Após faturar R$ 11 bilhões em 2022, mercado de segurança eletrônica projeta crescimento de 19% e avanço com IA

Marco Barbosa, diretor da Came do Brasil, diz que quadro de violência no país motiva expansão e prevê que nova tecnologia mudará perfil de projetos

A pesquisa Panorama de Mercado, divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), confirmou um crescimento de 18% do setor no país em 2022, ano em que também contabilizou um expressivo faturamento de R$ 11 bilhões. Assim, esse segmento também superou o seu nível de desenvolvimento de 2021, quando teve uma expansão de 14%. Ao revelar esses números, a entidade enfatizou que a evolução é um reflexo da renovação dos produtos já implantados em projetos antigos e dos avanços proporcionados por meio dos recursos modernos da inteligência artificial e das novas tecnologias de telecomunicação, como o 5G, além da adesão dos condomínios à instalação de novas portarias remotas.

Ao analisar esse panorama, Marco Barbosa, diretor da unidade brasileira da Came, líder mundial em equipamentos de automação de acesso, afirmou que a violência e o aumento dos índices de criminalidade no Brasil estão impulsionando a busca por maior proteção, ano após ano, e consequentemente essa procura tem mantido esse segmento altamente aquecido. “No meu ponto de vista, a situação hoje no Brasil propicia que esse mercado de segurança esteja em constante expansão. Se a gente for pegar os últimos anos, tivemos um crescimento importante, muito maior (proporcionalmente) do que o crescimento da economia do país como um todo. A gente percebe o interesse das pessoas de terem um recurso adicional para se protegerem ou para proteger o seu patrimônio. A situação e sensação de falta de segurança obrigam as empresas a investirem em produtos e serviços”, ressalta Barbosa.

O executivo da Came, que também é especialista em segurança, destaca que os principais sistemas de proteção usados atualmente no Brasil são os de monitoramento com circuito fechado de televisão (CFTV), de controle de acesso e de alarmes contra intrusão, incêndio e para resguardo de produtos. E ele aponta que esse setor tem crescido ao superar, sem grande sofrimento, as dificuldades impostas pelo cenário financeiro do país, agravado pela elevação contínua da inflação e prejudicado recentemente pela pandemia do novo coronavírus. “Esse setor cresce a cada ano um pouco mais, apesar da economia do país. Sente os efeitos da conjuntura econômica, mas muito pouco, pois as pessoas sempre buscam a segurança, e o Brasil tem se modernizado rapidamente dentro desse mercado para atender à demanda grande que o país possui em meio aos seus altos índices de criminalidade e violência”, completa.

Em 2022, a Came, segundo o diretor, cresceu quase 20%. E a expectativa é manter essa alta em 2023, quando a Abese projeta uma expansão de 19% no mercado de segurança eletrônica. Para este ano, a Came do Brasil irá ampliar o seu portfólio de equipamentos, apresentando todas as novidades durante a próxima Exposec, feira internacional de segurança que será realizada entre os dias 13 e 15 de junho, em São Paulo.

Ciente de que a Came precisa se manter atualizada e tentar oferecer sempre o que há de mais moderno à disposição em produtos e serviços, Barbosa exalta a importância dos novos avanços tecnológicos e prevê que as ferramentas de inteligência artificial vão ajudar a alterar, em um futuro próximo, o perfil dos projetos de vigilância que existem atualmente ao torná-los cada vez mais autônomos e menos dependentes de serem operados com condução humana.

“É muito difícil prever o que será possível se fazer com essa nova tecnologia e qual estágio ela poderá alcançar, mas é certo que o seu avanço constante vai promover uma ruptura, uma quebra de continuidade, pois propiciará um novo sistema de serviço e modificará toda a base que a gente tem hoje para a sua execução. Isso também porque a inteligência artificial possui uma abrangência muito grande e consegue trazer respostas e soluções para os problemas muito mais rapidamente do que anteriormente imaginávamos que seria possível”, enfatiza o especialista. “Os sistemas de monitoramento de segurança, por exemplo, acredito que em um futuro próximo serão feitos mais por meio da inteligência artificial. Porém, da mesma forma que ela deverá substituir grandes serviços humanos, as pessoas seguirão importantes para fazer o que a máquina ainda não tem condições de realizar, que é a tomada de decisão com um olhar que analisará os dados para promover ações com maior assertividade”, reforça.

Indústria puxa crescimento do setor

Esse último levantamento divulgado pela Abese também apontou que o setor de segurança eletrônica é composto hoje por mais de 33,5 mil empresas no Brasil e destacou que, juntas, são responsáveis por gerar um milhão de empregos diretos e mais de três milhões indiretos. E o grande motor do segmento é a indústria, que, segundo a pesquisa da entidade, tem 90% das suas companhias dispostas a contratar funcionários no regime CLT para atuar em áreas técnicas. Para completar, 72% dos membros desse mercado abriram vagas em departamentos comerciais e 54,5% em cargos administrativos.

“Eu acredito que a projeção de crescimento de 19% desse setor para 2023 está condizente com o que é o mercado de segurança do país atualmente. A tecnologia não é um produto estático, ela exige constante atualização, de equipamentos e serviços. E quando falamos de segurança, a única certeza que temos é a de que os criminosos estão tentando burlar os sistemas existentes. A sensação de insegurança obriga as pessoas a investirem em proteção. Se não ocorrer nenhum fato abrupto que mude esse cenário, a tendência é a de expansão desse segmento”, ressalta Barbosa, comentando ainda outro dado revelado pela Abese, de que a indústria foi o campo da segurança eletrônica que mais cresceu em 2022, com 22% de evolução.

Em meio às necessidades de se adaptar às novas tecnologias e oferecer equipamentos e serviços melhores contra a criminalidade, a indústria é responsável pela parte de hardware e de software, sendo a geradora de produtos que vão propiciar que a cadeia do setor se movimente. E ela movimenta não só a parte de mão de obra, como também a de produção. As empresas, que estão preocupadas em permanecer no mercado, são praticamente obrigadas a investir em tecnologia e pesquisas para atualizar equipamentos ou para lançar novos produtos”, finaliza o especialista.

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