Uma nova Genetec
A companhia canadense que atua há cinco anos no Brasil está fechando 2017 com 40% de crescimento no país e o objetivo é crescer ainda mais. Com a estratégia de mudar a forma de atender e vender para o cliente final, a Genetec planeja criar um novo canal com parceiros exclusivos que irão ajudar a gerenciar os clientes e expandir os negócios. Nessa entrevista, conversamos com Guy Chenard, vice-presidente da Genetec, que explica essa nova fase da empresa no Brasil e no mundo.
Por Fernanda Ferreira
Segurança Eletrônica: Como avalia o ano de 2017 para a Genetec?
Guy Chenard: Nos últimos três anos a Genetec cresceu 30% no mundo e esse ano vamos registrar um crescimento de 27%. Essa pequena retração se deve ao mercado no Oriente Médio e na Austrália que ficaram um pouco abaixo do planejado. Já a América do Norte e a América Latina apresentaram um ótimo desempenho e o crescimento na Europa permaneceu estável. A América como um todo está muito forte, principalmente o Brasil, México, Colômbia e Argentina, que são países que estamos investindo mais agora, pois temos uma base para crescer.
Segurança Eletrônica: E como foi o desempenho da companhia no Brasil?
Guy Chenard: O Brasil é único para nós. Iniciamos as atividades no país há cinco anos e conseguimos conquistar em um curto espaço de tempo grandes clientes, como a Petrobras e a VALE, e agora estamos tentando nos posicionar em verticais como bancos e corporações, queremos investir mais no setor privado nesse momento.
O Brasil era um mercado muito novo para nós e atuamos aqui de uma maneira diferente, porque queríamos inovar e trazer novas tecnologias. Trabalhamos muito, por exemplo, para aplicar o Luz Azul (projeto que visa aumentar a segurança de uma determinada localidade através da parceria entre os setores públicos e privados) nos bairros, cidades e comércios. Agora, vamos começar a trabalhar mais a parte operacional, desenvolver soluções customizadas diretamente daqui e não somente importar de fora, queremos trabalhar ao lado de parceiros no Brasil.
Segurança Eletrônica: Qual o propósito da Genetec em começar a desenvolver softwares diretamente do Brasil?
Guy Chenard: A Genetec não faz apenas vídeos, fazemos sistemas. E por desenvolvermos sistemas, muitas vezes nos deparamos com necessidades específicas, onde precisamos ajustar nossa ferramenta de acordo com a demanda de cada cliente. A Petrobras tem uma estrutura, a VALE outra, o metrô outra e assim por diante, e precisamos resolver todos os problemas de segurança desse cliente. Por serem diferentes, nossos projetos precisam pensar em como conectar tudo isso de uma maneira única. Um exemplo disso é a linha 4- Amarela do metrô de São Paulo, estamos fazendo toda a estrutura de segurança da parte interna dos vagões e quando começamos a fazer o projeto, surgiam muitas coisas fora do padrão do sistema que precisavam ser personalizadas e ajustadas. Ao invés de enviar essas customizações especiais para o Canadá, nós criamos uma base para que essas tarefas operacionais sejam feitas aqui. Cidades como Montreal, no Canadá, e Paris, na França, já fazem isso, e agora vamos começar a fazer no Brasil.
Segurança Eletrônica: Conversamos no começo do ano com o Pierre Racz (presidente da Genetec) e ele nos disse que em 2017 focaria em mostrar para o Brasil que a Genetec é muito mais que um VMS, que comercializam e investem em controle de acesso, leitura de placa de veículos, etc. Você acredita que a Genetec conseguiu mostrar isso para o mercado brasileiro?
Guy Chenard: Nós superamos muitos obstáculos. A Genetec apresentou uma inovação grande ao oferecer a solução de controle de acesso como um serviço. Nós não vendemos apenas um produto, oferecemos a modalidade de serviço também. A tecnologia de leitura de placa está começando agora, temos muito trabalho pela frente. Também oferecemos muitas outras soluções para o varejo, como tecnologias que emitem metadados com informações importantes sobre o comportamento dos clientes dentro da loja. Fomos rápidos em aplicar essas soluções no Brasil porque falamos diretamente com os clientes finais.
Equipe Genetec Brasil
Segurança Eletrônica: A Genetec tem a pretensão de firmar parcerias com distribuidores, integradores do Brasil para fazerem essa intermediação entre a Genetec e o cliente final?
Guy Chenard: Sim, estamos pensando em como vamos escalar tudo isso no futuro. É muito bom ter um contato com os clientes finais, mas temos uma equipe reduzida aqui no Brasil, por isso estamos traçando estratégicas para buscar parceiros, como distribuidores e integradores. Mudamos um pouco nosso modelo de negócio, estamos envolvidos com os clientes finais, mas também vamos falar com parceiros que possam nos ajudar. Para conseguirmos escalar o negócio vamos precisar de parceiros.
Segurança Eletrônica: O que irão lançar nos próximos meses, em relação a novas soluções?
Guy Chenard: O nosso foco para os próximos meses é o Luz Azul, porque é um projeto que leva bastante tempo para aplicarmos nas cidades. Também vamos lançar uma solução para o segmento bancário. Outra novidade é que desenvolvemos para a rede de supermercados Guanabara, no estado do Rio de Janeiro, um sistema inteligente que correlaciona o produto com a nota fiscal. A câmera capta a imagem do produto e da nota fiscal para certificar que é o mesmo produto. Dessa forma é possível saber se o operador de caixa passou um produto, mas entregou outro, por exemplo passou uma caixa de leite no leitor, mas entregou uma garrafa uísque para o comprador. Dessa forma é possível eliminar fraudes, roubos e furtos. Se ao final do dia foi constatado que está faltando quatro garrafas de uísque, o sistema vai analisar todos os caixas e fazer uma correlação entre a garrafa e a nota fiscal. Esse sistema, chamado ‘Ponto de Venda’ (POS), pode ser aplicado em diversas verticais, como bancos, aeroportos, eventos, entre outros.
Segurança Eletrônica: O que podemos esperar da Genetec em 2018?
Guy Chenard: Estamos mudando a empresa agora, a maneira que nos comunicamos com o usuário final, que vendemos, a forma que falamos com cada nicho do mercado. Queremos montar um grupo comercial que saberá qual a história de cada cliente, aeroporto, varejo, banco. Para o futuro, continuaremos a investir para manter a mesma taxa de crescimento (30% ao ano). Os países que focaremos mais é o Brasil, uma parte da África, Chile, Argentina e Colômbia.
Também mudamos a forma de vender, antes a pessoa comprava o software, instalava a solução e administrava tudo, agora é possível contratar o serviço ao invés do produto, dessa forma nós fazemos o projeto, instalamos os equipamentos, prestamos suporte e gerenciamos o sistema de segurança. São públicos distintos para cada modelo de negócio.
Segurança Eletrônica: E como vão investir no Brasil?
Guy Chenard: Acredito que estamos à frente de outras empresas no sentido de como falamos com o cliente final. Acabaremos o ano com um crescimento de 40% no Brasil, mesmo com a situação econômica do país. Estamos bem posicionados, temos inovação, os clientes finais nos aprovam, a questão agora é como vamos escalar tudo isso. Por isso vamos investir na construção de canais que vão nos ajudar a ir para outro nível nos negócios. Queremos parceiros que trabalharem de forma dedicada conosco e não empresas que atuem com diversas marcas, pois temos centenas de soluções e recursos, será necessário um trabalho grande de treinamento e alinhamento para formar esse parceiro. Nosso plano é lançar esse novo canal no segundo semestre de 2018.
Segurança Eletrônica: Como está o crescimento do Luz Azul?
Guy Chenard: O Luz Azul é um programa para aumentar a segurança pública sem custo para o órgão público. Usamos o compartilhamento privado x público para realizar isso. Já conseguimos implantar o projeto em diversos estados, como Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. É interessante que cada local aplicou o projeto de forma diferente. Em Campinas, por exemplo, começou com uma associação de postos de gasolina e agora está caminhando em direção ao setor público para implantar em escolas; na Amazônia teve início porque uma empresa parceira realizou um acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Amazônia e conseguiu aplicar em padarias, hotéis, praças e já conquistou um pouco de cada setor. E agora nosso objetivo é expandir cada vez mais o projeto por todo o Brasil.
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