Drones passam a ser usados com frequência por criminosos no Rio; autoridades buscam estratégias de combate

As notícias sobre o uso de drones por facções criminosas do Rio se tornaram mais comuns este ano, mas, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, há indícios de que essa ferramenta faz parte do poderio bélico das quadrilhas desde 2017, quando as primeiras informações chegaram a investigadores. No último dia 30, uma comissão de segurança pública reuniu policiais, militares, deputados e vereadores para um debate sobre o assunto na Alerj. A principal preocupação dos participantes estava no que chamaram de “contramedidas”, formas de combater o uso dos drones por criminosos, que acoplam até explosivos nos aparelhos.

O encontro começou com uma fala do secretário de Segurança Pública, Victor Santos, na qual afirmou não haver provas de que os drones tenham eficácia no lançamento de granadas.

“Nós não temos hoje, no Estado do Rio, um laudo pericial que comprove a eficiência de drones para lançamentos de artefatos explosivos. O que existe é uma investigação na Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos, iniciada após a 38ª DP (Brás de Pina) apreender um drone lança-granadas que parece ser o mesmo filmado por uma moradora do Quitungo”, disse o secretário.

Nos bastidores do evento, contudo, participantes disseram que as informações sobre uso de drones por criminosos no Rio é antiga, até mesmo como armamento. O desafio está na contenção desses dispositivos, usados em guerras mundo afora, como nos atuais confrontos entre Rússia e Ucrânia.

Após a participação do secretário, funcionários de setores de inteligência do estado apresentaram sugestões de contramedidas, como a compra de detectores antidrones. Jeter Gonçalves Quaresma, coordenador da Coordenadoria de Veículos Aéreos não Tripulados, destacou a necessidade de o poder público começar a adquirir esses equipamentos, explicando como funcionam:

“Há sistemas modulares, que interferem nas radiofrequências. Eles conseguem rastrear qualquer drone dentro de um determinado raio, identificando onde está o aparelho e a localização de quem está controlando o rádio de controle. Também conseguimos saber o local para onde o drone vai retornar”.

Equipamento de R$1,7 milhão

No debate, Quaresma citou o dispositivo Jammer, eficiente contra drones, mas capaz de afetar voos de aviões e helicópteros:

“O Jammer interfere na radiofrequência, mas ele não interrompe o funcionamento só do drone para o qual se planeja uma contramedida. Devido ao alcance, pode interferir em outros sistemas, como telefones e aeronaves tripuladas. É importante lembrar que nenhum desses dispositivos captura o drone, mas, sim, interfere na comunicação dele com o controle. Com ele, é possível fazer o drone pousar, por exemplo”.

Em novembro de 2023, a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap) articulava a compra de quatro fuzis antidrone para combater dispositivos que se aproximassem das cadeias. À época, cada equipamento estava avaliado em R$ 1,7 milhão. A aquisição está em fase de negociação.

O GLOBO pediu à Secretaria de Polícia Militar dados sobre as contramedidas, orçamentos e possíveis investigações. A resposta foi que os drones têm sido “de grande importância para o monitoramento aéreo do espaço urbano” e que o evento do dia 30 debateu a “evolução da utilização dos equipamentos e em busca de ganhos substanciais para a segurança da sociedade”.

Militar guiava drone do tráfico

O primeiro caso de drone em poder do tráfico foi noticiado em julho deste ano, quando uma moradora do Morro do Quitungo, na Zona Norte, filmou um equipamento que havia caído sobre a sua casa. Na gravação, a mulher fala: “Foram os meninos da Cidade Alta (no Complexo de Israel), tá me entendendo? Jogaram uma granada aqui, em cima do meu terraço”. Naquele mesmo mês, um outro vídeo revelou o lançamento de um explosivo por um drone, também na comunidade do Quitungo. A Polícia Civil apontou que o ataque teria partido do bando que atua no Complexo de Israel.

Em setembro, a Polícia Federal prendeu um militar da Marinha por suspeita de operar drones lança-granadas para Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca e Urso, traficante do Complexo da Penha. As investigações começaram após um ataque da facção realizado em fevereiro deste ano contra milicianos da comunidade da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio. O militar foi identificado como Rian Maurício Tavares Mota, de 26 anos. Ele foi preso no próprio local de trabalho e, em sua casa, no Complexo da Penha, a PF encontrou um bunker, onde havia equipamentos que lhe permitiam se esconder por dias seguidos.

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