Segurança é uma condição existente

Todo e qualquer local destinado à atividade humana possui uma condição de segurança existente, resultado da combinação, consciente ou não, de uma série de fatores, que em conjunto, resultam em um Sistema de Segurança, cujo objetivo é proteger pessoas e ativos.

Considerada na indústria uma atividade de apoio e não de linha, os principais executivos das empresas não lhe prestam, por este motivo, a devida atenção. Entretanto, a Segurança Patrimonial oferece inúmeras oportunidades de melhorias e redução de custos operacionais. O primeiro passo é caracterizar a condição de segurança corrente e o que se objetiva proteger. É usual que a segurança esteja sobrecarregada de atividades que não agregam valor aos seus objetivos, consumindo demasiados recursos que poderiam ser economizados ou empregados em atividades coerentes com aqueles objetivos.

Tradicionalmente baseada em recursos humanos, ou seja, na ação direta de porteiros, vigias e vigilantes, para identificar, prevenir, conter e combater ameaças, a segurança sempre considerou como secundários outros recursos disponíveis para sua atuação, quando deveria ser exatamente o contrário. Estes outros recursos, principalmente os relativos à arquitetura, tecnologia e métodos, são aqueles que combinados adequadamente, proporcionam o ambiente operacional seguro e permitem o dimensionamento dos recursos humanos.

Ambiente operacional seguro é aquele em que estão disponíveis os recursos necessários e suficientes para garantir o cumprimento de procedimentos estabelecidos, com eficiência e proteção dos operadores. Onde todos os recursos estão adequadamente combinados, a segurança pode desenvolver seu trabalho com menos improvisações, menores variações, mais previsibilidade, mais atenção e menores riscos, com menor consumo de horas.

O Sistema de Segurança resultante deste equilíbrio de fatores fundamentais, além de oferecer uma condição de segurança superior, também resulta em menor consumo de horas/homem, pois diversas atividades são automatizadas pela tecnologia, enquanto a arquitetura garante as barreiras e direciona o fluxo de pessoas, veículos e cargas. Estas significativas economias de horas/homens são aproveitadas para a redução dos custos operacionais ou para o desenvolvimento de outras atividades mais produtivas para a segurança.

Recursos humanos

Eliminar postos de forma simples ou indiscriminada pode resultar em degradação da condição de segurança. O recurso humano presencial é necessário em muitas situações e é indispensável em outras, quando sua presença é condição si ne qua non para execução de certo procedimento ou etapa de um processo, e estes devem ser identificados e mapeados. Trata-se de colocar as pessoas nos lugares e funções certas, onde a demanda assim o exige. O objetivo final deve ser que o corpo de segurança atenda por demanda.

Tecnologia

Automatizam-se processos, procedimentos e expande-se o alcance da atividade humana. Permite que hoje, apenas um operador, de uma posição protegida, possa realizar extenso trabalho de vigilância e controle, e muitas vezes de intervenção direta remota em eventos, que, em tempos passados, deveriam ser realizados por muitos homens agindo em conjunto. Trata-se das medidas de segurança ativa, compostas por dispositivos, sensores, equipamentos, e sistemas que necessitam de alimentação elétrica ou algum acionamento mecânico para funcionar. Estes precisam, portanto, ser estimulados para funcionar, detectando, alarmando e tomando providências num eventual sinistro. Entram nesta categoria os equipamentos eletroeletrônicos e mecânicos de segurança, sistemas, softwares e infraestrutura de transmissão e armazenamento de informações (hardware e software).

Arquitetura

Trata-se do aproveitamento eficiente de barreiras físicas, direcionando os fluxos de pessoas, veículos e cargas, bem como do posicionamento dos pontos de controle e acesso a áreas críticas. Qualificam-se nesta área, as medidas de proteção passiva, aquelas incorporadas à construção e que não dependem do seu acionamento para o desempenho de suas funções, cuja simples presença já garante uma função necessária ao sistema, de inibição e contenção de ações indesejadas e também aquelas que ensejam maior visibilidade e domínio do campo, vigilância natural e proteção de alvos.

Métodos

Significa o conjunto consolidado de normas, códigos e procedimentos, que devem ser seguidos para se atingir determinados objetivos, no caso a operação de um ambiente seguro. Devem ser escritos e revistos periodicamente, conforme a evolução dos meios disponíveis e das situações reais. Muitas vezes encontramos operações executadas sem estarem devidamente documentadas, com muitas variações dependentes de quem as está executando no momento. Aplicamos e recomendamos que sejam aplicados aos métodos de segurança os conceitos de Lean Manufacturing, Produção Enxuta (ver também STP- Sistema Toyota de Produção), mapeando e identificando métodos que agregam valor à segurança e refazendo ou eliminando o que for supérfluo.

As diversas áreas que compõe as operações de uma organização empresarial ou empresa industrial e seu inter-relacionamento, com suas complexidades e extensões específicas, em grande ou reduzida escala, demandam o desenvolvimento da tradicional segurança patrimonial em especialidades cada vez mais dirigidas a necessidades de cada uma daquelas áreas e no esforço para conseguir sistemas abrangentes. Cada área possui seus ativos a serem protegidos e, muitas vezes, um mesmo ativo se encontra em diversas condições de segurança. Cada especialidade da segurança como, inteligência, segurança física patrimonial, segurança de transporte de produtos e valores, segurança da informação, segurança de pessoas chave, segurança de eventos, entre outras, têm hoje extensos recursos tecnológicos, cada vez mais disponíveis e especializados, técnicas de gestão modernas e consolidadas e vale destacar, recursos educacionais, visto que a previsão de comportamentos humanos se torna cada vez mais crítica nos processos.

Reduzindo nosso foco para a Segurança Física Patrimonial, observamos em diversas organizações e plantas industriais, a recorrente concentração de custos operacionais nas operações de controle de acesso e vigilância. Pela nossa experiência, as organizações dispendem nestas atividades, cerca de 70% a 80% de seus orçamentos de segurança, em custos visíveis ou ocultos, com inúmeras oportunidades de redução.

Este olhar abrangente, holístico, da segurança física, tem nos permitido obter expressivos resultados de redução de custos de propriedade, operação e manutenção da segurança, em organizações de diversas naturezas, identificando, analisando e aproveitando oportunidades de melhorias.

Abordagem

Nossa abordagem consiste em olhar a operação da segurança física patrimonial do ponto de vista de seus operadores, avaliando o custo x benefício dos procedimentos adotados e a disponibilidades de recursos para sua realização eficiente, considerando em conjunto Arquitetura, Tecnologia e Métodos.

1. Conhecer e Entender

Levantar informações, visitar o local, observar, conhecer e registrar a operação.

2. Avaliar e Identificar

Avaliar se a condição existente da segurança patrimonial é suficiente ou não para proteger aquilo a que se destina, e onde se encontram suas eventuais vulnerabilidades, identificando as oportunidades de melhorias, com redução de custos.

3. Propor e Prever

Formular uma visão de como poderia funcionar a segurança com a incorporação das melhorias, em uma condição de segurança mais elevada, ao mesmo tempo em que são estimados os custos de implementação, os resultados previstos e os investimentos envolvidos, sinalizando a prioridade e o retorno destes investimentos.

Assim como em outras áreas que dependem de mão de obra, a segurança das empresas tende a empregar o conceito de “quanto mais, melhor”, muitas vezes ampliando o máximo possível o quadro de pessoal. Raros os casos onde os profissionais internos questionam o que está sendo demandado como condição de segurança e, quando o fazem, ainda mais raros aqueles que buscam minimizar seu quadro de pessoal. Normalmente o embate corporativo está em solicitações de cortes “de cima para baixo” e a área de segurança efetua simples cortes de pessoal, porém registra que “não tem como garantir” o mesmo nível de serviço e segurança.

O especialista externo possui a isenção para questionar o resultado que se objetiva e o que de fato ocorre na segurança da empresa e, apresentando melhores práticas e implementações realizadas em outros casos, busca a solução mais econômica e efetiva, balanceando eficientemente os recursos.

Percival Barbosa é Arquiteto e Consultor para Segurança. Desenvolve técnicas de proteção física para segurança patrimonial, pesquisando modalidades de crimes, analisando vulnerabilidades e propondo a aplicação de Arquitetura, Tecnologia e Métodos, como as principais ferramentas para redução de vulnerabilidades na proteção de ativos, reconhecidas internacionalmente como Prevenção do Crime pelo Desenho do Ambiente ou CPTED (Crime Prevention Through Environmental Design).

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