Avantia mira expansão com monitoramento inteligente de usinas solares

Foco da companhia recai na predição de ocorrências e anormalidades detectadas a partir da inserção de Inteligência Artificial nas câmeras operacionais, adaptando o que foi visto em outros países para realidade brasileira

A Avantia vem investindo seus esforços no desenvolvimento de monitoramento inteligente para usinas de geração renovável, prevendo um crescimento importante nos próximos anos para suas soluções integradas e que prometem melhorias e eficiência nas operações. O mercado de energia vem sendo um dos segmentos que mais crescem na estrutura da companhia, representando cerca de 25% do faturamento atual.

Em entrevista à Agência CanalEnergia, o diretor de Novos Negócios e Estratégia da empresa, Alexandre Chaves, disse que o foco está em desenvolver tecnologias para o monitoramento preditivo de ocorrências e anormalidades detectadas a partir da inserção de Inteligência Artificial nas câmeras operacionais das corporações, trazendo o que foi visto em outros países para adaptação à realidade brasileira.

“As câmeras trabalham como olhos do proprietário, identificando comportamentos e posturas que possam ser encaradas como potencial risco, o que confere uma capacidade de resposta muito antecipada”, destaca o executivo.

Ele salienta que usinas em áreas rurais enfrentam desafios únicos em relação à segurança e condições climáticas extremas, com as dificuldades de acesso podendo tornar o monitoramento e a prevenção de acidentes uma tarefa difícil. E que atualmente um ativo de geração pode ter um sistema autônomo e funcionar sem pessoas in loco, trazendo segurança, eficiência, custos e impacto ambiental reduzidos, além de menores intervenções humanas.

A tecnologia vem sendo trabalhada há pelo menos três anos pela fabricante, mas agora os negócios estão aflorando com maior intensidade, apesar de ver o ápice ainda longe, sobretudo quando se fala no mercado fotovoltaico. São cerca de 200 UFVs e subestações monitoradas por todo país em número dinâmicos, com um grupo empresarial trazendo 100 usinas, por exemplo.

Alexandre Chaves é oriundo da C4i Inteligência em Segurança, que foi adquirida pela Avantia no ano passado como um reforço ao braço de manutenção preventiva que já acontecia nas áreas de Distribuição, Transmissão e Geração de usinas térmicas, hídricas e eólicas. Outra aquisição recente foi da WeSafe, que nasceu para atender as demandas de analíticos de I.A da própria companhia e cresceu sua estrutura no Porto Digital do Recife.

Cardápio de tecnologias

Além de atender aos requisitos de infraestrutura, soluções por meio de softwares são criadas e podem se adaptar as necessidades de cada perfil de cliente, apesar da companhia pautar sua estratégia por alguma dor comum ao setor elétrico. Esses programas destinados aos centros de controle não só recebem todas as informações coletadas das operações, como também geram relatórios, análises de processos e indicadores de desempenho em tempo real, além de fiscalizarem possíveis invasões e incidentes nos estabelecimentos industriais.

“Estamos crescendo num ritmo acelerado e vemos várias situações que acabam tendo desdobramentos em relação a segurança de proteger o patrimônio, mas também em relação à vida dos colaboradores ou das comunidades do entorno”, ressalta Chaves.

Com a utilização de câmeras de segurança e térmicas, é possível monitorar continuamente o risco de superaquecimento de componentes e prevenir acidentes e cortes de fornecimento de energia. Outra ferramenta oferecida são os drones, que cuidam de áreas remotas e de difícil acesso, além de terem sensores que permitem a coleta de dados em tempo real, auxiliando na identificação de áreas de risco e prevenção de acidentes.

“Oferecemos tecnologias variadas capazes de identificar incidentes nos perímetros, movimentações indevidas de pessoas ou veículos, sons incomuns, podendo enviar drones ao local do incidente para analisar a situação e auxiliar no controle ou intervenção dos riscos, por exemplo”, pontua Chaves.

O “cardápio de tecnologias” que vem sendo incorporado possui inspiração nas forças armadas, como um sensor de mina terrestre visto em Israel para ser colocado em uma usina visando a detecção de alguma pessoa indevida caminhando pelo local. “Somos integradores de soluções para locais imensos e distantes, sendo interessante ter sistemas persuasivos em voz e alertas sonoros aplicados nas câmeras ou no próprio drone até a polícia chegar”, analisa.

Fator cobre e cibersegurança

Segundo o executivo, o principal problema enfrentado pelos investidores têm sido o roubo de cobre, um dos materiais mais caro em um usina, e que traz riscos à vida de colaboradores e pessoas do entorno, além de prejuízos ao funcionamento do empreendimento. “O roubo do cobre virou febre no Brasil, parece ouro, num problema gravíssimo de pessoas que muitas vezes pulam o local para o furto do material,” aponta.

Outro ponto é garantir que uma pessoa não autorizada entre no local, com robustos controles de acesso via reconhecimento facial e I.A para ativos que em muitas vezes não terão nenhum colaborador. Já com relação a segurança cibernética, a área é tratada como uma simbiose de diversos temas a partir da mudança do meio analógico para o digital, com questões de LGPD e de ataques de invasores.

“Nosso papel é entregar e garantir a segurança de nossas soluções, criando linhas seguras via VPN com os clientes”, pontua, afirmando que todos os projetos possuem uma parte relacionada a cibersegurança dos dados, lembrando de um caso recente em que um hacker conseguiu entrar na rede da câmera de uma companhia de energia.

Outro destaque feito pelo diretor da Avantia como desafio futuro é a conectividade com o advento do 5G, que irá trazer melhorias e unir regiões onde não chegava internet ou fibra ótica. Ademais a companhia possui planos de expandir sua atuação para o mercado externo. “Temos todos os ingredientes para sonhar alto e entrar no mercado internacional é questão de tempo”, conclui o executivo.

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