Hering é processada por uso de reconhecimento facial sem consentimento
A loja conceito da Hering, a Hering Experience, localizada no Morumbi Shopping, em São Paulo, apresenta algumas tecnologias para melhorar o modo de consumo de seus produtos. O estabelecimento possui câmeras de reconhecimento facial que captam as reações dos clientes às peças expostas pelo local. Além disso, sensores identificam quais os locais de preferência do cliente ao circular pela loja.
À primeira vista, toda essa tecnologia pode ser usada para personalizar ofertas e entender o perfil de compra dos clientes, mas o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) encara essa prática com outros olhos.
Foi instaurado um processo pelo órgão, que investiga indícios de coleta de dados dos clientes sem o seu consentimento prévio. A ação judicial prevê que a empresa deverá ser intimada a prestar esclarecimentos sobre o destino dos dados coletados. Os órgãos de justiça querem entender com quem seriam compartilhadas essas informações.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) acredita que essa prática oferece um grande risco à privacidade dos clientes que frequentam a loja. Caso a Hering seja considerada culpada das acusações, a empresa poderá ser multada em até R$ 97 milhões.
Procurada para prestar esclarecimentos, a Cia Hering, gestora da marca, afirmou que “diferentemente do que foi apontado, [a Hering] não realiza reconhecimento facial, mas, sim, detecção facial, por meio do qual estima apenas o gênero, a faixa etária e o humor dos consumidores, de forma anônima”.
Esses dados, segundo a empresa, “não são tratados, armazenados ou compartilhados com terceiros”, sendo as informações “meramente estatísticas” e usadas para entender os padrões de consumo da loja. “Sendo assim, não é necessário que se obtenha consentimento prévio do consumidor, assim como também afirma não haver violação dos direitos dos seus clientes”, diz a Hering.
O reconhecimento facial em estabelecimentos é um assunto que ainda é bastante discutido. Na Câmara dos Deputados, um projeto em tramitação obriga estabelecimentos que utilizam a tecnologia a informarem seus clientes por meio da fixação de placas e adesivos indicando sobre a prática de reconhecimento facial presente no local.
Via: O Globo
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