7×1 e a Catarse Brasileira

Por Renato Vicente

Tudo começa a vir à tona desde o fatídico dia 08 de julho de 2014. Olha que já se passaram quatro anos do ocorrido e ainda assim parece que está entalado na garganta do povo brasileiro. Não só isso está engasgado, como também todo o pesadelo que veio na sequência: Operação Lava Jato, impeachment, troca de governo, altas e baixas no câmbio, queda no preço das commodities, desaceleração do pré-sal, e por aí vai. O sonho do Brasil ser hexacampeão da Copa do Mundo acabou e nos deparamos com a realidade da vulnerabilidade moral e econômica.

Ainda sofrendo o impacto da recessão, o empresariado brasileiro segue abatido. Com suas margens reduzidas, efetivo menor, trabalho dobrado e, ao mesmo tempo, buscando de alguma maneira ter resiliência para encarar os novos tempos no pragmático admirável mundo novo.

Junto com tudo isto, novos ventos trazem consigo também a mudança do comportamento nos padrões de consumo e o nascimento do conceito startup, quebrando tabus já bastante conhecidos que não cabem aqui ressaltar.

Um outro ponto bastante impressionante no mercado de startup, é a velocidade com que produtos são lançados e descontinuados, tudo dentro do novo conceito criado no Vale do Silício, o MVP – Minimum Viable Product (Produto Mínimo Viável). Na prática, trata-se de uma nova maneira de lançar produtos de forma bastante acelerada, analisar sua viabilidade econômica e arrumar as coisas no meio do caminho. Sendo o mais direto possível, este conceito empregou uma quebra de paradigma tanto no mercado de tecnologia quanto no segmento de Segurança Eletrônica.

Empresas tradicionais que carregam em sua marca e em seus laboratórios (testes de viabilidade) como valor agregado, viram-se confrontadas com uma excessiva oferta de soluções sem precedentes e queda vertiginosa das margens, justamente em um período de extrema vulnerabilidade econômica.

Hoje, pouco tempo depois do início da nossa catarse, viram-se diante da bipolarização e da comoditização dos equipamentos e soluções sobre protocolo IP. De certa forma essa nova realidade traz consigo uma massificação da disponibilidade de novos equipamentos, com ganhos consideráveis na resolução das imagens e queda nos preços, além de servir toda a cadeia de integradores com produtos mais acessíveis e um mercado muito mais competitivo. Diante de tanta oferta e redução das margens, a seguinte reflexão vem à tona:

Como agregar valor ao meu negócio, quando observamos tantas ofertas similares, de modo a colocar em posição de destaque frente aos concorrentes? Conhecer e integrar soluções é um ponto bastante importante neste processo.

Conhecer o mercado para qual se integra estas soluções nos coloca em um outro patamar competitivo. Entre tantos caminhos, o lucro certamente virá na especialização das soluções arquitetadas para verticais, cujo o valor percebido do que se entrega, provoca um impacto imediato nas operações e nos processos. Fazer mais com menos, buscando sempre a eficiência nos serviços.

Neste processo dinâmico de adaptações e mudanças da disponibilidade de oferta de produtos, especializar-se e segmentar sua atuação em nichos de negócios no qual domina-se uma solução, tem garantido a tão sonhada margem. Diante deste cenário de queda e mudanças, a rentabilidade passou ser o custo da sobrevivência.

Passados estes quatro anos desde o início da nossa catarse, temos pela frente uma nova oportunidade de disputa. Não me refiro a uma nação de chuteiras em pleno ano de Copa do Mundo fazendo uma alusão ao fatídico 7×1, pois este mito já fez esvair-se a esperança, assim como tantos outros. Esta nova disputa a que me refiro nos remete à oportunidade de ratificarmos que atualmente somos aquilo que entregamos e não mais o que compramos.

Renato Vicente atua há 23 anos no segmento de Segurança Eletrônica. É administrador de empresas com especialização em análise de risco em Tel-Aviv – Israel. Também é especialista em Canais de Vendas e Distribuição, amante de Jazz e estudante de psicanálise.

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