Nova Orleans quer instalar 1.500 câmeras por toda a cidade

A cidade de Nova Orleans, nos Estados Unidos, tem uma das maiores taxas de assassinado em comparação a qualquer outra cidade americana, segundo o The New York Times. Foram registrados 157 assassinatos em 2017 – o dobro do que Nova York, cuja população é 20 vezes maior. O ano anterior foi pior, com 174 assassinatos.

Os policiais, sobrecarregados com o problema de crime violento aparentemente intratável, estão estudando um plano para criar um dos maiores sistemas de monitoramento por vídeo para uma cidade americana de tamanho médio, a instalação de 1.500 câmeras de vigilância por toda a cidade.

O plano exigiria que todas as empresas que possuíssem uma licença para vender bebidas alcoólicas deveriam instalar câmeras de segurança voltadas para a rua e conectá-las a um centro de monitoramento em tempo real supervisionado pela cidade.

Mas, juntamente com questões de liberdades civis, a proposta suscitou preocupações de que a vigilância de alguma forma invadiria a privacidade das pessoas.

A polícia diz que as transmissões ao vivo e as gravações seriam usadas principalmente para resolver crimes violentos, mas alguns moradores dizem que o monitoramento pode afastar os turistas, principalmente aqueles que vão a cidade para aproveitar as festas e não querem ser vigiados.

A American Civil Liberties Union (em português, União Americana de Liberdades Civis) não apoia a proposta. O grupo se opôs ao sistemas de monitoramento de vídeo generalizado em cidades como Chicago e Nova York, e apresentou objeções semelhantes ao plano de Nova Orleans. Segundo eles, isso ameaçaria os direitos de privacidade, teria um ‘impacto racial disparado’ em pessoas de cor e ‘ameaçaria desfazer muitos dos progressos feitos para fortalecer os laços de confiança entre a comunidade e a polícia’.

“Temos uma vida pública muito vibrante, onde as pessoas se sentem livres para se expressarem em público”, disse Bruce Hamilton, advogado da American Civil Liberties Union. “Todos de portam diferente quando sabem que o governo está assistindo, por estarem sendo observados as pessoas mudarão a maneira de agir”.

Já o superintendente da polícia, Michael S. Harrison, tem uma opinião diferente. “Eu não acho que vai mudar a natureza da cidade”, disse ele. “O que vai mudar são os criminosos, que caso queiram cometer crimes violentos contra outros cidadãos, pensarão de maneira diferente”.

O plano das câmeras faz parte de uma revisão de segurança mais ampla que a administração do prefeito Mitch Landrieu anunciou em janeiro do ano passado, após um tiroteio em massa na Bourbon Street, a rua mais famosa de Nova Orleans. No entanto, a proposta atraiu uma grande quantidade de críticas, e a administração diz que está ajustando o documento antes de ser apresentado perante a Câmara Municipal.

O amplo plano de segurança pública anunciado no ano passado, que incluiu uma versão inicial do plano das câmeras de monitoramento, discutiu a tomada de medidas para “reduzir a cultura da permissividade” em Nova Orleans. Uma das ideias era obrigar os estabelecimentos a fechar suas portas às 3 da manhã (embora pudessem continuar atendendo clientes), mas o projeto já foi arquivada após uma enxurrada de críticas.

E há dúvidas sobre a efetividade do projeto. O “Monitor de Crime Independente” da cidade escreveu uma carta aos membros do conselho em novembro, citando estudos que mostram que os programas de monitoramento de vídeos em outros lugares muitas vezes tiveram pouco efeito sobre o crime violento.

A carta observou que “o uso abusivo e desenfreado das soluções já se apresentou dentro de sistemas similares nos Estados Unidos”, e citou um relatório de monitoramento de Londres que encontrou abusos como tendência a monitorar demais os negros.

Embora o direito de propriedade privada ainda esteja sendo debatido, Nova Orleans já está instalando dezenas de câmeras e leitores de placas de veículos em propriedade pública. No outono passado, a cidade abriu um Centro de Monitoramento do Crime em Tempo Real, com uma enorme parede de telas mostrando feeds de vídeo de cenas de rua.

Aaron Miller, diretor da Homeland Security e Emergency Preparedness da cidade (em português Segurança Interna e Preparação para Emergências), disse que a ideia foi parcialmente inspirada no Projeto da Genetec chamado Green Light de Detroit, que permite que as empresas estabeleçam câmeras de vigilância que se alimentam de um sistema de monitoramento da cidade. Esse sistema, porém, é voluntário.

Miller disse que, quando um despachador da central da polícia em Nova Orleans receber um relatório sobre um crime grave, o software no centro de monitoramento chamará automaticamente o vídeo das câmeras mais próximas da cena.

Se o plano mais amplo continuar, a polícia também poderá aproveitar rapidamente as câmeras dos empresários, que serão obrigadas a manter 14 dias de armazenamento online. O Sr. Aaron disse que o próprio centro estava sob vigilância por vídeo e que o uso de imagens de vídeo é automaticamente registrado e monitorado como uma precaução contra abusos.

Alguns defensores locais dos imigrantes estão preocupados com o fato de os funcionários federais tentarem usar o sistema para descobrir pessoas sem documentação. Mas o superintendente Harrison disse que não permitiria isso. “As pessoas não estão sob vigilância. Queremos deixar isso claro”, explicou.

Longe da trilha turística, no entanto, as opiniões não são unânimes. De sua varanda, o trabalhador de Upper Ninth Ward, Kelby Reed, de 31 anos, gesticulou para o estacionamento de uma loja a poucas portas dali. “Essa loja teve alguns tiroteios e outros incidentes antes, então o projeto pode ajudar a monitorar esses crimes”, falou Reed sobre a proposta da câmera.

Katherine Prevost, chefe da associação de vizinhança, disse que as câmeras podem ajudar a fornecer evidências sobre crimes violentos quando os moradores locais estão relutantes em chamar a polícia. “Eles poderiam colocar câmeras em todos os lugares. Se você está fazendo a coisa certa, as câmeras não vão incomodar”, disse Katherine.

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