trabalho.
Sejamos rigorosos, dedicados, atentos e sempre buscando melhorar. Dessa forma, teremos sucesso e esse novo nicho de mercado será duradouro, rentável e todos dormiremos mais tranquilos.
Silvano Barbosa é Pré-vendas, Treinamento e Suporte para todo o Brasil na empresa CDVI. Atua desde 1995 nos ramos de TI, datacom, telecom, segurança eletrônica e sistemas prediais. É especialista em treinamento e na formação de treinadores e qualquer outro profissional que deseja compartilhar e repercutir conhecimentos, técnicos ou não.
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